Saúde: Comitiva da Fundação Nippon elogia ações contra a hanseníase em Marabá
A comitiva japonesa da Fundação Nippon visitou, nessa quarta-feira (03), as instalações da Unidade Básica de Saúde Hiroshi Matsuda, na Folha 11, Nova Marabá. A comitiva veio para a cidade avaliar como a prefeitura trata a questão da hanseníase no município e para prestigiar a assinatura da Lei Municipal que garante uma cesta básica para pessoas em tratamento contra a doença.
Segundo o presidente da Fundação Nippon, Yohei Sasakawa, a avaliação é positiva. “A instalação é maravilhosa. As cidades brasileiras têm um território imenso e ouvi falar que há outras unidades básicas semelhantes a essa aqui em Marabá. Isso é importante porque no início a doença não é assintomática então é importante facilitar o acesso ao hospital”, destaca.
Yohei Sasakawa é embaixador da Boa Vontade para Eliminação da Hanseníase da Organização Mundial de Saúde (OMS) e trabalha há mais de 40 anos visitando locais ao redor do mundo para erradicar a Hanseníase. Ele também é presidente da Fundação Nippon e sua coligada, Sasakawa Health, que investem mais de US$ 200 milhões em financiamento do Programa Global da Hanseníase da OMS, desde 1975, em 15 países. No Brasil, a Fundação investiu US$ 700 mil dólares desde 2016. No Pará as cidades contempladas são Marabá e Belém. O recurso é passado para o município através do Ministério da Saúde.
O dinheiro é utilizado principalmente para a capacitação dos funcionários, análise de dados e monitoramento da doença. A diretora do Departamento de Atenção Básica (DAB), Monica Borchat, comenta que os dados de combate a hanseníase na cidade tem melhorado nos últimos anos. “A taxa de abandono do tratamento caiu de 11% para 3% e a taxa de cura chegou agora a 93% dos casos”, pontua, lembrando que atualmente a cidade conta com 172 pacientes em tratamento.
Durante a visita a comitiva fez vários questionamentos sobre os serviços prestados no posto e elogiou o funcionamento da Estratégia Saúde da Família no município, serviço prestado pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), que visitam as famílias em suas residências, facilitando que se identifiquem casos da doença. “O paciente costuma relutar em buscar o hospital. Por isso é importante a atividade de busca do paciente, visitando sua família em sua casa. Pois é bastante difícil que haja uma busca proativa”, frisa Yohei Sasakawa.
O gerente da UBS Hiroshi Matsuda, Dilceu Barroso, conta que o posto trata hoje 24 pacientes. “A unidade conta com o monofilamento, que é utilizado para fazer o exame para confirmação da hanseníase, posteriormente é feita dispersão da medicação de acordo com período de tratamento do paciente, que varia de 6 meses a 1 ano. Ele toma uma dose assistida, diante do profissional e leva o medicamento para continuar em casa, retornando após 28 dias”, explica.
A doença
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo bacilo de Hansen, que afeta principalmente nervos periféricos da pele. Como sintomas iniciais, surgem manchas vermelhas cutâneas, cujas partes perdem a sensibilidade. É uma doença que, embora seja tratada, ainda prova muito estigma e preconceito na sociedade.
De acordo com relatório da OMS de 2017, o Brasil é o país que apresenta o segundo maior número de casos novos no mundo, sendo responsável por 12,67% dos novos portadores da doença no planeta. No Pará foram registrados 2.598 ocorrências.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Hilton Rodrigues