Saúde: Apresentações dos pacientes do CAPS III em comemoração ao Dia de Luta Antimanicomial
A praça Duque de Caxias, na Marabá Pioneira, foi o palco das apresentações culturais e artísticas dos pacientes atendidos pelo CAPS III (Centro de Atendimento Psicossocial), em comemoração ao dia 18 de maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial).
Com faixas e cartazes que tinham frases relacionadas ao enfrentamento diário contra o preconceito e discriminação, os pacientes dançaram, cantaram, declamaram poesias e fizeram uma grande demonstração da capacidade de produzir e participar da sociedade, pois “Saúde não se vende e loucura não se prende”.
Alan Ranieri é enfermeiro do CAPS e diz que as ações em praça pública são para mostrar para a sociedade, todo o potencial do portador de transtorno mental, pois, segundo ele a sociedade estigmatiza as pessoas e o preconceito os exclui.
“Colhemos frutos das ações contra a violência a essas pessoas e hoje é um marco. Temos que vir a público para mostrar o quanto essas pessoas têm potencial e o quanto a vida em sociedade é o verdadeiro tratamento para elas. Mostrando o que elas podem produzir é o que que realmente cura, cura não somente o nosso paciente mas também a própria sociedade contra esse preconceito e a indiferença”, disse.
A paciente Maria Neide Jaciara Ferreira, diz que faz tratamento desde os 12 anos e já passou por várias internações psíquicas na cidade de São Luís, Maranhão. Hoje ela está com 58 anos e ao vir morar em Marabá procurou atendimento no CAPS e diz que lá encontrou uma verdadeira família.
“Aqui fui muito bem acolhida, eles tratam muito bem a gente. Eu moro sozinha e no CAPS encontrei a verdadeira família porque eles nos cuidam e quando preciso eu ligo e eles vão até minha casa e nos acolhem e eu só tenho que agradecer, pois são grandes profissionais”, relata dona Maria Jaciara.
A jovem estudante de Pedagogia, Julia Mourão Rocha, acompanha a mãe em um tratamento contra a depressão. Explica que depois que sua mãe começou o tratamento, sentiu o avanço e participa de todas as sessões e terapias juntamente com ela.
“Eu sou muito grata ao Caps, pois quando minha mãe chegou, estava num quadro de depressão muito forte e eles têm um carinho muito grande pelos pacientes, acolhem também os familiares e eu a acompanho e até faço também uma terapia com ela. Ela melhorou muito e vejo também a evolução dos demais pacientes”, contou Julia Mourão Rocha.
Para a enfermeira Morgana Lobo, as atividades fora do espaço do CAPS, são muito necessárias para mostrar que o trabalho que eles produzem, fazem em liberdade. Isso envolve além dos pacientes, todos os profissionais e entidades parcerias. “É um momento importante para a saúde mental e nesse dia é onde trazemos as atividades para a praça, para mostrar que o trabalho se faz em liberdade”, diz.
Para a realização das atividades, o CAPS contou com a parceria da Faculdade Carajás e Facimpa, além da equipe de ações ExtraMuro da Secretaria de Saúde, com exames rápidos de Pressão Arterial e Glicemia, apoio dos Artesãos, com exposição e venda de peças, além de uma equipe do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA).
Dia Nacional de Luta Antimanicomial
Em 18 de maio é comemorado em todo o país, o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Organizado por diversos movimentos sociais, grupos coletivos e entidades, o dia é de celebração e de luta, em espaços públicos, serviços de saúde mental e universidades. A data marca as mobilizações em torno do fechamento de manicômios e a formalização de novas legislações, a implantação da rede de saúde mental e atenção psicossocial e da instauração de novas práticas em um importante movimento de Reforma Psiquiátrica Brasileira, uma referência internacional.
Texto: Victor Haôr
Fotos: Paulo Sérgio
Galeria: