Professores Fora de Série: Ana Rosa a educadora especializada em transformar realidades
“Na Educação especial tive a oportunidade de entender essas diversidades. Hoje eu consigo ver a pessoa por completo. A essência do ser humano” explica Ana Rosa sobre a escolha pela modalidade educacional.
Cuidar de pessoas sempre foi uma opção para a professora, Ana Rosa Guimarães Silva, 44 anos. A pedagoga, graduada também em Letras, atua há 8 anos na Educação Especial na Rede Municipal de Educação. Despertou para a docência quando ainda trabalhava na área da saúde, como técnica em enfermagem, durante palestras educativas. Atualmente ela é professora no Atendimento Educacional Especializado (AEE), na Escola Pedro Peres, em Morada Nova.
“Eu sempre gostei muito de ministrar palestras educativas nas escolas e então vi uma necessidade de buscar mais. Outras formações. Então busquei uma graduação de pedagogia”, descreve a professora.
O primeiro contato com os alunos foi numa sala multisseriada, na zona rural, com crianças e adolescentes entre 07 a 16 anos, em 2007, no município vizinho, Nova Ipixuna.
“Era meio complicado trabalhar porque eu tinha de separar a idade cronológica dos alunos. Foi difícil, mas pela questão da diferença de idade dos alunos na mesma sala. Mas eu não me frustrei. Busquei estudar. Fiz uma especialização em psicopedagogia. Foi aí que estruturei minha base, meu conhecimento”, revela Ana Rosa.
Em Marabá, Ana Rosa passou de técnica em enfermagem a professora em 2013. Primeiro na Educação Infantil e na sequência no ensino de Artes. A professora ampliou o currículo participando da gestão de escola, no entanto, o coração estava mesmo voltado era para a Educação Especial. Uma de suas motivações foi a dificuldade em compreender a diversidade de necessidades educativas especiais, no inicio da docência.
“Eu acredito que é empatia. Quando você se põe no lugar do outro você começa a observar a diversidade, especificidade. Quando comecei a trabalhar com multissérie já era uma inclusão. Eu comecei a ver que os alunos com especificidade e os professores necessitavam de um apoio. Na Educação especial tive a oportunidade de entender essas diversidades. Hoje eu consigo ver a pessoa por completo. A essência do ser humano” explica Ana Rosa sobre a escolha pela modalidade educacional.
Nem precisa dizer que além de psicopedagogia clinica e institucional, Ana Rosa também se especializou em Educação Especial e não parou por aí. Também estudou Libras e Língua Espanhola e segue trilhando no Atendimento Educacional Especializado.
“O que me move é ver a cada dia que está dando certo o nosso trabalho. O trabalho é muito estruturado. A nossa coordenação de Educação Especial nos apoia muito. Temos acesso não só ao nosso aluno dentro da sala do AEE, mas também aos coordenadores pedagógicos, aos orientadores, aos formadores, diretores, aos professores da rede e isso facilita”, enfatiza a docente.
Sobre a relação professora-aluno, Ana Rosa fala da alegria em ver os resultados do ensino na vida de seus alunos com especificidade, os quais ela instiga o desenvolvimento do potencial.
“O aluno pode desenvolver autonomia de ir e vir. Na questão social de fazer uma compra, de fazer um passeio. Conhecer pessoas. Ser chamado pelo nome. Isso é muito importante. O que me move é ver os meus alunos já adolescentes e que eu pude participar daqueles degraus que eles foram subindo” ressalta.
Para quem ama a profissão a educação transforma. Na modalidade Especial tem quebrado barreiras.
“Se a pessoa se oportuniza a aprender, ela nunca mais é a mesma. Eu me emociono quando vejo os vídeos dos meus alunos. No ensino remoto nós mandamos as atividades para casa deles e a família ou responsável faz vídeos e nós fazemos as correções. E até aquele aluno não verbal, faz atividade e através das emoções. A gente percebe o quanto ele se sente importante, valorizado”, destaca.
As conquistas de Ana Rosa na Educação, segundo ela, são as mesmas que a levam pautar a continuidade no trabalho do AEE.
“Contribui com muitas famílias, muitos professores, com meu município. Meu objetivo é ver meus alunos irem para frente com autonomia. Autonomia de escolher a roupa que quer vestir, o sapato que quer calçar. Na rua, no supermercado, que ele consiga resolver sua vida com a matemática do cotidiano. A educação transforma. Basta que nos entreguemos aquilo que vamos fazer. Quando trabalhamos com algo que nos identificamos, nos apaixonamos”, conclui a docente.
AEE levou autonomia para a vida de ex-alunas da professora
Josicleia Mendes da Silva, 25 anos, e Ana Paula Lustosa da Silva, 23 anos, falam com gratidão da professora que transformou a vida delas. Josicléia é diagnosticada com Deficiência Intelectual, por outro lado, Ana tem a Síndrome de Rett, (uma desordem do desenvolvimento neurológico). Na sala do AEE elas desenvolveram habilidades que levaram para a vida fora da escola. Uma autonomia conquistada pela Educação. Atualmente as duas seguem com a vida, inclusive cuidando das famílias que constituíram.
“Eu aprendi muita coisa. Aprendi a conhecer dinheiro. As vogais. Fazer compras. Administrar o meu dinheiro que eu não sabia, minha poupança. Eu gosto muito da professora Ana. Sou muito grata por ela ter me ajudado. Hoje eu tenho uma filhinha de 3 anos, coisa mais linda que Deus me deu. Vivo com o meu marido. Vou para igreja”, comenta Josicléia.
Ana Paula só confirma o quanto a professora e o AEE contribuem para o desenvolvimento dos alunos.
“Eu aprendi as cores, as letras. Junto todas as letras. Eu aprendi muita coisa com ela. Ela sempre me vigiava para eu não namorar escondida. Estudei com ela desde pequenina. É uma pessoa ótima. Um amor para mim. Mora no meu coração. Eu cresci e já sei muitas coisas. Me casei, tenho filha. Ela sabe mexer com a pessoa. Se Deus quiser ela vai continuar dando aula para gente. Sou uma mulher feliz por causa dela” afirma Ana Paula.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento