Saúde: Infectologista explica a diferença entre HIV e Aids
Quando a Aids veio à tona, na década de 1980, junto com ela veio uma série de dúvidas e preconceitos que até hoje permanecem na sociedade que, por falta de informação de qualidade, continua tratando o tema como um tabu.
O Governo Federal instituiu a campanha Dezembro Vermelho em 2017 com o objetivo de promover a conscientização sobre o vírus HIV e Aids. Nesta campanha, o Serviço de Atendimento Especializado/Centro de Testagem e Aconselhamento (SAE/CTA) em Marabá tem uma programação especial, sob o tema é “HIV/Aids: Positivo ou negativo, fique sabendo”. Para tratar sobre esta diferença, o profissional Harbi Othman fala sobre a importância do conhecimento sobre o tema e sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce.
O médico infectologista Harbi Othman atua no Serviço de Atendimento Especializado/Centro de Testagem e Aconselhamento (SAE/CTA) de Marabá. O Centro é responsável pelas ações de prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pessoas com HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis.
Ele explica que HIV refere-se ao vírus que, quando não é monitorado e tratado, pode evoluir para a doença que é a Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida).
“O vírus, após o período sem diagnóstico, sem tratamento adequado, evolui causando problemas no sistema imunológico da pessoa que chega num determinado momento que isso se torna grave e a pessoa fica imunodeprimida. Isso ocasiona várias outras infecções oportunistas e esse é o momento que a gente considera o paciente com a Aids. Nem todo paciente que tem HIV tem Aids”, ressalta o médico.
Segundo o médico, por isso é importante que o diagnóstico seja realizado rapidamente para que a pessoa tenha acesso ao tratamento e não desenvolva a doença.
Diante disso, a campanha Dezembro Vermelho de combate à Aids tem essa missão de estimular as pessoas a realizarem a testagem e procurarem atendimento para que, caso seja diagnosticado com o vírus, possa seguir com a vida normalmente realizando o devido tratamento.
Em relação ao tratamento, que é contínuo, antes chamava-se coquetel pela grande quantidade de comprimidos e efeitos colaterais que causava aos pacientes. Atualmente, a maior parte das pessoas que fazem esse acompanhamento tomam no máximo dois comprimidos com quase nenhum efeito colateral. Isso foi possível, graças ao avanço das pesquisas na área.
“Quando a gente trata o paciente, a gente consegue zerar essa carga viral na circulação do paciente. Isso permite com que a imunidade desse paciente se recomponha e ele passa a ser intransmissível. A mulher pode ter filhos, o casal pode ter relações sem risco de um transmitir para o outro, a partir do momento que a gente consegue deixar a carga viral indetectável”, explica o infectologista Harbi Othman.
“A ciência avançou bastante e continua avançando. Cada dia a gente tem novas informações”, reitera.
Nesse sentido, o médico aponta que um dos papéis do SAE/CTA é levar informação para a população a fim de quebrar estigmas ainda presentes no pensamento de muitas pessoas a respeito da doença.
Em relação à prevenção nunca é demais repetir: o uso do preservativo é imprescindível. Além disso, o CTA também dispõe de outros serviços que disponibilizam insumos para prevenção como a Profilaxia Pré-Exposição, recomendada para situações específicas.
“Quanto antes a gente faz o diagnóstico, a gente consegue diminuir eventuais problemas que a pessoa possa ter por causa de um longo período com infecção sem tratamento. Então, se precisar fazer tratamento, se for diagnosticado o vírus, a gente precisa quebrar esse estigma. É uma infecção como outra qualquer. No tratamento contínuo a pessoa vive bem, não transmite, não expõe outras pessoas ao risco. Estamos aqui para tirar dúvidas da população. Fiquem a vontade. A porta do CTA está sempre aberta“, finaliza o médico.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Aline Nascimento