Assistência Social: Seaspac realiza seminário sobre Família Acolhedora com ONG, Judiciário e serviço de acolhimento
Ontem, 21, o auditório da Secretaria de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (Seaspac) foi palco de um seminário sobre Acolhimento Familiar com a presença de representantes do Instituto Fazendo História (SP), membros do serviço de acolhimento do município, Vara da Infância e da Juventude, Conselho Tutelar e Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas).
A ação teve por objetivo discutir e divulgar o serviço Família Acolhedora, estabelecido por estatuto em 2009 e passou a funcionar em Marabá em 2018. No Serviço de Acolhimento Familiar, as famílias cadastram-se para que as crianças permaneçam em suas residências durante o período que aguardam adoção ou o retorno a sua família.
“O serviço foi implementado por lei desde 2017 e passou a funcionar de fato em 2018. O serviço é uma política pública que atende crianças que precisam ser retiradas da sua casa por violação de direito, negligência, abandono, abuso ou exploração sexual. O juiz entende que a criança precisa ser retirada e ela pode ir para o abrigo institucional ou família acolhedora que é o programa que estamos falando”, conta Renilde Ribeiro Xavier, psicóloga do Serviço de Acolhimento Familiar.
No Família Acolhedora, as famílias fazem o cadastro para receber essas crianças que permanecem com elas pelo período de 6 meses a 2 anos, até que a justiça defina se a criança irá para adoção ou voltará para sua família biológica.
A promotora de justiça Janicleide Silva Souza, explica que esse sistema de acolhimento familiar é prioridade no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). “Essa ação foi organizada pela equipe do acolhimento de Marabá e o Ministério Público apoia essa ação, que é uma forma de difusão de conhecimento, estratégia e diálogo com a rede de proteção. O que contribui para o fortalecimento do sistema de acolhimento que deve ser prioritário no município”, explica.
Na ação de ontem, sexta, foram apresentados também os dados recolhidos pela Organização Não Governamental Instituto Fazendo História que desenvolve projetos para crianças e adolescentes em serviço de acolhimento, desenvolvendo cursos, atividades e seminários, para formar e acompanhar profissionais que atuam diretamente com eles.
“Um dos projetos que realizamos nos últimos anos tem o objetivo de ampliar o serviço do Família Acolhedora nas regiões norte e nordeste do país. Então a gente desenvolveu um curso online em 2020 e escolheu alguns serviços para supervisão e esse seminário de hoje é uma finalização desse processo, com objetivo de disseminar o conhecimento”, explica Tatiana Barile, coordenadora do Programa de Formação do instituto.
“Esse ano estamos atuando em Marabá e em Santarém e supervisionamos o serviço durante um ano. O programa tem crescido muito agora. Em Marabá está em pleno vapor com 11 acolhimentos e muita coisa acontecendo. O movimento é de expansão para inspirar outros municípios”, completa.
Além da rede de acolhimento de Marabá, participaram funcionários da rede de acolhimento de Bom Jesus do Tocantins.
A psicóloga Renilde Ribeiro destaca as melhoras desse tipo de acolhimento para a criança. A diferença é gritante. No acolhimento institucional tudo é muito coletivo. Na Família Acolhedora, ela é vista como ser único, que tem uma história em que ela vai ter lazer, família. No Instituto ela sofre em relação à institucionalização, não tendo a referência familiar”, explica.
Renilde comenta que o maior receio das famílias em participar do programa é o apego que desenvolvem com a criança.
“Todas as famílias que chegam até a gente perguntam sobre o apego. A gente trabalha com essa família em cima disso. Ela passa por um curso e a gente fala sobre esse apego. É normal que se apegue, mas entenda que em algum momento poderá quebrar o vínculo. Entendermos que estamos ajudando a criança passar por um período tão difícil e que este é um processo prazeroso de ajudar essa criança”, reafirma.
Raquel Cardoso topou o desafio após conhecer o programa através de amigos na igreja que frequenta. Ela destaca que o processo tem sido muito prazeroso. “Eu me interessei para darmos amor a essa criança. No abrigo, elas são bem cuidadas, mas um lar faz toda diferença. São vidas que precisam de amor e carinho. A experiência está sendo maravilhosa”.
Ela conta que já tem uma filha de 14 anos e um filho de 8 anos. A criança que ela acolheu tem 3 anos de idade. “A relação entre eles é muito boa. A amizade deles, a brincadeira é tudo muito gostoso de ver”.
Ela conclama outras famílias a se inscreverem no programa. “Recado que deixo é que tem muito amor envolvido e isso faz bem, coopera com o projeto e ajuda as crianças, a vida e o futuro de quem precisa de uma estrutura e uma base. Participem porque é muito bom, não vão se arrepender não”, reitera.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Aline Nascimento