Semed: Marabá ganha apoio de instituições em prol da educação dos indígenas Warao
Da educação infantil à EJA, indígenas venezuelanos estão estudando em escolas de Marabá para se apropriarem do Português como língua de acolhimento
Há mais de dois anos, um grupo de indígenas da etnia Warao (imigrantes da Venezuela) chegou a Marabá e resolveu permanecer na cidade por um longo tempo. Desde então passaram a ser auxiliados pela Secretaria de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (Seaspac) com aluguel social, regularização dos documentos, cestas básicas e outros. Além disso eles tem um novo espaço de acolhimento, localizado na Marabá Pioneira, no prédio do antigo NEI Magalhães Barata, cedido em uma parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semed).
A Semed passou a atuar junto a eles, recebendo apoio de outras três instituições de ensino superior: a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), Universidade do Estado do Pará (UEPA) e Instituto Federal do Pará (IFPA), as quais propuseram desenvolver ações, a fim de garantir que crianças, adolescentes, jovens e adultos Warao fossem inseridos no sistema de educação escolar.
Na última semana, a Secretaria Municipal de Ensino enviou relatório ao Ministério Público Estadual para mostrar as ações que estão sendo desenvolvidas. Nele, informa que uma equipe multidisciplinar fez visitas à comunidade consultas com as famílias, apresentando o projeto para que conhecessem e que pudessem ser ouvidos a respeito da inserção no processo educacional, dos problemas socioeconômicos pelos quais têm passado, além de saber a necessidade imediata do que precisam aprender sobre a Língua Portuguesa para viverem melhor neste município.
Durante as consultas, todos os membros da comunidade Warao em idade escolar, se mostraram interessados em estudar. Dessa forma, pediram que as turmas fossem organizadas respeitando a faixa etária dos alunos, as crianças no período da manhã e os adultos no período da tarde, visto que durante a manhã estão na rua vendendo artesanatos e fazendo coleta para o sustento de todos. Eles manifestaram o desejo em estudar de imediato, pois precisam aprender a língua para facilitar a venda de produtos alimentícios e artesanatos na cidade, ou seja, uma linguagem prática que os ajude na comunicação com a população marabaense, já que pretendem continuar vivendo nesta cidade.
Para a realização da matrícula dos alunos, as instituições sugeriram a adequação da ficha de matrícula. Para essa adequação, a SEMED, em parceria com as outras três instituições, elaboraram uma ficha anexa a ficha já existente com informações como etnia, língua e outras informações para contemplar a população indígena e outro público diferenciado que possa surgir.
A Secretaria Municipal de Educação criou turmas para o curso de ensino de Língua Portuguesa como segunda língua – PLAc – Português como língua de acolhimento exclusivo aos Warao, no intuito de contribuir com o processo de inserção dos mesmos no ensino regular e realizou a matrícula de 33 alunos Warao na educação infantil, Fundamental I/II e Educação de Jovens e adultos.
Na Marabá Pioneira, os alunos foram inseridos em três escolas no núcleo da Marabá Pioneira, próxima à residência onde estão abrigados, respeitando o critério idade/série. Os alunos da educação infantil foram inseridos no NEI Arco Íris; os alunos do ensino fundamental regular estão na Escola Rufina Nascimento; e os alunos da EJA estão inseridos na Escola Judith Gomes Leitão.
Há um segundo grupo, que está acolhido em uma residência à Avenida Gaviões, Bairro Laranjeiras, com apoio da comunidade católica. No total, são 10 famílias com 46 pessoas no total. Os alunos da educação infantil foram inseridos no Nei Maria Clara Machado; os alunos do Ensino Fundamental Regular estão na Escola Elinda Simplício Costa e os alunos da EJA estão inseridos na Escola Darcy Ribeiro.
As aulas presenciais começaram no dia 13 de setembro. No entanto, os alunos Warao só começaram a frequentar as aulas dois dias depois, no dia 15 de setembro, pois os professores foram orientados pelo núcleo de Educação Escola Indígena a trabalharem a conscientização com os demais alunos e comunidade escolar no geral sobre a situação dos povos em situação de imigração para que dessa forma, os alunos Warao fossem melhor acolhidos.
Todos os 37 alunos inseridos na Rede Municipal de Ensino pertencentes a essa comunidade receberam da Secretaria Municipal de Educação, material didático de acordo com a necessidade de cada série, além do cronograma de escalonamento de cada escola, como também orientações sobre os horários e funcionamento escolar. Ao todo, nas duas casas, vivem 116 indígenas Warao, sendo 43% (66 indivíduos) menores de 18 anos e 47 mulheres e meninas.
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Texto: Ulisses Pompeu
Fotos: Aline Nascimento