Secult: Artista plástico lança livro “Pescador de sonhos” na sexta, 10, no Cine Marrocos
“Ressuscitar sonhos é uma oportunidade única que eu, como artista, tenho de fazer as pessoas refletirem sobre a vida e acreditar no presente”
Na sexta-feira, 10, no Cine Marrocos, a partir das 19h30min, o público marabaense poderá prestigiar o lançamento do livro “Pescador de Sonhos” do escritor e artista visual Valdsom Braga, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura (Secult). O trabalho, segundo ele, retrata a questão do suicídio, com reflexões sobre o socioemocional, ansiedade, solidão e medo. Além de instigar a recordação de sonhos e valores que todos nós temos. O autor fará algumas encenações reflexivas sobre a obra. “Eu me caracterizo com roupas bem diferentes. E essa ideia de promover uma viagem para dentro de si mesmo é muito divertida, porque a gente descobre que todo ser humano é carregado de dores e de alegria. Os dois momentos são importantes na vida da construção de um caráter”, afirma o autor.
Segundo ele, depressão nada mais é do que a ausência de sonhos. Por isso, a obra nasceu para tratar essa problemática, com ênfase na prevenção do suicídio. “É um trabalho muito profundo, mas que não é para deixar a pessoa na zona da solidão. É para ela descobrir que a solitude é um local de encontro consigo e recordar os valores que ele possui”, destaca.
O autor
Filho de Marabá e caçula de dois irmãos, Valdsom Braga é formado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e pós-graduado em Questão Socioemocional e Educativa em trabalhos no Sistema Prisional. O artista também é arteterapeuta e já atuou como cenógrafo, diretor de Arte, cineasta, figurinista, e roteirista. Fez parte do grupo de teatro “Sal da Terra”, trabalhando no “Mar ao luar”, com várias encenações na Praia do Tucunaré. “Era um mundo onde possibilitava às pessoas se encontrarem com elas mesmas, através da arte. Cada ano a gente tinha um tema específico. E foi justamente ali, no “Mar ao Luar”, que me conectei com tantas pessoas importantes, e tive a oportunidade de trabalhar na Premier, em Recife. E lá fui produzir em bandas como Limão com Mel, Calcinha Preta, Calypso e Companhia do Calypso. A partir daí fui para Salvador, trabalhei com Bicho da Cara Preta, É o Tchan, Ivete Sangalo e conheci também Marcos Paulo e André Gonçalves, que foram os atores que me levaram a ter oportunidade de trabalho na TV Globo, com a minissérie Hoje é dia de Maria, revela Valdson, que atualmente reside em Vitória, no Espírito Santo, por conta dos trabalhos que produz no Rio de Janeiro e São Paulo.
O multiprofissional também já percorreu alguns países como a Turquia e Colômbia, onde realizou projetos sociais com crianças refugiadas da guerra na Síria e utilizou recursos financeiros por meio da venda dos 5 livros já lançados.
Contratempos
Mas nem tudo são flores. Durante um período, Valdson precisou largar a carreira como produtor artístico e ativista social, para cuidar de sua mãe, diagnosticada com câncer. “Foram dez anos de entrega, mas também de fazer grandes projetos. Minha mãe faleceu depois desses dez anos, mas eu ainda consegui fazer alguns trabalhos que foram pioneiros no país, como a ‘Ressocialização no Sistema Prisional do Nordeste’. Foram 16 presídios alcançados e as pessoas que tiveram contato com a arte, para lidar com seus traumas, passaram a não se reingressar mais no sistema prisional”, relata.
E mesmo com os problemas familiares, Valdsom afirma que o sucesso nos trabalhos sempre esteve presente. “Já recebi prêmios fora e um dos livros que lancei se tornou roteiro para uma produtora de filmes, que vai lançar esse ano”, revela.
“Eu sempre falo, é meio polêmico, mas enquanto alguns movimentos lutam por direitos específicos, eu acho que a arte vem para quebrar o tabu. Todos os conceitos dentro da arte a gente já encontra liberdade de expressão. Quando eu falo de ideologia de gênero, encontro dentro da arte o artista que pode trafegar em todos os gêneros. E lá não é problema com isso. Um homem pode ser mulher. Então, essas questões são respeitadas dentro do padrão da arte. Então a gente precisa beber mais da fonte da arte, para construir uma sociedade melhor, com menos intolerância, mais respeito. E a arte possibilita isso também”, completa o artista.
A obra
A escolha do título “Pescador de Sonhos”, segundo Valdsom, foi a partir dos próprios alunos da Rede Pública do Nordeste, aos quais ele se apresentava. Para ele, a obra abriu portas para que fosse possível chegar ao íntimo das pessoas, fazê-las refletir sobre a vida e voltarem a sonhar.
“O Pescador de Sonhos nasceu com essa fragilidade que o povo nordestino passa. No interior do Nordeste existem vários casos de suicídio, pois muitos têm desistido de viver. E ressuscitar sonhos é uma oportunidade única que eu, como artista, tenho de fazer as pessoas refletirem sobre a vida e acreditar no presente. O ‘hoje’ é tempo de ser feliz”, reitera.
Expectativa
Por ser marabaense, Valdsom já se conectou com vários amigos da cidade que conhecem o seu trabalho e revela estar empolgado para o lançamento da obra. O artista aproveita para convidar quem ainda não teve a oportunidade de prestigiar as diversas atuações criadas por ele. “Está aí a oportunidade de vir para o Cine Marrocos, para essa casa que faz parte da minha história, onde passei uma vida fazendo trabalhos aqui dentro e é sempre esse local que eu escolho. Por isso, venha viver uma emoção diferente”, finaliza.
Texto: Sávio Calvo
Fotos: Sara Lopes e Divulgação