Professores fora de série: 28 anos na missão de ensinar
Habilidade, dedicação e criatividade são características fortes que descrevem a professora Waldimeire Mendes Santos, de 50 anos. A docente, que há 28 anos trabalha em sala de aula, atuando no primeiro segmento do Ensino Fundamental, atualmente é responsável por duas turmas de 3º ano, na Escola Municipal Francisco Souza Ramos, no Bairro Novo Horizonte. A afinidade pelo ensino começou ainda na adolescência quando ajudava os irmãos com os exercícios escolares e se firmou a partir da formação no magistério. Trabalhou também nas escolas Disneylândia, extinta Santa Terezinha e Silvino Santis. A professora é formada em pedagogia com especialização em psicopedagogia.
“Eu trabalho por vocação na educação. Comecei com 18 anos, muito jovem na carreira, mas tenho essa identificação desde a minha infância. Gostar de ensinar, de ter contato com criança, sempre gostei muito e não tive outro meio de trabalho”, confirma a docente.
Como professora alfabetizadora, uma das maiores alegrias da professora Waldimeire é ver o desabrochar das crianças a cada nova aprendizagem escolar. Aliás, pra ela esse tem sido o maior desafio na profissão.
“O desenvolver dentro da sala de aula, aquela insegurança quando a criança ainda não consegue, porque cada criança tem seu tempo, dar aquela angústia no professor, quando ela ainda não alcança apesar de inúmeras maneiras, estratégias”, revela a professora.
Desistir do aluno não é alternativa para esta professora em seu ofício. Como todo professor, Waldimeire acaba levando trabalho para continuar em casa, e muitas das vezes recebe ajuda das duas filhas, que cresceram acompanhando o trabalho da mãe. Antenada, é uma professora que aposta em inovações, como a construção de materiais pedagógicos e didáticos. Uma responsabilidade com o ensino que diz ter aprendido ainda no inicio da carreira, quando buscava apoio de colegas de trabalho para driblar as dificuldades que surgiam. A relação com os alunos é força-motriz na missão de ensinar.
“O que me motiva primeiramente é a carreira, foi o que escolhi. E é o dia a dia. Essa troca de vivência de vida, que eles trazem da casa deles. Há crianças que têm apego muito grande com o professor. Essa afetividade deles. O professor pode chegar triste na escola, mas quando chega já vem aquele abraço”, enfatiza a professora.
A coordenadora pedagógica da EMEF Francisco Souza Ramos, Sulamita dos Reis, tem admiração pela forma de trabalho de Waldimeire para levar conhecimento aos alunos. Segundo ela, a professora foi um dos destaques nesta pandemia, quando teve de lidar com as aulas virtuais.
“Ela consegue dinamizar as aulas dela. Traz sempre um diferencial, jogos, vídeos, sempre traz algo a mais pra suas aulas. Vai além do quadro e do pincel. Ela consegue extrapolar as paredes da sala de aula. Nesta pandemia ela chamou atenção. Conseguiu manter o vínculo com os alunos. Faz animações nos vídeos, e um em particular me chamou atenção. O conteúdo era sobre a zona rural e a cidade e ela foi para uma área do município, e gravou uma parte da floresta” ressalta a coordenadora pedagógica.
O servidor público municipal, Luis Felipe Soares Coelho, 21 anos, foi aluno da professora Waldimeire e recorda boas lembranças da prática docente da professora que tem um perfil de ser paciente.
“Era uma professora muito dinâmica e criativa. Na época eu estudava a terceira série no Colégio Santa Terezinha e tinha dificuldade em leitura. Ela trabalhava com a ludicidade e muitos projetos. Os painéis eram de dar gosto. Até nosso nome ela identificava com lindas etiquetas nos livros e cadernos. E eu só tenho a agradecer por toda base e dedicação”, relata o estudante de engenharia da computação pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará.
Waldimeire ainda não deu entrada ao processo de aposentadoria, mas sabe que o momento se aproxima. Enquanto isso não acontece, ela vai deixando marcas no ensino aos seus alunos.
“O ato de ajudar, alfabetizar uma criança é assim… quando você ver o inicio do ano e o final do ano, você percebe: nossa, eu fui importante ali, naquele momento eu signifiquei alguma coisa pra aquela criança. Não tem nada que pague isso. Você vê que aquela criança aprendeu a ler com você. Nossa maior base é ajudar ela a aprender. Eu acho que vou sentir muita falta, apesar de tá muita cansada, mas quero sempre ficar com uma ligação, ainda não defini o pós-aposentadoria”, afirma a professora.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento