Seaspac: Programa Família Acolhedora busca novos cadastros
Para participar do projeto é preciso ter mais de 24 anos, todos os membros da família devem concordar com o colhimento, residir no mínimo dois anos em Marabá, ter idoneidade moral, certidões negativas da justiça e atestado de aptidão física e mental
Diante de casos de violações de direitos de crianças e adolescentes, a justiça, por vezes, determina o afastamento delas do seio familiar. Nesses casos, elas são encaminhadas para abrigos enquanto sua situação não é resolvida. Em Marabá, famílias podem se cadastrar para receber essas crianças e adolescentes enquanto a justiça não defere uma decisão. É o Programa Família Acolhedora da Secretaria Municipal de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários.
Entre as principais violações de direitos que levam crianças e adolescentes a serem afastadas do leito familiar por determinação do poder judiciário estão: negligência, abandono, maus tratos e violência em seus diversos âmbitos.
Nesse sentido, as famílias acolhedoras são famílias que se cadastram para recebê-los durante o período em que a justiça, juntamente com a equipe de assistência social, avalia a situação deles e busca a melhor solução. Além disso, é preciso explicar que o projeto não se trata de adoção pois este é executado pelo poder judiciário.
Dentro da política nacional do Sistema Único da Assistência Social (SUAS) há vários tipos de acolhimento, entre eles o Família Acolhedora que, em Marabá, é regulamentado por lei municipal aprovada em novembro de 2017 com o projeto entrando em funcionamento em março de 2018. A duração do projeto é limitada e vai de algumas semanas até dois anos conforme a legislação.
A psicóloga Renilde Xavier faz parte da equipe do programa. Ela ressalta que, para as crianças, é muito bom estar em famílias e ter uma rotina própria, diferente de um abrigo e que ter o cuidado e carinho com a criança ou adolescente é essencial.
“Se não tiver apego não vale a pena ser uma família acolhedora porque essas crianças precisam, muitas delas não sabem o que é o amor, nunca tiveram isso dentro de casa. Quando elas vão para o Família Acolhedora, elas acabam sabendo o que é o amor de verdade, muitas vezes o que é uma família, ter um irmão”, pontua.
O projeto atende a faixa etária de 0 a 18 anos e atualmente conta com 18 famílias cadastradas na cidade. No entanto, com as restrições impostas pela pandemia muitas famílias tiveram que se reorganizar e por algumas limitações não podem acolher crianças atualmente.
A família de Andreia Vieira acolhe, há mais de dois anos, uma criança que hoje está com quatro anos de idade e que tem alguns problemas de saúde. A dona de casa recebeu um link sobre o Família Acolhedora e teve interesse em participar. Logo, ela e sua família participaram do curso, oferecido pela SEASPAC, sobre o projeto e assim receberam instruções sobre o acolhimento à criança.
“A melhor coisa que eu fiz foi entrar para o projeto porque cuidar dela me fez descobrir o amor verdadeiro que vai além daquele que a gente vive no dia a dia com nossos filhos”, relata.
Além do curso, a equipe do projeto faz uma ampla pesquisa para conferir se a família dispõe de ambiente saudável e estrutura necessária para receber uma criança ou adolescente. “Quando a gente entra para o projeto sabe que está acolhendo, cuidando e dando amor para que essa criança tenha um futuro melhor. Então, você entra no projeto, acolhe e ama a criança como se fosse seu filho”, complementa a dona de casa.
Para participar do projeto é preciso ter mais de 24 anos, todos os membros da família devem concordar com o colhimento, residir no mínimo dois anos em Marabá, ter idoneidade moral, certidões negativas da justiça e atestado de aptidão física e mental. Após a família acolher a criança ou adolescente, o acompanhamento é realizado semanalmente por meio de visitas com psicólogo, assistente social e coordenador. A equipe dá todo o apoio necessário para às famílias no que diz respeito à criança ou adolescente como consultas e transferência escolar, por exemplo.
Edvania Alves da Silva tem 44 anos e há dois anos e meio, enquanto aguardava atendimento em um posto de saúde, viu um cartaz falando sobre o projeto. Prontamente anotou o contato, entrou no site e realizou o cadastro.
Alguns dias depois, a equipe do programa entrou em contato para realizar uma entrevista e visita. Ela acolheu uma criança de 11 anos que hoje está com 13 e em processo de adoção. “Desde o início eu quis ajudar uma criança. Minha vida gira em torno de ajudar alguém, dentro das minhas possibilidades”, relata. Quando surgiu a oportunidade de acolher uma criança, Edvania viu como um acontecimento especial. A partir daí ela conversou com a filha com quem mora e a equipe técnica para saber os detalhes do acolhimento.
Edvania Alves da Silva
“Foi algo totalmente diferente daquilo que a gente vive, porque uma coisa é criar sua própria filha desde o início, outra coisa é você cuidar de uma criança crescida que já tem seus próprios hábitos, que quer amor e carinho. Isso nos leva a reaprender a amar”, observa.
Segundo Edvania, participar do programa foi uma experiência que a ensinou bastante, assim como a ajuda a criança a ter condições de conviver quando for para uma família definitiva. “Eu digo sempre que ela é a filha do coração. É um amor inexplicável, as pessoas deveriam se permitir viver esse amor com uma criança que precisa, isso enriquece a gente, torna a gente ainda melhor. Eu desejo o melhor para ela daqui para frente. Ela pode ir para onde ela quiser mas eu sou porto, ela sabe que tem um abrigo lá em casa”,
A titular da SEASPAC, Nadjalúcia Oliveira, faz um apelo para que famílias marabaenses participem do programa.
“Eu gostaria de pedir que se inscrevam no Programa Família Acolhedora, porque é um programa que acolhe a criança nesse momento difícil de transição no judiciário por alguma situação de violação de direitos que essa criança sofreu. Nada se compara a acolhida de uma família. Peço que venham conhecer o programa, se cadastrar. Precisamos expandir o número de famílias acolhedoras” destaca a secretária.
Serviço: Para saber mais informações sobre o Programa Família Acolhedora o telefone para contato via whatsapp é 94988031978 ou email familiaacolhedora.maraba@gmail.com
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Paulo Sérgio, Aline Nascimento, Sérgio Barros e divulgação