Gente cuidando de gente: O fascínio de seu Gabriel pelas orquídeas cativa visitantes do Orquidário da FCCM
Eu fico muito feliz quando as pessoas chegam aqui, acham o lugar gostoso, se sentem bem, aprendem. Isso aqui é uma terapia, com certeza (Seu Gabriel)
Sem dúvidas, quem chega no Orquidário da Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM), sai de lá encantado pelas variadas espécies expostas neste santuário de plantas. Porém, algo muito mais cativante marca cada visita ao local. Trata-se do seu Gabriel Oliveira, que tem 86 anos, mas a incrível memória, disposição e carisma tornam-no um jovem da terceira idade e o fazem querido por todos os que o conhecem.
“Desde que eu visitei pela primeira vez o orquidário, eu e seu Gabriel já fizemos amizade. Ele sempre interage e trata muito bem todos os que vão por lá. Ele pega as orquídeas, mostra para as crianças, inclusive já levei meu filho lá para conhecer. Às vezes, eu trago amigos e sempre os levo lá no orquidário”, é a visão que tem o servidor da FCCM, Maricélio Medeiros, de 46 anos. Ele ainda revela que sempre troca ideias sobre conhecimentos com seu Gabriel, já que possui formação em Ciências Biológicas e, dessa forma, há uma afinidade maior ainda com as plantas.
“Às vezes, quando eu passo lá na frente, ele me chama para olhar algo novo, como uma orquídea que desabrocha e trocar conhecimentos sobre elas. Aí, a gente vê que ele cuida das orquídeas muito bem. Há um sentimento muito grande com elas. Ele faz o trabalho dele com amor”, elogia Maricélio.
Seu Gabriel nasceu em 5 de novembro de 1936, em Londrina, Paraná, e a relação dele com as orquídeas vem lá da terra natal. No primeiro emprego, aos 14 anos, ouvia muito falar sobre espécies de orquídeas por meio do gerente, o qual possuía um orquidário em casa. Fato que o fez começar a pesquisar um pouco sobre o tema.
“Mas em 1976, eu ganhei umas mudas de um fotógrafo que adorava orquídeas. Até exposições fotográficas ele fazia. A partir daí, comecei a comprar outras para colecionar e, 20 anos depois, eu já tinha mais de 4 mil mudas”, conta.
Em 1989, seu Gabriel conheceu Marabá pela primeira vez, por meio da filha, que casou e mudou-se para cá. Na época, trouxe consigo algumas mudas para doação. “Nessa viagem conheci o Noé, o então diretor da Casa da Cultura, e já existia esse orquidário aqui. Então, resolvi doar as mudas trazidas do Paraná”, narra.
Seu Gabriel retornou à Marabá durante várias vezes, mas, só em 2013, o aposentado resolveu mudar com a esposa. E adivinha o que ele trouxe? Sim, o seu grande santuário de orquídeas veio quase todo com ele para cá. Pena que algumas não se adaptaram ao clima, mas boa parte delas sim. 2 anos depois, em 2015, seu Gabriel foi convidado a trabalhar no Orquidário Margareth Mee, da FCCM, o qual possui mais de 1200 exemplares, onde ele não apenas cuida, mas transmite tudo o que sabe e o que sente, aos visitantes.
“É uma coisa que faz bem para minha mente, e eu fico muito feliz quando as pessoas chegam aqui, acham o lugar gostoso, se sentem bem, aprendem. Isso aqui é uma terapia, com certeza. O orquidário faz a parte dele e eu faço a minha. Interajo, ensino e falo de Deus, porque isso tudo aqui é obra d’Ele e as plantas transmitem muita coisa, tanto espiritual quanto fisicamente”, expressa, satisfeito.
Rosilan Sobrinho trabalha pertinho do Orquidário. A coordenadora pedagógica é uma admiradora do trabalho exercido por ele. Ela ainda relata que houve uma mudança significativa desde que seu Gabriel começou a cuidar das plantinhas.
“O seu Gabriel é uma pessoa incrível. Ele gosta de estar aí. Faz as caixinhas, uma por uma, para colocar as plantinhas e muito mais. Depois que ele veio para tomar de conta, esse orquidário deslanchou. A gente percebe que tem muito mais plantas e está muito mais bonito hoje. Além disso, tem uns visitantes que vêm constantemente aí conversar com ele e ver o orquidário”, descreve Rosilan.
Quer conhecer?
Sim, você pode e deve conhecer o Orquidário Margaret Mee e aprender muita coisa com o seu Gabriel. O espaço funciona de segunda a sexta, das 8h às 16h, e as visitas podem ocorrer em duas modalidades: avulsa, quando você vai diretamente à FCCM, para conhecer o espaço, e agendada, que é voltada para escolas que queiram marcar visitas guiadas para os alunos. O telefone para contato é o (94) 99108-8313. O orquidário também recebe doação de exemplares, que serão bem cuidadas nas mãos de seu Gabriel.
A Fundação Casa da Cultura de Marabá fica na Folha 30 Quadra 01, s/n, próxima ao CAPS e Seccional de Polícia.
Texto: Sávio Calvo
Fotos: Secom