Secult: A poesia como cura para a alma
“A mensagem que deixo é que os poetas sejam mais valorizados, e que as pessoas leiam mais, estimulem as crianças a gostarem de poesias, porque é do pequeno leitor que se faz um grande escritor”, Aldemira Aguiar
Brincar com as palavras despertando emoções é uma das principais características daquele que geralmente é romantizado pelas pessoas: o poeta ou a poetisa, aquele que consegue por meio de versos traduzir sentimentos, criar fantasias, proporcionar uma leitura agradável mexendo com a imaginação de quem ler o conjunto de versos, denominado poesia. No dia 20 de outubro, o Brasil lembra o dia do poeta, data marcada pelo surgimento do Movimento Poético Nacional, em 1976.
Em Marabá, a Biblioteca Municipal Orlando Lobo é um dos locais onde os poetas se reúnem e também têm oportunidades de divulgar suas obras, como faz a professora normalista e artista plástica, Aldemira Aguiar, de 76 anos, que em janeiro de 2019, lançou na Biblioteca Municipal um de seus livros de fábulas infantis, intitulado “Conta logo, vó”. Aldemira tem uma linguagem particular e desenvolve seus poemas com versos livres.
“Já me disseram que minhas poesias são muito didáticas. O certo pra muita gente é que a poesia instigue, leve a pessoa a pensar, igual telas abstratas, uma pessoa entende de um jeito, outra de outro. As minhas não. São mensagens, linguagem simples, são diferentes”, comenta sobre as obras que desenvolve.
A descoberta da poesia surgiu em um momento difícil da vida de Aldemira, mãe de 4 filhos, moradora de Marabá há 40 anos. Ao ficar viúva, em 2011, precisou lutar contra a depressão e encontrou na escrita um alento. “A poesia vicia, a partir do momento que você começa a escrever, não quer mais deixar de fazer. Isso fez diferença na minha vida, me tirou da depressão. Sai da escuridão, de um buraco”, pontua.
Os primeiros textos de Aldemira foram publicadas no site Recanto das Letras, e foi justamente quando completou 110 publicações que recebeu o convite para participar da primeira de muitas antologias: a coletânea Palavra é Arte (72ª edição da Cultura Editorial/Gilberto Martins), o que segundo ela a deixou entusiasmada para continuar com os escritos.
“Resolvi publicar o meu primeiro livro ‘Respingos de Sabedoria’”. Eu nem fiz em editora, eu era tão crua no assunto que fui direto na gráfica. Fiz 100 exemplares, doei quase todos. Depois descobri a biblioteca, por meio do Airton Souza. Daí fui publicando mais. Os contos infantis, resolvi escrever porque sou avó, professora, de certa forma educadora, então, pelo meu linguajar, maneira de transmitir mensagens educativas que ajudam formar personalidades, eu busquei também os contos infantis”, revela.
Atualmente a poetisa tem cinco livros publicados, sendo dois de poesia para o público adulto, dois infantis e um de frase, o último livro é de 2021, intitulado “Fragmentos da Alma”. A obra surgiu em meio à pandemia. Ela conta que a inspiração vinha pelas manhãs, frases que logo eram postadas nas redes sociais. São um total de 50 mensagens reflexivas.
Com tanta dedicação à arte de escrever, as homenagens já fazem parte da carreira de Aldemira, também reconhecida pelas técnicas de pintura. Uma de suas obras foi capa do IV Anuário Paraense de Poesia.
“Se tivesse mais poetas no mundo, o mundo seria mais humano, melhor. Porque o poeta pensa, reflete muito e vê as coisas com os olhos do coração, diferente de uma pessoa normal, porque o poeta não é normal! [brinca]. Deixa o mundo mais leve. A mensagem que deixo é que os poetas sejam mais valorizados, e que as pessoas leiam mais, estimulem as crianças a gostarem de poesias, porque é do pequeno leitor que se faz um grande escritor”, finaliza.
Aproveitamos a história de Aldemira para parabenizar todos os poetas, que inspiram por meio das palavras, ou melhor, versos, deixando o mundo mais leve e agradável.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Aline Nascimento