OIT E SEMED MANTÊM PARCERIA PARA ELIMINAR TRABALHO INFANTIL
Cyntia Ramos, consultora da OIT (Organização Internacional do Trabalho) esteve em Marabá para ampliar o diálogo com professores da rede municipal de educação sobre como discutir o tema trabalho infantil em sala de aula. A formação ocorreu na última sexta-feira, 22, no auditório da Semed.
Segundo ela, diálogo busca desenvolver a formação de educadores, coordenadores e profissionais de educação em geral na metodologia ECOAR (Educação, Comunicação e Arte na Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente), principalmente com enfoque no trabalho infantil.
Cyntia lembra que existe um programa de colaboração entre a OIT, MPT (Ministério Público do Trabalho e Prefeitura de Marabá, através da Semed, para oferecer capacitação dos professores da rede municipal, buscando aprimorar a capacidade deles, tanto na identificação quanto na abordagem do tema dentro da sala de aula com crianças e adolescente. “Isso tudo faz parte da Agenda de Trabalho Decente da Região de Carajás, após compromisso dos municípios da região com a OIT, para que o trabalho infantil seja tratado como uma das prioridades para enfrentamento das violações de direitos”, ressalta.
Cynthia explica que uma das principais questões que busca abordar com os educadores é a importância de trabalhar em rede, com boas informações interligadas. De acordo com ela, o professor é quem está diretamente conectado ao aluno e muitas vezes é a única experiência de contato entre o menor e o poder público. “A criança que trabalha tem, tradicionalmente, uma performance escolar inferior ao da criança que não trabalha, porque mostra sinais de cansaço e até de abuso físico”, ressalta, orientando que nestes casos seja acionado o Conselho Tutelar e até o sistema de saúde para resolver agravo à saúde por causa do trabalho infantil.
A representante da OIT observa, ainda, que os municípios da região de Carajás entenderam que deveriam reconhecer que o trabalho infantil é parte de um problema que envolve ações para toda a família e não só para as crianças. “As ações devem ser focadas na educação e proteção social e em estratégias que promovam o trabalho decente para as famílias e para os jovens que têm idade para trabalhar, reduzindo a exploração de mão de obra infantil para o sustento das famílias”, explicou.
Ela esclarece que o trabalho infantil é caracterizado sempre pela situação de exploração da mão de obra da criança para obter lucro, o que é diferente de atividade educativa em que ela desenvolve tarefa de arrumar o próprio quarto, ajudar com animais de estimação ou lavar louça, por exemplo. “Isso é parte do processo de educação do ser humano, mas as crianças não podem ir para rua para vender produtos. Isso expõe os meninos ou meninas a uma situação de vulnerabilidade, tornando-se sujeito a outros tipos de exploração, como a sexual”, exemplifica.