SMS: Marabá disponibiliza rede de atenção à saúde mental, referência na região
O mês de janeiro coloca em evidência a Campanha “Janeiro Branco” com o objetivo de conscientizar a população quanto aos cuidados e a prevenção relacionados à saúde mental. Muito além de uma campanha, é necessário também explicar à população quais os dispositivos de atenção à saúde mental presentes no município.
Marabá conta com atendimentos voltados à baixa, média e alta complexidade. As Unidades Básicas de Saúde realizam o atendimento na ponta, sendo a porta de entrada da rede. Responsável pelos casos considerados leves, as UBS’s possuem profissionais capacitados para atendimento à população e para os devidos encaminhamentos quando necessário.
Já o Ambulatório Especializado em Saúde Mental (Ament) é voltado para os casos moderados. Fundado em 2021, surgiu para atender uma demanda por consultas específicas para a saúde mental no município.
No ambulatório são realizadas consultas com médicos especialistas em saúde mental, acompanhamento psicológico, além de contar com profissionais como assistente social e testes neuropsicológicos voltados para crianças que têm suspeita de autismo ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Pessoas com depressão, síndrome de Burnout, transtorno bipolar e outros transtornos podem ser acompanhadas pelo Ament, que atualmente conta com cerca de 700 pacientes ativos.
Os casos considerados graves, persistentes e severos são encaminhados para o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), que também funciona em serviço de porta aberta.
No Caps, além do acompanhamento, há também diversas atividades realizadas em grupos como oficinas, por exemplo, que buscam proporcionar outras experiências aos pacientes, que auxiliam no tratamento das pessoas que apresentam quebra de vínculos sociais causada pelo transtorno.
No caso de crises mais brandas, os pacientes são encaminhados para o acolhimento integral do Caps onde serão acompanhados por alguns dias dentro do próprio centro até retornarem à estabilização.
“Em caso de surtos mais graves onde esse paciente realmente tem um rompimento total com a realizade, ou seja, vai estar em um quadro psicótico, alucinando, delirando, ou se expondo socialmente, se colocando em situações de risco, esse paciente deve ser encaminhado para a emergência psiquiátrica, que é o pronto socorro do hospital municipal. A partir de uma avaliação criteriosa, esse paciente será direcionado para a internação na ala psicossocial do Hospital Municipal de Marabá”, explica o enfermeiro psiquiátrico e responsável técnico do Ament e da Ala Psicossocial do HMM, João Augusto Miranda.
A ala foi implantada no Hospital Municipal de Marabá (HMM) em outubro de 2014 e já registou 967 internações. Em todas as ocasiões, os pacientes foram estabilizados.
Pelo fato de Marabá ser um polo, a Ala Psicossocial social atende também pacientes provenientes de cidades como Itupiranga, Rondon, Canaã dos Carajás, Eldorado, São Domingos e São Geraldo.
“Marabá é referência em saúde nessa microrregional de saúde. Marabá possui uma rede relativamente bem montada. Nesse sentido, Marabá dá um apoio para esses municípios no que diz respeito a essa estabilização psiquiátrica porque existem critérios para que sejam implantados leitos psicossociais como nós temos aqui”, observa o enfermeiro psiquiátrico João Augusto Miranda.
Ele explica que os leitos da ala psicossocial do HMM são leitos de retaguarda e que atualmente não se prevê mais internações de longa duração como acontecia antes da Reforma Psiquiátrica, que ocorreu em 2001 com a Lei nº 10.216.
O intuito da internação de curta permanência é realizar a estabilização psiquiátrica e reinserir o paciente no convívio social com a família, a comunidade e também a rede socioassistencial para que seja assistido na promoção de suas potencialidades e habilidades.
“A reforma psiquiátrica prega de fato a redescoberta do indivíduo enquanto ser humano, a potencialização dessas habilidades desse indivíduo, a reinserção social dele e, dessa forma, os instrumentais mais adequados para essa ressocialização e potencialização do indivíduo na sociedade e que seja um modelo de assistência aberto, comunitário, através da assistência básica, do Ament, do Caps e de toda a rede socioassistencial”, reitera João Augusto Miranda.
Sendo assim, o objetivo da política nacional de saúde mental é fazer com que as pessoas que tenham transtornos mentais cheguem à internação apenas quando os outros dispositivos de atendimento da rede não conseguirem sua estabilização.
Para o enfermeiro João Augusto Miranda, Marabá vive um bom momento no que diz respeito à disponibilização de serviços importantes para a promoção da saúde mental como a implantação do Ament que ajudou a desafogar os atendimentos do Caps.
“O Ament vem na sua rotina terapêutica trazendo as consultas médicas, psicoterapia, avaliações neuropsicológicas para crianças. Era um serviço que não existia até 2021 e hoje nós estamos também trabalhando com as terapias grupais. Inclusive retornamos os grupos de atendimento pedagógico para crianças autistas que era algo que não estava acontecendo em Marabá e também o grupo de orientação para as mães dessas crianças autistas”, finaliza.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Paulo Sérgio e Arquivo Secom