Saúde na Escola: Na EMEF Ida Valmont, estudantes com deficiência ganham sábado interativo com atividades desportivas e lúdicas
Mais de 50 alunos da rede municipal de ensino que apresentam algum tipo de deficiência, participaram hoje, 22 de outubro, de um sábado pra lá de divertido, na Escola Ida Valmont, bairro Belo Horizonte, núcleo Cidade Nova. Esta é mais uma ação do Programa Saúde na Escola, promovido pelas secretarias municipais de Saúde e Educação (SMS/Semed), por meio da Coordenação de Programas Especiais e Porta a Porta/SMS e da Coordenação de Educação Especial/Semed.
“É um momento que eles podem interagir entre si, trocar ideias, experiências, vão poder brincar e a interação é o mais importante para nossos alunos. Eles aprendem com a educação, mas neste momento de interação é que está a vivência, a vivência que eles vão poder levar para o dia a dia”, ressaltou Thais Mendes Martins, coordenadora da Educação Especial da Semed.
“É uma forma de promoção à saúde, atividades de esporte e de lazer. É importante a gente incluir essas pessoas com deficiência dentro dessas atividades, para a gente não ficar com eles só dentro da sala de aula, só dentro de atendimentos de saúde. Então a gente achou importante trazer atividades dentro de uma escola, porém com atividades extraclasse para que tivessem de verdade uma atividade de lazer”, enfatizou Thais Santos Pinheiro, assistente social e coordenadora do Porta a Porta da SMS.
Além do xadrex, as crianças e adolescentes participaram da bocha, que é uma atividade paralímpica e foi ministrada pelo professor de Educação Física Jonh Hans Macedo, integrante do Projeto Marabá Paralímpico. “A bocha é um esporte de alto precisão, que é praticada por pessoas com paralisia cerebral. Ela promove a interação, a brincadeira, a precisão, a mobilidade, a lateralidade”, explica.
E quando o assunto é a pergunta é o sentimento que isso traz para o professor. Os olhos dele brilham mais pra responder. “É muito gratificante. Eu trabalho há algum tempo nessa modalidade e trazê-la, de forma lúdica, que todos podem participar é extremamente prazeroso. E no projeto, eu tenho uma história lá dentro, fui voluntário né. E é algo que a gente busca descobrir o potencial da criança, para que ela possa participar de competições, e, com isso, aumentar a autoestima delas no dia a dia, essa é a nossa função maior”, declarou.
A bocha deixou Renner Oliveira, 10 anos, que estuda na Escola Ana Creusa, ainda mais animado.
“Eu achei legal, interativo, acho que ela pode ajudar as pessoas a relaxar um pouco. Até que é legal essas atividades, tô gostando e gostei dessa última, mais legal, quase acertei, mas é também porque é difícil”, contou.
A oficina de pintura e a nossa equipe de reportagem arrancou risos da Débora Pereira, 18 anos, que estuda na Escola Heloísa de Souza Castro. “É uma borboleta preta e vermelha. Tô gostando, gostando mais de pintar. Eu já fiz a maçã e agora estou fazendo a borboleta. Essa atividade é boa, é perfeita, é bem facinho aprender. Os professores são legais”, disse pra nossa equipe.
As crianças também aprenderam a modelar brigadeiros de leite, em forma de frutas. A dupla da Maria Paula dos Santos Benício, 14 anos, que gosta de ser chamada de Duda, aprendeu rapidinho. E atividade que mais gostou, foi mesmo de fazer doce. “Nunca tive oportunidade de experimentar, de fazer, e aí eu tô amando fazer isso, é muito bom, muito criativo”, contou, dizendo que o xadrez foi difícil, mas teve uma parte legal.
A mamãe Eliane Almeida Viana estava emocionada e orgulhosa ao ver a filha Emily, autista, 12 anos, pela primeira vez em atividades como essa.
“É uma felicidade ver ela fazendo alguma coisa, com outras crianças, é muito satisfatório. Do xadrez, ela participou pouco, mas daqui (oficina de doces), ela gostou. Ela nunca participou desse tipo de evento, o coração da mamãe ficou maravilhoso, felicidade. A partir de agora, ela vai participar de todos”, confirmou.
Entre as monitoras da atividade estava a professora Luciana Pereira da Silva, que trabalha na Escola Pedro Marinho, na Vila Brejo do Meio. Com sete anos no ramo, ela começou a trabalhar esse ano diretamente na Educação Especial e cada dia vive um novo aprendizado com as crianças.
“Essas atividades servem para os alunos estarem incluídos no meio de outras pessoas, dizendo que eles estão prontos para estarem no meio social, para seu desenvolvimento cognitivo, suas habilidades, para que não fiquem isolados num cantinho, mas para que eles não sintam que não possam fazer isso ou aquilo, tudo pode dependendo do nível de cada um”, afirmou a professora, reiterando que o profissional dessa área precisa trabalhar com o coração aberto.
“A gente tem que trabalhar com amor, primeiro não pode olhar porque você está lá, o que vai fazer ou quanto ganha. Cada criança é diferente da outra, por mais que tenham a mesma deficiência, vão ser tratadas individualmente, e cada uma tem um carinho especial. A nossa retribuição é o rostinho deles, dizendo ‘Professora eu gostei, professora obrigada, professora eu não sei fazer, mas eu tô conseguindo, eu tô tentando’, e isso é uma recompensa”, ressaltou.
Os alunos foram transportados pelo serviço Porta a Porta, da Secretaria Municipal de Saúde, que, atualmente, atende 120 pessoas com deficiência, dificuldade elevada de locomoção e autismo.
“O programa Porta a Porta é oferecido pela Prefeitura com veículos adaptados. Hoje estamos com dois veículos adaptados para usuários com cadeira de rodas, porém nosso público também é do espectro autista. Elas já fizeram o cadastro, procuram a coordenação do Porta a Porta na Secretaria de Saúde, a gente faz uma avaliação social, uma avaliação médica. E quando elas precisam do carro para fazer alguma atividade relacionada à saúde, consultas, exames, fisioterapia, agendam com antecedência, o carro faz a busca em casa e depois do atendimento, leva de volta para suas residências”, explicou a coordenadora Thais Santos.
O telefone para agendamento e outras informações é 91 99602-8500 (Whatsapp).
Texto: Kélia Santos
Fotos: Paulo Sérgio