Seagri: Começa a funcionar a Compostagem no Residencial Jardim do Éden
Cerca de 30 famílias de horticultores da horta comunitária trabalham na primeira produção da compostagem de resíduos sólidos orgânicos, implantado pela Secretaria Municipal de Agricultura (Seagri), no Residencial Jardim do Éden. O pátio de compostagem localizado aos fundos do Núcleo de Educação Infantil (NEI) Tia Cleide, entrou em funcionamento no mês de maio, mas já está gerando expectativas na comunidade que participa diretamente do projeto “Põe no Balde” com a entrega do lixo.
O engenheiro ambiental Mateus Rocha, responsável pelo projeto, explica que a compostagem é o tratamento dos resíduos sólidos orgânicos, uma transformação em adubo orgânico. O objetivo é enriquecer o solo para a agricultura substituindo o adubo químico.
“Foi feita uma capacitação pela Secretaria Municipal de Agricultura juntamente com os técnicos. Houve acompanhamento, desde palestras até monitoramento dos materiais e entrega de kits de equipamentos. Aqui eles têm a oportunidade de transformar resíduos orgânicos em adubo para ser utilizado tanto na horta comunitária, na produção de hortaliças, como também para possível venda. Então queremos que eles abracem o projeto e que Marabá seja referência no tratamento de resíduos sólidos”, enfatiza o engenheiro.
No projeto da compostagem, os horticultores contam com a contribuição da população. Assim, são distribuídas as chamadas bombonas (recipientes de plástico de 50 litros) às residências, os chamados pontos de entrega voluntária (PEV) com localização em cada rua do residencial. A família faz a separação do lixo orgânico (sobras de alimentos, frutas, legumes, casca de ovos, serragem, etc.). Um integrante do projeto faz a coleta e encaminha ao pátio de compostagem, onde se inicia um novo processo.
Ao chegar na usina, os resíduos coletados e já separados são armazenados em pilhas com uma leve cobertura com palhas e capim seco, onde ficam em processo de decomposição e formação de adubo. Todo o processo acontece em média de 120 dias.
Os horticultores montam as chamadas leiras, que são estruturas com uma base de matéria vegetal seca principalmente galhos e material grosseiro provenientes de podas. Ao receber os resíduos, uma mistura é feita para garantir a inoculação do composto. O sistema funciona com aeração passiva, que garante o processo termofílico de compostagem. Com a alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas, os insumos se transformam em adubo orgânico.
Reully Arrais, presidente da Associação de Moradores, ressalta os benefícios que o projeto de compostagem tem levado à comunidade.
“Os benefícios são inúmeros, a gente pode citar mesmo que está gerando renda para horticultores. Vão ter adubo para as hortas, vão produzir mais hortaliças e hortifrutis sem agrotóxico e com qualidade. Mas também tira muitos resíduos das ruas, evitando lixos espalhados por conta dos cães que rasgam as sacolas plásticas e ainda evita doenças porque muitos roedores e insetos deixam de existir por conta da compostagem”, aponta o morador.
Funcionamento
No residencial Jardim do Éden, o pátio de compostagem funciona às segundas, quartas e sextas-feiras, no início da manhã e no final da tarde. Rita Matos, coordenadora do pátio de compostagem, explica que a montagem das leiras é feita pelos horticultores dentro de uma hora. Todo o material utilizado foi doado pela Seagri, tais como, ferramentas e equipamentos de proteção individual (EPI’s).
“Já foram feitas duas leiras, estamos na terceira. Coletamos uma média de 1.717 quilos de resíduos orgânicos, lixo que retiramos das ruas do residencial, evitando animais, e esses tipos de coisas. A nossa expectativa é colher a primeira leira daqui há três meses pra saber se o adubo vai ser bom mesmo para a horta”, observa a coordenadora.
Horticultores anseiam pelo o adubo orgânico
Dentre as vantagens da compostagem, além do melhoramento do solo para a horta, a expectativa é de que o adubo gere renda e ao mesmo tempo economia para os horticultores que vão passar de clientes a fornecedores de um adubo com qualidade, o produto será comercializado.
Arquimedes dos Santos, 63 anos, é um dos horticultores mais experientes do lugar. Ele viu os projetos da horta e da compostagem nascerem e participa com entusiasmo.
Projeto “Põe no Balde”
“Isso traz muitas expectativas pra gente que precisa muito trabalhar com adubo, com esse trabalho da compostagem isso vai ajudar. Com o adubo a gente vai melhorar também a produção”, disse otimista.
Maria Rosilene Silva, 50 anos, enfatiza a geração de renda que o projeto traz para as famílias envolvidas.
“Eu não estava trabalhando e apareceu a oportunidade de virmos pra cá. Eu vendo hortaliças, praticamente daqui tiro o sustento. Com a compostagem vai ficar melhor, porque a gente tava com problemas de adubo, estavam morrendo as coisas. Agora com esse aí já ouvi falar que é bom”, pontua a horticultura.
O projeto de compostagem dos resíduos sólidos orgânicos atualmente funciona nos dois residenciais Jardim do Éden e Tiradentes, realizado pela Seagri com apoio financeiro do Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal e FNMA – Fundo Nacional do Meio Ambiente e Ministério do Meio Ambiente.
Projeto Põe no Balde
O Projeto Põe no Balde é desenvolvido em dois residenciais: Jardim do Éden e Tiradentes, pela Seagri com apoio financeiro do Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal e FNMA – Fundo Nacional do Meio Ambiente e Ministério do Meio Ambiente. Ele conta com 638 famílias participantes e 2 hortas comunitárias com 60 produtores de hortaliças, que trabalham na ação da segregação dos materiais e reciclagem dos resíduos sólidos orgânicos por meio da técnica de compostagem. Com isso, a Prefeitura de Marabá realizou a construção de 2 pátios de compostagem, com orçamento em R$ 210.774,00.
Para os orgânicos, foram doados 600 baldes de 5 litros aos moradores para a segregação do material na fonte, que incluem restos de alimentos, borras de café, casca de fruta, sobras de legume e verduras, guardanapos de papel. Cada morador destina os materiais em bombonas de 50 litros, nos chamados pontos de entrega voluntária (PEV). Atualmente existem 88 PEV espalhados nos residenciais (58 no Tiradentes e 30 no Jardim do Éden).
A Seagri disponibilizou diversos materiais aos horticultores no intuito de iniciar o projeto, como luvas, botas e camisas a cada colaborador. Além de maquinários e veículos, como 2 triciclos, 1 caminhão Delivery, 1 veículo popular, 2 trituradores de materiais, 1 mini pá carregadeira, 2 peneiras rotativas, 2 balanças analíticas com capacidade de 300 Kg, 30 pás de bico, 20 Garfos, 20 Ancinhos, 20 enxadas e 20 Carrinhos de mão.
No Residencial Tiradentes, a coleta dos resíduos foi iniciada em 2021, enquanto que no Residencial Jardim do Éden, o projeto teve início em maio de 2022. No ano de 2021, foram coletadas um total de 3.436 bombonas, contendo 29,39 toneladas de resíduos orgânicos.
Além disso, foram coletados ao todo 130,11 toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU), sendo 29,6 toneladas resíduos orgânicos e 101 toneladas de palhas das limpezas urbanas). E, produção estimada em 43,59 toneladas de adubo orgânico, com ensacamento de 1090 sacos de 40 quilos de composto.
Para o ano de 2022, já foram coletadas 11 toneladas de RSU, com projeção em 13,8 toneladas de composto orgânico para ser utilizado nas hortas e também para sua comercialização.
Texto Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento
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