Saúde: Ament realiza ação em comemoração ao Dia de Luta Antimanicomial
Exposições de quadros, fotografias, poesias e promoção de palestras para estudantes de Medicina e parentes de pacientes com transtorno mental foram realizadas nesta sexta-feira, 19, pelo Ambulatório Especializado em Saúde Mental (Ament), em comemoração ao Dia Nacional de Luta Antimanicomial.
As exposições tomaram os corredores do prédio e pinturas nos muros também foram um atrativo a mais para os convidados. Cerca de 50 alunos do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará (Facimpa), acompanharam a programação e estiveram atentos às palestras.
A estudante do sexto semestre de Medicina, Bianca de Jesus Quintino, afirma que é necessário conhecer não apenas a parte física do paciente como também a parte psicossocial.
“Este semestre estamos no módulo da Psiquiatria e aqui fazemos a parte prática. Temos um contato maior com o paciente para se ter um olhar mais sensível, empatia com o paciente. Hoje em dia temos a Medicina como um todo e não apenas a parte física. É preciso entendermos também a parte psicossocial e temos que ter esse olhar a mais. É importante estarmos aqui acompanhando”, relata.
As palestras foram abertas pelo enfermeiro psiquiátrico João Augusto Miranda, que relatou os avanços no atendimento aos pacientes com transtorno mental no Brasil e destacou Marabá que hoje mantém os instrumentos necessários para realizar um bom acompanhamento para os pacientes.
“Hoje estamos em comemoração desta luta que já vem sendo estabelecida há décadas e apesar de ganhar força na década de 80, ela veio com novas medidas somente a partir de 2001 e essa luta remonta há mais de 5 décadas de revoltas de indignação tanto de usuários da saúde mental quanto de profissionais”, destaca.
Ainda de acordo com o enfermeiro João Miranda, há muito tempo o acompanhamento era uma condição desumana que enclausurava porque até então a assistência era hospitalocêntrica que não permitia essa reabilitação psicossocial. Hoje há um novo paradigma de assistir em saúde mental que é esse modelo aberto de rede psicossocial.
“Marabá está de parabéns, pois está conseguindo estabelecer esses instrumentos de assistência”, ressalta.
Hoje, todas as demandas podem ser acompanhadas dentro do município pelos serviços oferecidos tanto nas Unidades Básicas de Saúde como o Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) e também a ala psiquiátrica do Hospital Municipal e do Ament, localizado na Avenida Minas Gerais, no bairro de Belo Horizonte.
Atualmente o Ament atende em média 30 pacientes por dia e tem em seus registros aproximadamente 2 mil cadastros de pacientes. A enfermeira Gisele Ferreira de Freitas, Coordenadora do Ament, explica que o atendimento é aberto a todos.
“A porta de entrada é a Atenção Básica que vai atender o paciente, que é avaliado e encaminhado ou para o Caps ou ao Pronto Socorro do HMM e segue para a área psicossocial do hospital”, explica.
A ação de luta antimanicomial é comemorada no dia 18 de maio, quando ocorreu uma caminhada realizada pelo CAPS e nesta sexta-feira, 19, a programação continuou no AMENT com a ação junto aos acadêmicos de Medicina e também familiares. As atividades foram planejadas pela enfermeira psiquiátrica e professora da Facimpa, Sarah Laís Rocha.
“Esta luta é importante no sentido de garantir e relembrar o direito do paciente de transtorno mental. Já passamos por momentos sombrios onde o paciente era segregado da sociedade e assistido com atividades que não garantiam sua autonomia”, relata.
Não era garantida a permanência do paciente em sociedade, mas hoje a política de saúde mental é voltada para a garantia da atenção psicossocial e para estabelecer a autonomia do paciente e o retorno junto a sua família.
Texto: Victor Haôr – Fotos: Secom