Saúde: Servidores da saúde participam de treinamento para controle de hanseníase
No período de 25 a 27 de março, médicos e enfermeiros da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e da Sespa participam do treinamento “Propostas Inovadoras para intensificar esforços para um Brasil Livre da Hanseníase”, no auditório da Unidade de Saúde da Família Emerson Caselli, no Bairro Liberdade. A capacitação é ministrada em parceria do Ministério da Saúde com a Organização Pan Americana da Saúde (OPAS), visando a redução da prevalência da hanseníase em Marabá.
Segundo o palestrante, Luciano de Almeida Burdmann, médico consultor do Ministério da Saúde, até algum tempo atrás era feita a busca e tratamento somente das pessoas acometidas pelo bacilo da hanseníase, deixando de fora os contatos desses doentes, que muitas vezes adoecem também perpetuando o ciclo da enfermidade.
A intenção do Ministério é fazer com que os municípios com grande prevalência da doença façam a busca ativa e acompanhamento dos contatos domiciliares, fazendo com que a hanseníase deixe de ser transmitida e alcancemos patamares aceitáveis, de acordo com o que preconiza a OMS – Organização Mundial da Saúde.
O médico afirma que 90% das pessoas são imunes a essa bactéria. Mesmo assim, o Brasil é o segundo país em hanseníase no mundo, perdendo somente para a Índia, sendo que o Norte e Nordeste brasileiros têm os maiores índices de acometidos pela doença, ou seja, são super endêmicos, com proporções superiores a 40 indivíduos por cada 100 mil habitantes, quando o ideal, para erradicar a doença, seria menos de um elemento a cada 100 mil habitantes.
Questionado acerca da metodologia para fazer essa busca, Almeida disse que são várias as técnicas. Uma delas é ir às escolas e examinar crianças com sinais para hanseníase, examiná-las e, se positivo, ir atrás de seus familiares e tratar todos os contaminados. “É um trabalho de formiguinha, demorado, mas no final será quebrada a cadeia de contaminação dentro daquela família”, conta.
Por sua vez, a técnica de Controle de Hanseníase na Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), Isabel Damin, disse que veio a Marabá pela segunda vez para acompanhamento desse programa, principalmente os contatos, para que se tenha realmente o controle dessa doença. Além de Marabá o projeto acontece em Belém como plano piloto e que, se bem-sucedido, será estendido para outros municípios paraenses.
Ela diz que Marabá vem diminuindo a taxa de prevalência a cada ano, mas reconhece que não é o ideal, ou seja, o município está longe de chegar a níveis aceitáveis, diante da grande do número de doente no momento.
Samira Lira, coordenadora de doenças crônicas na SMS, disse que esse treinamento será posteriormente estendido a todas as unidades de saúde (urbanas e rurais) do município. Marabá já faz a busca de contatos de hansenianos, sendo que tem alguns desses contatos com a doença que já fazem o respectivo tratamento. No entanto, o objetivo é intensificar, por intermédio de agentes comunitários de saúde a busca desses contatos.
De acordo com Naziana Bezerra, visitadora sanitária do Ministério da Saúde, cedida para o município, Marabá tem hoje 171 pessoas em tratamento de hanseníase, sendo 144 adultos e 27 crianças.
Com base em 2018, houve 135 novos casos da doença o que corresponde a uma proporção de 50,75 enfermo para cada 100 mil habitantes, considerando uma população de 266 mil habitantes. Este ano, até esta data (25 de março), a SMS contabiliza 34 novos casos de hanseníase em Marabá.