SMS: Programa Porta a Porta realiza transporte de pacientes
O Programa Porta a Porta da Secretaria Municipal de Saúde de Marabá (SMS) começou em janeiro de 2021 e oferece transporte adaptado para pessoas com dificuldade de locomoção e autismo severo acessarem serviços de saúde. O programa atende também demandas judiciais e de trabalho. Atualmente, são 65 pessoas atendidas pelo serviço.
Angélica Prates é mãe de uma delas, a pequena Esther, de 5 anos, que tem paralisia cerebral e epilepsia. As duas moram no Bairro da Paz e, há mais de um ano, utilizam o serviço às quintas e sextas para as sessões de terapia intensiva em uma clínica no bairro Cidade Nova. Ela conta que soube do programa durante uma ida ao hospital com sua filha. Lá, foi orientada a entrar em contato com o programa Porta a Porta, já que utilizava carros de aplicativo para se locomover com a filha. Ela ligou e uma entrevista foi marcada com a equipe do programa para saber se estava apta a ter acesso ao serviço e foi contemplada.
“Eu acho que o Porta a Porta entrou para facilitar a vida da mãe atípica porque só quem tem um filho com deficiência sabe a dificuldade que é sair de casa. Você não tem um transporte, um carro pessoal e você fica à mercê, muitas vezes, de conseguir um motorista que vai entender sua condição, a condição do seu filho. O Porta a Porta é a chave de tudo nas nossas vidas porque, se não, a gente não conseguiria locomover nossos filhos até o tratamento que eles precisam. O Porta a Porta foi essencial na nossa vida como mãe atípica”, ressalta Angélica.
A avaliação pela qual Angélica passou acontece a partir do momento que a pessoa interessada busca o serviço na sede da SMS ou por meio dos canais de contato disponíveis, como o WhatsApp. Após isso, o paciente é cadastrado e a visita é realizada pela assistente social e pelo médico que fazem parte da equipe.
No que diz respeito à avaliação da profissional de assistência social, são analisadas as condições socioeconômicas e nível de vulnerabilidade social, além de outros critérios.
“Como prioridade, nós temos as pessoas que moram em locais mais distantes, que não têm acesso a transporte público ou que tem acesso com mais dificuldade. As pessoas que tem um grau maior de dificuldade de locomoção, que tenham autismo severo. Então, nós priorizamos esse público”, explica Thais Santos, coordenadora do Porta a Porta.
Há também, a avaliação médica realizada por Francywagner Vargas, que trabalha no Porta a Porta desde o início do programa.
“Como médico, avalio se realmente o paciente tem essa patologia e se ele se enquadra no cid para a gente oferecer transporte. A gente faz uma visita domiciliar e eu avalio o paciente de uma forma geral, não só fisicamente. Se eles se enquadram no Porta a Porta a gente faz um relatório e define o grau dessa patologia em leve, moderada e grave. Hoje, pela nossa grande demanda, damos prioridade aos pacientes com patologia moderada a grave”, explana.
Quem também é um dos beneficiados pelo programa é Neyvile Cavalcante, 53 anos. Ele tem Malforamação Arteriovenosa (MAV) e paralisia. Morador da Folha 12, ele utiliza o serviço para se deslocar até o núcleo Marabá Pioneira para realizar fisioterapia.
“Eu soube através de um amigo, que me indicou porque eu moro muito distante para ir de ônibus e gasto com aplicativo é pesado para o bolso. Ajuda na acessibilidade, que é muito boa”, relata.
São 65 pacientes, em média, atendidos por mês, pelo Porta a Porta e há, atualmente, 171 pessoas cadastradas. Algumas não chegam a solicitar o atendimento e uma escala é organizada para atender as que precisam utilizar o transporte. “Algumas utilizam só para ir para consulta, para exame, não utilizam o serviço de forma fixa. Outras utilizam desde o início, desde que o programa foi criado. Elas estão cadastradas, fazem fisioterapia continuamente, consultas. Temos os usuários da hemodiálise, que são usuários que já estão com a gente há algum tempo, que também são pessoas com deficiência”, reforça Thais.
O serviço é composto por duas vans adaptadas com elevador para as pessoas que têm dificuldade de locomoção. A equipe possui quatro motoristas, uma técnica de enfermagem, médico, assistente social e assistente administrativo.
A técnica de enfermagem Carleane Nascimento trabalha há dois meses no programa. Ela conta que seu trabalho consiste em fazer o acompanhamento dos pacientes durante o percurso até o destino final, para atendê-los caso haja alguma necessidade. Para a profissional, o Porta a Porta tem um papel essencial.
“Esse programa veio para fazer a diferença em Marabá. A demanda é grande. A gente abraça a causa e para a gente é uma família. A gente vê, a cada dia que passa, todo mundo mais satisfeito com o atendimento. A gente vê a evolução desses pacientes. Isso é gratificante para a gente, fazer parte da evolução de cada um”, declara.
As rotas de atendimento iniciam às 5h da manhã e seguem até às 18h, de segunda à sexta-feira, com alguns pacientes que também são atendidos aos sábados. Para Cícero Pereira, um dos condutores dos veículos, o trabalho requer responsabilidade e cuidado no atendimento.
“Trabalhar aqui nesse serviço, para mim, é um privilégio até porque eu gosto de trabalhar com pessoas. Eu tenho aqui essa função, como condutor, uma função de muita responsabilidade porque a gente carrega aqui pessoas cadeirantes, crianças. O nosso serviço é diferenciado. Tem que ter bastante cautela, muita responsabilidade e cuidado no trânsito”, destaca.
A maioria dos pacientes atendidos utilizam o serviço para ir à fisioterapia. Entre eles, há idosos, cadeirantes, pessoas que sofreram sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), traumas ou acidentes e pessoas com paralisia cerebral.
“O Porta a Porta traz qualidade de vida para essas pessoas. Faz com que elas tenham um tempo de espera muito menor, com que elas não passem transtornos no trânsito. O programa precisa ser um exemplo e ser ampliado para fora do município. Eu acho que a gente tem essa perspectiva pelo tamanho da importância que é esse serviço na vida dos usuários”, reitera Thais.
Serviço
O telefone para contato com o Programa Porta a Porta é (91) 99602-8500. A pessoa interessada também pode se dirigir à sala 19 da SMS. Para realizar o cadastro e marcar a visita, é necessário o nome do usuário a ser atendido, nome do responsável, endereço e número de telefone.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Paulo Sérgio Santos