Seaspac: Manoel Ferreira, andarilho acolhido pela Prefeitura, ganha festa de aniversário de 68 anos no Cipiar
A tarde de quarta-feira, 13, foi animada no Centro Integrado da Pessoa Idosa Antônio Rodrigues (Cipiar). Isso foi por causa do aniversário de 68 anos do senhor Manoel Ferreira de Araújo, um morador que foi resgatado há cerca de um ano e meio e hoje desfruta dos cuidados disponibilizados no local.
Com boa aparência, sorridente e simpático, o idoso demonstra satisfação por celebrar mais um ano de vida com os amigos que fez no centro. Ele foi acolhido em 21 de junho de 2022, ganhou higienização, foi barbeado e passou por uma cirurgia no olho, realizada Hospital Municipal de Marabá (HMM), para a retirada de um tumor.
“Eu gosto de estar aqui, é muito bom. O povo me trata bem, me cuida. É um lugar bom para ficar. Fiquei feliz com minha festa de aniversário. Comer bolo. Estou feliz sim, graças a Deus”, comenta o idoso.
Muitos devem lembrar do senhor Manoel, barbudo, com roupas sujas, ele costumava dormir em paradas de ônibus pela cidade, principalmente próximo à rodoviária da Folha 32. Com a cidadania e a dignidade devolvida, mostrou-se uma pessoa simpática que convive e adapta-se aos outros idosos.
Ele é natural do município de Santana do Maranhão e veio à Marabá para trabalhar na construção civil, inclusive iria participar da duplicação da rodovia Transamazônica e da construção da orla. Quando chegou aqui, não conseguiu se encaixar, ficou desempregado, foi perdendo tudo o que tinha, a família foi embora e ele acabou indo morar na rua.
Hoje, por problemas mentais e até mesmo pela idade, não recorda detalhes importantes que poderiam ajudar a reencontrar os familiares. Segundo ele, o nome da mãe era Maria Francelina Ferreira de Araújo e, supostamente, a esposa e filhos chamariam Ana Araújo e Suelen, Franciele e François (Françuá), respectivamente.
“Ele oscila momentos de lucidez com outros momentos. Ele conta detalhes de obras que trabalhou em outras cidades e tivemos contato com pessoas que o conheciam e que confirmam muitas histórias que ele conta. Então percebemos que Manoel lembra de muitas coisas. Que foi um trabalhador, viajou bastante e é inteligente. Mas infelizmente perdeu-se em algum momento da vida quando veio a Marabá”, conta a psicóloga do Cipiar, Ivana Elci Lacerda.
Ela faz muitos elogios ao colega e paciente. “Ele é muito amável. Muito carinhoso. Chama aqui de hotel. Percebemos que está feliz e é gratificante para a gente. Ele se dá bem com todo mundo, costuma ficar na dele, mas consegue conversar e percebemos que tem uma bagagem de conhecimento. Conta histórias e cita locais de Goiás. Eu morei lá e percebo que são verdadeiras”, elogia a psicóloga.
No auge dos seus 68 anos, Manoel recebe hoje todos os cuidados necessários. Tem roupas limpas, sandálias novas e assim como os demais idosos acolhidos, faz seis refeições diárias. Ganhou uma cama no dormitório masculino e é acompanhado pelos cuidadores, assistente social, pedagoga, psicóloga e técnica em enfermagem do Cipiar.
De acordo com a coordenadora Adriana Pereira, ele era monitorado por um bom tempo pela equipe de abordagem da Secretaria Municipal de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (Seaspac), até que finalmente um dia aceitou receber ajuda. Já tinham sido feitas várias tentativas da secretaria. Até que foi montada uma força-tarefa entre o Ministério Público, Seaspac, Corpo de Bombeiros e Samu, que o levaram para o HMM e finalmente ele aceitou ser acolhido.
“Foi um trabalho em conjunto. Uma força-tarefa para tirá-lo daquela situação de rua. Era uma situação muito triste, mas a gente precisa também lembrar que o idoso tem autonomia sobre sua vida. Não é obrigado a vir. Quando finalmente aceitou ficamos felizes. Seu Manuel já tem um ano e seis meses que está aqui conosco, criou algumas amizades, às vezes ele se refere à equipe técnica, aos servidores como filhos, é muito carinhoso, é muito amigável com os demais residentes”, comenta a coordenadora do Cipiar Adriana Ferreira. Ela ressalta que é sempre uma alegria comemorar um ano de vida dos acolhidos pelo Cipiar. “Como já é tradição do Cipiar todo aniversariante tem festa. Então nós não poderíamos deixar de festejar e celebrar esse momento de alegria com ele. É algo que traz muito prazer na realização e na execução do nosso trabalho também. Vê-los felizes, assistidos em todos os aspectos da vida, garantindo seus direitos de pessoa idosa”.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes