Professor Fora de Série: Leia Maria Dias a leitora que escreve sua história através da educação
Foi o hábito da leitura quando criança que influenciou a professora, Leila Maria Dias Uszynski, 54 anos, na escolha da profissão. O contato com os livros veio por meio do pai, que adorava contar histórias para ela e os irmãos. Ela conta que sempre dormia no meio da história e a vontade de saber o final do conto, geralmente um cordel, a instigou a aprender a ler.
“Desde muito pequena eu aprendi a viajar através da leitura. Meu pai contava histórias, então, eu conseguia sair desse mundo real e entrar no mundo da fantasia. Isso pra mim até hoje é uma válvula de escape”, enfatiza a docente.
A história da professora Leila com o ensino iniciou mesmo antes da formação superior. Quando concluiu a 4ª série ela já compartilhava o conhecimento com filhos dos vizinhos. Os quais ensinou a ler. Depois assumiu suas primeiras turmas ainda cursando Letras.
“Aquela época era muito escasso os professores habilitados. Comecei a trabalhar muito mesmo antes de terminar a minha graduação”, esclarece.
A professora, que é mestra em Língua Portuguesa e Literatura, com ênfase na leitura de textos complexos com alunos do ensino fundamental, ama a docência. Atualmente trabalha na Escola Pequeno Príncipe na sala de leitura, onde se realiza como profissional.
“Educação para mim é tudo. É abrir horizontes. É direcionar pessoas a descobrirem seus caminhos. É ensinar crianças a criar asas e voar. Eu sempre gosto de mostrar o quanto é sedutor o caminho da leitura. Eu falo com amor. Eu mostro certo fascínio. Não é sensibilizar, mas é você fazer a sedução. Mostrar o quanto é interessante. Na sala de leitura me sinto realizada”, ressalta a professora Leila.
Os desafios de conquistar leitores no mundo moderno
A professora de voz suave se descreve como “alguém que é uma fagulha, uma faísca, que se junta a muitas outras faíscas pra manter acesa a chama dos sonhos. De conseguir ser alguém melhor. Construir um mundo melhor”, comenta a professora.
No ambiente de trabalho ela se utiliza das palavras para conquistar leitores. Seja através da contação de história ou simplesmente da indicação e partilha de uma leitura.
“Os desafios são muitos, a gente faz campanhas pra doação de livros. Quando chega um aluno novo a gente pergunta se ele gosta de ler e pede. Outro desafio é você competir com a mídia, pois muitos alunos não são incentivados pelos pais. Então oferecem outro tipo de entretenimento que não possui a profundidade que se consegue com a leitura”, destaca Leila.
Apesar dos desafios, a professora revela que a motivação para continuar trilhando pelos caminhos da educação está no retorno que recebe dos alunos.
“Quando vejo alunos que passaram por mim na universidade. Que dizem ter escolhido Letras por minha causa. Porque dizem que eu mostrei o lado bonito da leitura. Outra é ver uma criança sentadinha ali no canto da sala de leitura, no tapete, lendo fascinada”, ilustra a professora.
Futuro na Educação
É sabido que o educador é professor onde estiver, por isso, a vida social da professora Leila caminha lado a lado com a vida pessoal. Casada, mãe de três filhos, ela observa que a família a tem como referencial. Os filhos são formados em áreas diferentes. Tem médico, socióloga e recentemente um graduado em Direito. Ela também já tem dois netos e pretende alimentá-los com muita leitura.
“Eu espero, antes de deixar a sala de leitura, que eu possa influenciar outras pessoas, de tal maneira. Porque hoje eu sou fruto de pessoas que me incentivaram, me ajudaram, me presentearam com livros. Eu penso em um mundo melhor. Vejo-me no futuro arrodeada de livros e crianças querendo que eu leia histórias. Não me vejo longe nem dos livros e nem das crianças”, pontua.
E para os docentes que estão chegando ela deixa uma mensagem muito especial.
“Acreditar no amanhã. O que for fazer, faça o melhor. Não desista de fazer o melhor acreditando que talvez a oportunidade que aquelas crianças estão tendo, o teu exemplo, o teu apoio, a tua prática vai fazer a diferença na vida delas”, completa.
Ensino que produz frutos
Robson Carneiro, 27 anos, é um teólogo com pós-graduação em docência do ensino superior, filosofia e sociologia. Ele foi aluno da professora Leila Maria na escola Pequeno Príncipe, nas disciplinas de português e literatura. Para Robson a dedicação e empenho da professora contribui fortemente para a formação dele.
“Foi uma pessoa marcante na minha vida. Quando eu terminei a minha graduação fiz questão de mandar uma mensagem pra ela falando da importância que ela teve, do trabalho que ela desenvolveu de conscientização. Fiz questão de ser grato a ela por isso. Por todas as vezes que eu tive dificuldades na matéria dela. Ela não perdia a paciência, ela estendia a mão sempre. Hoje eu sou o que sou, extremamente rigoroso, quanto a questão da escrita, e também na minha vida secular”, salienta o teólogo.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento