Saúde: SAMU recebe cerca de 30 trotes diários que prejudicam o atendimento
O trote pode parecer uma brincadeira leve e descontraída para algumas pessoas, mas pode custar a vida de um ser humano. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) chega a receber em média 29,6 trotes por dia, o que prejudica o trabalho dos atendentes, que em vez de atender uma real necessidade, acabam perdendo o tempo em linha com uma falsa ligação de urgência.
Passar trotes ao SAMU é um crime previsto no artigo 266 do Código Penal Brasileiro, que prevê pena de um a seis meses de detenção.
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“Nos últimos 12 meses tivemos uma média de 4.574 chamadas por mês, dessas 890 eram trotes. São quase 900 pessoas que podem ter sido prejudicadas por precisar ligar e ter a linha ocupada ou não ter ambulância por que elas estavam atendendo uma ocorrência falsa”, comenta Walternice Vieira, coordenadora do SAMU.
A Central Regional de Regulação das Urgências na Região de Carajás (CRRU) foi criada em 2013. A Central é responsável pelo atendimento do SAMU em 17 municípios da região, somando mais de 930 mil pessoas cobertas pelo serviço 24 horas por dia. Só na cidade de Marabá a média de ocorrências atendidas é de 763 por mês.
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O atendimento começa quando a pessoa liga para o número 192. Quem atende é um Técnico Auxiliar de Regulação Médica (TARM). Este é o primeiro profissional a ter contato com o solicitante e além de procurar as informações para agilizar o atendimento, ainda acaba tendo que se preocupar em identificar se a ligação se trata de um trote.
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“É muito complicado porque como é um serviço de urgência, o tempo é muito crucial. Como já temos certa experiência, muitas vezes a gente consegue identificar se se trata de uma chamada falsa e consegue agilizar. Quando alguém passa trote acaba atrapalhando a ligação de outra pessoa que precise de atendimento. São 20 a 30 trotes por dia. Fim de semana aumenta a frequência” comenta o TARM Ludimiro Silva.
Responda as perguntas adequadamente
A coordenadora Walternice Vieira, destaca também que após essa triagem, a ligação será passada para o um médico regulador que fará outras perguntas para averiguar o local e que é importante que o solicitante tenha paciência e responda as perguntas adequadamente.
O SAMU Marabá conta com dois tipos de ambulâncias, que são acionadas de acordo com a avaliação feita pela regulação. A primeira é a Unidade de Suporte Básico (USB), que atende casos de urgência, quando não há risco iminente de morte e a segunda é a Unidade de Suporte Avançado (USA), que atende os casos mais graves, com risco de morte. Essa unidade conta com UTI móvel. As perguntas também definirão qual veículo dirige-se ao local e qual a equipe.
“Uma triagem mal feita pode fazer com que desloquemos equipes desnecessariamente a um local. Em Marabá temos uma unidade de suporte avançado que vai médico, enfermeiro, condutor e quatro de suporte básico que transporta o técnico e o condutor socorrista. Por isso precisamos que sejam respondidas das maneiras mais claras e eficientes possíveis”, destaca Walternice.
A equipe do SAMU conta 24h por dia com dois médicos reguladores e intervencionistas responsáveis por decidir quais equipes serão enviadas.
Pedro Henrique Fornaciari é um deles e destaca que a partir do momento que a ligação é transferida para ele, cada pergunta já é um atendimento médico.
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“Toda vez que recebemos ligação, o serviço é atendido pelos técnicos que passam a ligação pra gente com endereço e outras coisas. Após vir para cá, toda pergunta que a gente faz já é um atendimento médico. Desde o local que ele se encontra, as condições, se está acordado, se for afogado, qual o local da cena, como se encontra. Às vezes falta paciência para responderem, o que dificulta a avaliação. É preciso entender que estamos vendo através dos olhos do solicitante”, destaca.
Marabá conta com três bases do SAMU, sendo uma em Morada Nova e São Félix, uma na Nova Marabá, anexa ao Hospital Municipal e uma na Cidade Nova, ligada à Secretaria Municipal de Saúde.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes