Dia Mundial sem Tabaco: Município oferece programa de saúde para quem deseja parar de fumar
A Organização Mundial da Saúde (OMS) criou o Dia Mundial sem Tabaco, em 31 de maio de 1987. A data é para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo, como infarto, problemas respiratórios etc. De lá para cá, a saúde pública desenvolveu diversas formas para tratar quem deseja largar o vício. Em Marabá, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) Carlos Barreto, em Morada Nova; Laranjeiras; Pedro Cavalcante, no Novo Horizonte; Demósthenes Azevedo, na Marabá Pioneira e UBS Enfermeira Zezinha, na Folha 23, Nova Marabá, dispõem de atendimento clínico e psicológico aos pacientes fumantes.
Segundo a coordenadora do Programa Nacional de Cessação ao Tabagismo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Helane Moreira, a atenção básica tem parcerias com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e com o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT).
“Hoje nós temos, nas nossas Unidades Básicas de Saúde, o atendimento de pessoas que querem deixar de fumar, onde nós fazemos esse acompanhamento com uma equipe técnica multiprofissional para atender esse paciente, porque não é só o atendimento clínico que ele precisa, e sim de uma rede de apoio para que ele possa realmente conseguir deixar de fumar. Esse programa é de suma importância para a gente dar uma qualidade de vida, não só ao paciente, mas também a todo o local social que ele frequenta. Então, a gente ter esse direcionamento de cuidados, tanto dele quanto para a família extensa, ajuda muito na prevenção. Porque nós, enquanto atenção básica, trabalhamos a prevenção e a promoção da saúde”, destaca a coordenadora.
A princípio é realizada a busca ativa pela equipe da Estratégia de Saúde da Família da UBS e pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). No segundo momento é preciso identificar se realmente esse paciente deseja deixar o fumo. “Não adianta direcionarmos ele para deixar de fumar por indicação de alguém. Ele precisa ser sensibilizado para deixar de fumar”, reitera a coordenadora.
Para o médico clínico geral, Isaac Prado, que atua no programa contra o tabagismo, um dos pontos importantes é que cada paciente tem estágios motivacionais diferentes em relação ao vício, como pré-contemplação, contemplação, preparação, ação e manutenção. Dessa forma, é preciso identificá-los para poder direcionar o tratamento.
“Um paciente tabagista não é igual ao outro em relação à sua motivação em parar de fumar. Por isso, no primeiro momento em que a gente o recebe, é fundamental a identificação dos estágios motivacionais. O paciente que está no estágio motivacional de pré-contemplação, ele não identifica o tabagismo como um problema. E nesse momento eu preciso intervir, não necessariamente querendo que ele saia da minha consulta com a ideia de que vai parar de fumar, mas eu preciso, em até 10 minutos, fazer algumas orientações a ele, como ‘o tabagismo causa câncer de pulmão, aumento do risco cardiovascular, piora o risco de infarto, AVC etc.’, e vou conscientizando o paciente de que a UBS está disponível para ele”, enfatiza.
Após a decisão do paciente, é deixado o nome numa lista, na UBS, para a formação do grupo a ser acompanhado pelos profissionais da Unidade.
“A gente precisa completar, pelo menos, 10 pacientes, para se trabalhar em grupo. Porém, pode ser feito individual, caso o paciente opte. Mas a gente observa que há mais sucesso no programa de tabagismo quando este é feito em grupo, por conta do relato de vida e a interação entre os pacientes, pois esse grupo de tabagismo funciona como uma roda de conversa e cada um vai ter uma estratégia de como ele parou de fumar. Então a estratégia de uma pessoa vai funcionar para as outras. Então, por isso que a gente prefere trabalhar assim”, explica o enfermeiro João Teles, da UBS Enfermeira Zezinha, que faz acompanhamento com os pacientes.
O profissional pontua que, antes de iniciar o grupo, é necessário realizar em cada paciente o ‘Teste de Fagerstrom’, quando são coletadas as informações necessárias sobre o grau de dependência do fumante. Dessa forma, o médico pode prescrever medicamentos, como o adesivo de reposição da nicotina, a goma de mascar ou outras medicações.
“Mas nem todos os pacientes vão precisar dessa medicação, algumas pessoas param de fumar somente por meio do grupo que a gente forma”, reitera o enfermeiro.
Os grupos são realizados uma vez por semana e têm duração de 1 hora e meia, nos 2 primeiros meses. Após isso, as rodas de conversa acontecem uma vez ao mês, do 3º até o 12º mês de tratamento. Depois desse período de 1 ano, o paciente como não tabagista, o acompanhamento continua pelo Agente Comunitário de Saúde ou na própria UBS. Além de passarem pelo grupo, há o atendimento com psicólogo, nutricionista e clínico geral.
“Ainda após esse tratamento, se houver uma necessidade que realmente ele está com o nível de ansiedade, ou identificado com outro tipo de transtorno, esse paciente é direcionado, com forma de urgência, para um psicólogo. Caso precise, a gente tem apoio do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e da Ament (Ambulatório Especializado em Saúde Mental), para fazer também esse suporte de atendimento”, ressalta a coordenadora Helane.
Texto: Sávio Calvo
Fotos: Paulo Sérgio