Seaspac: Centro POP já acolheu mais de 100 usuários este ano
De passagem por Marabá, o vaqueiro Getúlio Pereira Chaves perdeu todo seu dinheiro e celular quando estava na rodoviária do Km 6. Ele ia de São Félix do Xingu, onde trabalha, para Capanema onde mora com a família. Sem dinheiro para passagem e sem ter onde ficar, Getúlio foi atendido pelo Acolhimento POP, órgão municipal responsável pelo acolhimento e assessoramento de pessoas em situação de rua.
Desde 2017, quando foi criado, para cá, 548 pessoas já passaram pelo local que foi criado para atender pessoas adultas na modalidade de abrigo institucional, conforme a Resolução 109 do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Entre os serviços realizados pela equipe de funcionários, estão servir refeição, lavanderia, kit higiene, encaminhamento para outras políticas públicas, fortalecimento da autonomia dos usuários, ajuda na busca por trabalho, auxílio na regularização de documentos e outros.
Somente este ano 111 pessoas já foram atendidas. Atualmente, a capacidade do local é de 15 usuários, que ficam em quartos com cama e ar condicionado. Eles também recebem roupa, sandálias e kit higiene. “Qualquer pessoa entre 18 e 59 anos, que esteja em situação de rua pode ser acolhida, seja por demanda espontânea ou abordagem social. A gente leva a equipe que verifica e traz a pessoa para o acolhimento”, explica Maria Zenilde Teixeira, coordenadora do Acolhimento POP.
No caso de Getúlio, ele foi direcionado ao Centro, onde tem acesso a refeição, local para ficar até o dia da viagem e, caso necessário, também ganha a passagem para sua cidade. “Vou embora hoje, 20, às 19h. Eles estão me atendendo muito bem e resolveram meu problema. Fico feliz de ir para Capanema rever minha família”, comenta.
O caso dele, de demanda por passagem para voltar para sua cidade natal é o mais comum, mas o POP também acolhe pessoas que precisam de outros tipos de serviços. “A gente encaminha o usuário para outras políticas públicas. No caso de documentos, levamos até o Estação Cidadania. Podemos encaminhar para o CAPS, para o HMM, para o CRAS, dependendo da demanda”, explica Maria Zenilde.
Marcos Antônio Mota, 49 anos, por exemplo, está no Centro enquanto aguarda os documentos para ganhar o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Cego de um olho, ele trabalhava na rodoviária do Km6, mas com o avanço da doença e a idade procurou apoio no Acolhimento POP. “Gostam de mim, eu gosto deles. Atendimento especial, não falta nada. Muito respeito aqui dentro. Vim com documento, mas faço os atendimentos e me acompanham para o hospital, para retirar os documentos, não me deixam só. Só tenho a agradecer à casa’, conta.
A maior parte das abordagens é feita por meio de informações que chegam por meio do telefone 98422-5506. “Por exemplo, viram alguém na rodoviária em situação de rua, procurem ajuda entrando em contato com a gente. Passam pela situação e a gente vai averiguar, conversamos, trazemos para o acolhimento e vemos a demanda deles. Se é ir embora, se ficam na cidade, se precisam de documentos. A partir daí, vamos fazendo o procedimento e encaminhando para as redes de serviço”, explica Sandra Claudia Severo, assistente social.
A equipe de abordagem é composta por assistente administrativa, assistente social e psicólogo. Outra demanda comum costuma vir do próprio Hospital Municipal de Marabá (HMM), já que a maioria se encontra em situação debilitada de saúde ou foi vítima de algum acidente. “Chegam no HMM e acionam a gente. Às vezes estão em trânsito, sequelado de algum acidente para tomarmos as providências”, reitera.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Aline Nascimento