Professores Fora de Série: Eliane Cristina descobriu o amor pela docência e mudou sua história e de seus alunos
“A gente sempre tem conquistas. Ao longo desses anos não recebi prêmios, mas consegui vencer os desafios da vida… Vi conquistas em muitos alunos… É muito bom ver isso e saber que você participou do processo. Espero estar por aqui por bastante tempo”
Tranquila, agitada, elétrica, gosta de aprender, aberta a novos desafios e conhecimentos. É assim que a professora, Eliane Cristina Righete Bom, 44 anos, se descreve. A docente escolheu o conhecimento da Matemática para compartilhar com centenas de alunos, confiados a ela anualmente. É dela a seguinte mensagem: “Busca do conhecimento sempre. O conhecimento é algo que não é tirado, podem te tirar dinheiro, bens materiais, mas o conhecimento é seu. Então a gente sempre tem de aprender, independente da situação”.
A professora, que iniciou a carreira no magistério, por falta de opção, na época, no município de Cajazeiras, se apaixonou pela docência à praticando. Já são 22 anos lecionando na rede municipal e estadual de ensino. Ela é concursada do município de Marabá, desde o ano 2000. Depois ingressou no curso de Matemática da Universidade Federal do Pará (UFPA). Disciplina a qual sempre se identificou. Atualmente leciona na escola Pequeno Príncipe, localizada na folha 32.
“Fazendo uma seleção dos cursos de licenciatura que a gente tinha disponível, Pedagogia, Letras e Matemática, então, a que eu mais me identificava era a Matemática. Depois fiz novamente o concurso da Prefeitura para atuar na área específica” conta a professora.
Exercendo a profissão, Eliane Cristina foi descobrindo as motivações que a levariam a trilhar cada vez mais os caminhos da educação.
“Docência é um ato de amor. A gente começa, e por mais que você fale: não foi uma escolha que eu fiz, ser professora, mas você aprende a gostar. Ver uma criança aprendendo aquilo que você está ensinando… é difícil até descrever o sentimento. Quando aquela criança ou adolescente diz que conseguiu entender, que lembrou da aula na hora de responder uma prova, no trabalho, isso é gratificante”, destaca Eliane Cristina.
A professora reforça que se emociona diante do sucesso de seus alunos, afinal de contas, a cada vitória ou novo aprendizado, ela sente que o seu trabalho valeu a pena. Que cumpriu a sua função social de contribuir com o desenvolvimento intelectual do próximo.
“Quando você ensina, você está ajudando a criança e o adolescente, a construir um futuro melhor. Porque você não ensina só o conteúdo. A gente ensina conhecimento de mundo. A gente ensina as convivências. São várias situações que perpassam dentro da sala de aula. Então você tem de ensinar além do conteúdo. Esse ensinar, e principalmente, o aprender, é o que motiva. Ninguém vive sem o conhecimento. Como é bom participar desse período da vida de uma criança”, enfatiza a docente.
Eliane Cristina tem uma receita que coloca em prática para manter o bom relacionamento com seus alunos e consequentemente com a disciplina, já que a matemática é tida como difícil e assusta alguns alunos.
“Você tem de tentar encontrar um meio termo. Tem de ser uma pessoa que passe confiança, ser amiga, mas aquela amiga que consegue ensinar, fazer com que o aluno aprenda, e que ao mesmo tenha o respeito dele e respeitar ele também. Uma professora de matemática chata, dificilmente o aluno vai aprender, porque se não gostar do professor (a), cria um bloqueio ainda maior na aprendizagem”, revela.
A professora de matemática, nos horários vagos, exerce a função de dona de casa, mãe de um casal de filho pequenos e esposa. Mas quando pensa no futuro, ainda longe da aposentadoria, projeta fazer mestrado e prosseguir na profissão que tem lhe rendido várias conquistas, tanto pessoais, quanto profissionais.
“A gente sempre tem conquistas. Ao longo desses anos não recebi prêmios, mas consegui vencer os desafios da vida, da profissão, principalmente do aprendizado que é muito grande. Vi conquistas em muitos alunos que estão no mestrado, tem um aluno que estudou matemática na Unifesspa e hoje é professor do município. É muito bom ver isso e saber que você participou do processo. Espero estar por aqui por bastante tempo”, conclui.
A diferença que inspirou o gosto pela matemática
O professor de matemática, Lucas Santos Sousa, 26 anos, lembra bem do momento em que a matemática ganhou maior importância em sua vida. Foi no ensino médio, com a professora Eliane Cristina, na escola Pequeno Príncipe, entre os anos 2010 a 2012.
“Antes desse período não tinha memórias tão marcantes sobre a matemática na minha vida escolar, exceto com a professora Francisca, que também é minha colega de trabalho hoje em dia”, esclarece Lucas.
O que despertou a atenção do Lucas nas aulas da professora Eliane Cristina, é um conjunto de características que ele descreve com facilidade. Para ele e os colegas da época da faculdade, a professora tornou-se exemplo de dedicação e domínio da matemática, nas discussões em sala de aula, na universidade.
“A professora Cristina sempre demonstrou extrema organização e domínio da disciplina. A memória mais marcante que tenho é do último ano do ensino médio quando estávamos estudando Análise Combinatória. Além do conteúdo do livro didático ela nos apresentou um problema do livro intitulado “O homem que calculava”, que trás um problema sobre o assunto. Fiquei impressionado com o número de um determinado problema, sobre o homem que desenvolveu o tabuleiro de xadrez e tinha como resultado um número que chegava na ordem dos quintilhões. Trouxemos o problema para sala de aula e ela fez o cálculo no quadro branco. Tanta habilidade com os números sempre teve minha atenção nas aulas”, relembra o ex-aluno.
Ele acrescenta ainda o quanto a professora o influenciou positivamente para a profissão.
“Tenho um sentimento de extrema gratidão pelos ensinamentos que ela me ajudou a construir, se não fossem aquelas aulas de matemática maravilhosas, não sei o que estaria fazendo hoje” pondera Lucas.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento