Seaspac: Centro Pop acolheu 87 pessoas em situação de rua neste semestre
Abrigo, comida, roupa lavada, atendimento psicológico e social. E o melhor de tudo: carinho e atenção. É isso que as pessoas recebem no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Pop), localizado na Folha 29, Nova Marabá. Os usuários do serviço são famílias e indivíduos que vivenciam violação de direitos como violência física, sexual, psicológica, situação de rua, cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, entre outros. O Centro Pop possui maior demanda atualmente de pessoas em trânsito, espontânea, porém muitos outros casos complexos já passaram pelo acolhimento. Neste semestre, de janeiro a junho, a casa recebeu 87 pessoas. A Prefeitura mantém a instituição, bem como possibilita outros vários serviços e encaminhamentos.
A equipe do Pop é composta pela coordenadora, a assistente social Gorete Rodrigues, técnico de referência, administrativo, três monitoras que revezam 24 horas, e ainda zeladora. Segundo a coordenadora, desses 87 usuários, 66 precisavam de passagens, viabilizadas pelas Seaspac (Secretaria de Assistência Social Proteção e Assuntos Comunitários). O mês de maior demanda foi o de maio, onde 39 pessoas usufruíram dos serviços, desses mais de 60% demandavam voltar aos seus locais de origem. “As pessoas que buscam hoje nossos serviços geralmente são de outras cidades e até estados. Eles chegam a Marabá e não tem dinheiro para seguir viagem, as vezes estão de carona, e aí que viabilizamos esse serviço [de retorno para o lar]”, declara Gorete Rodrigues, explicando que existe um processo para conseguir a passagem.
A residência que acolhe pessoas em situação de vulnerabilidade tem lugar para sete pessoas, são dois dormitórios, sendo um masculino e outro feminino, banheiros acessíveis, cozinha, copa, sala, área de estar, além de um amplo quintal. Atualmente apenas três pessoas estão acolhidas no Pop, o que significa que a maioria das demandas foram solucionadas. A exemplo, do último morador da casa, o chinês Tao Yan, que estava acolhido no Pop desde fevereiro, e teve a comunicação e passagens para China e Chile viabilizadas, através da Prefeitura, o caso teve grande repercussão em todo município.
A assistente social Gorete Rodrigues explica que os usuários só são liberados depois que estão bem de saúde. Um monitor da Seaspac acompanha o usuário até o posto de saúde mais próximo para receber atendimento médico. Lá é bem alimentado, com seis refeições diárias (café da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde, janta e ceia antes de dormir). Ao passar pelo Centro Pop, a pessoa sai da precariedade das ruas para receber dignidade. “É um tratamento totalmente humanizado. As dependências são aconchegantes e os banheiros com acessibilidade. A prefeitura proporciona toda essa comodidade, e ainda central de ar. É todo um processo e trabalho que temos com eles, e graças a Deus o resultado é ótimo”, avalia.
O usuário José Maria Neves Tavares, de 59 anos, já está se despedindo do Centro Pop, onde foi acolhido por mais de um ano. Ele vivia em situação de rua no bairro São Félix, doente e sem condições de subsistência. “A equipe do Centro Pop me encontrou e eu aceitei vir para cá. A minha condição estava precária, falaram que eu seria bem tratado. Cheguei aqui e fui bem tratado mesmo, e está tudo ‘de boa’ [sic]. O pessoal que trabalha aqui é muito bacana”, elogia José Maria, já se despedindo do pessoal do Pop. Ele conseguiu um benefício para se sustentar e pretende alugar uma casa no Núcleo São Félix ainda esta semana. Apesar de ter nascido no Tocantins, chegou a Marabá em 1995 e disse que não se acostuma mais se voltasse para terra natal. “Durmo bem aqui, com conforto, o boião [sic] é bom, temos suco, pão, bolo. Durmo até o sono de meio-dia descansando”, complementa ele, que pesava 15 quilos a menos quando estava em situação de rua.
Além de José Maria, o Pop abriga atualmente mais dois moradores, Wenes Rodrigues Rosalino, de 44 anos, natural de Pirenópolis- GO, que mora na casa há cerca de um mês. Além de Sebastião do Carmo da Silva, 44 anos. Ele recebeu abrigo no Centro a partir de uma demanda do HMM (Hospital Municipal de Marabá), há cerca de uma semana, pois vivendo em situação e rua, sofreu violência física.
Atualmente existe uma equipe para abordagem social de pessoas em situação de rua. Para denúncias, solicitações e outras informações o telefone do Centro Pop é 94 99264-1637.
Texto: Emilly Coelho
Fotos: Hilton Rodrigues