Professores fora de série: Responsabilidade e compromisso com a profissão
Começou a lecionar em turmas multisseriadas em Brejo Grande do Araguaia, já atua na profissão há 32 anos e desde 2005 integra a rede municipal de ensino em Marabá.
O professor Adelmir Rodrigues Ferreira, de 55 anos, acaba de completar mais de três décadas de dedicação à Educação. Tudo começou com um acaso, que se transformou em profissão e já dura 32 anos. Iniciou a carreira lecionando na zona rural, num espaço improvisado, de Brejo Grande do Araguaia, quando ainda tinha apenas o ensino fundamental. As turmas eram multisseriadas (várias séries na mesma sala).
Ainda muito jovem, mas já constituindo família, o professor Adelmir deu continuidade aos estudos. Após concluir o ensino médio, escolheu o curso de História para se especializar. Passou a integrar o quadro de professores da rede municipal de Marabá, efetivamente, em 2005, por meio de concurso público, o segundo feito em Marabá, e com êxito. Para ele, as palavras responsabilidade e compromisso descrevem bem sua relação com a profissão que aprendeu a gostar.
“Eu acho que nós temos que ter compromisso com aquilo que fazemos. É claro que se eu gosto daquilo que eu faço, eu faço com mais leveza. Se eu faço só por necessidade, eu vou ter um pouco mais de peso sobre aquilo. Se você tem responsabilidade, você faz um trabalho bom em qualquer área”, destaca o professor sobre sua relação com a profissão.
A trajetória como educador está distribuída entre Brejo Grande do Araguaia e Marabá. Aqui ele lecionou em escolas como Acy Barros, Darci Ribeiro, Geraldo Veloso e Deuzuita Melo de Albuquerque, onde está lotado atualmente. Ensinou para todas as séries, até mesmo no EJA, bem como, foi técnico da Secretaria de Educação, diretor de escola, assim, ocupando vários setores da área. Sobre o perfil desenvolvido, afirma ser o da simplicidade, se mantendo acessível e solidário com qualquer pessoa.
O professor também trabalhou na rede estadual de ensino, contudo, foi no Ensino Fundamental ministrando aulas de História e Religião, onde pôde contribuir por mais tempo com a aprendizagem das crianças, inclusive com o ensino da disciplina de Estudos Amazônicos.
“Com os alunos, às vezes eu fui bem firme. Mas com o passar dos tempos as coisas vão mudando e aí você também tem de mudar junto. Hoje eu não posso entrar na sala de aula, da mesma forma que eu entrava 30 anos atrás. Hoje você tem um sistema de informação muito grande. O aluno chega à escola com um determinado conhecimento, então, aquela figura do professor mudou. E a minha relação com aluno é bem aberta. Conversando,” explica o professor sobre sua metodologia de ensino.
José Fernando Barros e Silva, Servidor Público Federal, no estado de Minas Gerais, foi aluno do professor Adelmir, em 2004, quando cursava a 7ª série do Ensino Fundamental e não consegue esquecer as aulas de histórias de que tanto gostava.
“Um professor dedicado, disponível e muito zeloso com o aprendizado de todos os seus alunos. A matéria de história sempre foi a minha preferida, e as aulas do professor Adelmir proporcionaram que meu interesse aumentasse cada dia mais. Hoje sou servidor público desde o ano de 2011 e quando olho para trás vejo o quanto foi importante a base de conhecimento que adquiri durante todo meu período acadêmico”, conta o ex-aluno formado em Sistemas de Informação, pela Faculdade Metropolitana de Marabá e em Direito, pela Centro Universitário de Lavras – UNILAVRAS .
Em 2016, o professor Adelmir teve de se afastar da sala de aula por mais de 8 meses, quando diagnosticado com a síndrome de Guillain-Barré (SGB), uma doença neurológica, de origem autoimune, que provoca fraqueza muscular generalizada e que pode levar à morte. O docente superou a doença e voltou a exercer suas funções, no entanto, aguarda pela aposentadoria que deve encerrar o ciclo da docência em sua vida.
“Eu em 30 anos de trabalho saio com a sensação de dever cumprido. Consegui criar e formar 3 filhos a partir desta profissão como professor e isso acaba me deixando de certa forma realizado. Consegui um objetivo. Tenho um filho arquiteto, outro engenheiro mecânico e uma professora da Unifesspa. Tudo na vida tem um propósito. Sou grato”, enfatiza o docente.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento