Semed: Pais e alunos vivem a expectativa do retorno das aulas presenciais
É no cantinho montado no quarto de casa, que Jardiel da Silva Santos, 10 anos, tem estudado desde o início da pandemia. Ele tem todas as ferramentas que precisa para as aulas remotas, notebook, celular, internet e quando as coisas complicam ainda tem a ajuda da mãe Idelva Pereira da Silva, mas o estudante não se sente satisfeito porque tem saudades das aulas presenciais.
“Está sendo um pouquinho difícil, não é a mesma coisa de estudar na escola com a orientação dos professores. Eu mal posso esperar para voltar para escola e para os projetos que tem lá, xadrez, música e capoeira. Uma saudade que não tem limites, quero voltar”, afirma o menino.
A mãe, que é professora em outra escola, confirma as dificuldades encontradas pelo filho, principalmente na questão emocional. Idelva não vê a hora do Jardiel voltar à escola.
“É complicado, faz falta estar em contato com os colegas, com a professora, e ele lembra dos projetos que tem. Um dia desses quase chorei. Ele vestiu o uniforme, ficou de frente a estante que tem no quarto dele, cantou todos os hinos e bateu continência. Fiquei preocupada. Graças a Deus já vão retornar. Um país bem desenvolvido é necessário que haja aula. Depois da pandemia parece que tudo pode, se vai para igreja, para praia, porque não para escola? A falta dessa integração da escola prejudica”, compartilha a mãe do aluno.
Jardiel é aluno da escola Cristo Rei, localizada no bairro Jardim União, que atende mais de 700 alunos do ensino fundamental. A escola é conhecida pelos projetos que desenvolve a exemplo, do balé, música e ordem unida, este último desenvolvido em parceria com a Guarda Municipal de Marabá (GMM). Este ano, para dar melhor suporte aos alunos, os professores têm tido encontros presenciais, de forma escalonada. O momento serve para esclarecimento de dúvidas, ao mesmo tempo funciona como um reforço escolar.
Para Maria Gabriele da Cruz, do 9 º ano, o reforço tem ajudado, mas não é o que ela almeja. A adolescente quer as aulas presenciais de volta.
“Estou com saudades, dos professores, dos alunos. Eu fico muito feliz em saber que as aulas já vão voltar, que a vacina tá chegando para minha idade. Na aula on-line a gente aprende, mas não é como na presencial, porque quando a gente tá na presencial a gente conta para o professor a dificuldade e ele explica bem direitinho. Na aula on-line as vezes trava, ou então, não tem internet em casa e é complicado”, relata a aluna.
Maria Gabriele da Cruz, 9º ano
Thomas Wesley de Oliveira, do 5 º ano, também está comemorando as notícias em relação ao retorno das aulas. Sem internet em casa, nem sempre consegue acompanhar as aulas on-line. Ele participou dos encontros escalonados da escola para sanar dúvidas dos assuntos contidos no caderno de atividades e deseja retomar a rotina diária de ir à escola.
“Na aula presencial a professora fala melhor. Eu prefiro as aulas presenciais porque também encontro os amigos. Nas aulas on-line, a imagem fica muito pequena na tela do celular. Com o retorno das aulas vai ser melhor, vou poder sair, pegar um vento, conversar com os amigos, entender melhor os assuntos”, observa o estudante.
Thomas Wesley de Oliveira, 5 º ano Encontros escalonados ocorreram parar tirar dúvidas dos alunos
A escola Cristo Rei é mais uma das escolas que já está preparada para atender os alunos, com a implantação de todos os protocolos sanitários e do plano de retorno elaborado para o acolhimento dos alunos. Além disso, já recebeu os kits de limpeza e saúde, bem como as máscaras de algodão, enviadas pela Secretaria Municipal de Educação.
“Como a maioria das escolas, estamos recebendo todo o apoio da Semed. O almoxarifado entregando máscaras, álcool em gel. O Dlog com as instalações das pias para higienização das mãos. A Cristo Rei está com toda a preparação finalizada com a expectativa positiva para que aconteça o retorno dessas aulas. Que o portão se abra para gente terminar esse ano com vigor, com excelência, assim como a gente tem feito com os cadernos de atividades, agora com 50% dos alunos de aulas escalonadas, estamos esperando com fé” enfatiza Gleide Hartuique , gestora da escola.
Gleide Hartuique
Na escola Fé em Deus, localizada em Morada Nova, as expectativas da comunidade escolar são grandes para o retorno das aulas presenciais, já na próxima segunda-feira, (13). Atualmente a escola atende 500 alunos do 1º ao 5º ano e os preparativos para receber os pequenos estão na reta final.
“ Tornou-se um sonho que está sendo realizado. Eu ouço os alunos dizendo sobre a importância do professor tirar dúvida em sala de aula e me emociono. Porque a gente vê o prédio vazio , salas vazias, professores sentados e as cadeiras vazias, a gente sente falta. Quem dá vida à escola são as crianças. E na sexta-feira vamos estar colocando tudo nos eixos para esperar as crianças na próxima segunda-feira”, comenta Agleides Cordeiro Dias, gestora da escola.
Estudar em casa não tem sido motivador para Alisson Gabriel Silva, de 9 anos, estudante do 4º ano, por isso a notícia do retorno para a escola deixou o estudante feliz e na expectativa de matar suas saudades.
“Eu acho melhor na escola, porque eu vejo meus amigos, estudo, tem a merenda, o professor para tirar dúvidas. Fiquei feliz em saber que as aulas irião voltar”, disse o aluno.
Alisson Gabriel Silva, 9 anos Alisson e sua mãe Eliene Silva
Eliene Silva, mãe do Alisson, também comemorou a informação e está confiante nos protocolos que serão adotados pela escola para evitar a contaminação pelo coronavírus.
“Eu achei bom porque é muito difícil ajudar o filho em casa. E com as normas que a escola disse que vai adotar acredito que não vai ter riscos não. Distanciamento, divisão de turmas. Estudar em casa foi difícil para ele e para mim. Eu trabalho e aí fica difícil auxiliar , atrapalhava a aprendizagem. Na escola ele vai interagir mais, e o professor é experiente, já eu faz tempo que sai da escola”, ressalta a comerciante.
Luciete da Silva, mãe do Felipe do 3º ano, também está na expectativa para o retorno do filho ao ensino presencial. Em casa, ele tinha ajuda de quatro pessoas que se revezavam no auxílio das tarefas, mas ainda sim, para Luciete, nada substitui a escola.
“Em primeiro lugar vem a proteção. É orientar ele sobre as precauções para não adquirir o vírus. Em segundo, é de que ele possa desenvolver a aprendizagem presencial, porque já tem quase dois anos que vem estudando dessa maneira on-line, não foi fácil, precisa de tecnologia, a gente precisou se adaptar. A expectativa é que ele venha desenvolver mais ainda o aprendizado, porque tem tarefas que nós pais não conseguimos desenvolver com eles. Precisa do professor que já é estudado e tem a estrutura para ensinar. A gente às vezes tem medo de levar os filhos para escola , mas muitas vezes expomos nossos filhos em tantos lugares, na igreja, na praça. Acredito que na escola o perigo seja menor”, pontua a auxiliar de serviços gerais.
Luciete da Silva, Luciete e seu filho Felipe
Na casa do Aquiles Emanuel, 7 anos, aluno do 2º ano, o auxílio nos estudos é principalmente por parte da mãe, a pedagoga Jaqueline Alencar. Por lá o estudo remoto foi bem complicado porque o espaço e atenção era dividida com outros dois irmãos. Embora a mãe domine os assuntos dessa etapa de ensino, vez ou outra a dificuldade batia à porta.
“Dentro de casa era difícil porque não tinha só ele de filho para ensinar. Tem outros em séries mais altas em que eu tinha de estudar para explicar e quando informaram que as aulas iriam voltar ficamos felizes porque sabemos do grau de dificuldade. Tem o medo, mas com tudo que ensinamos em casa e com o planejamento das professoras acredito que o desenvolvimento será melhor”, enfatiza a pedagoga.
Aquiles Emanuel Aquiles e a pedagoga Jaqueline Alencar
Jamila Aguiar, é feirante, e tava difícil conciliar o trabalho fora de casa com o auxílio escolar do Paulo Henrique, do 2º ano.
“Eu estou ansiosa que retorne porque tá muito difícil, tô na esperança que volte mesmo. Aqui quando não era eu, era minha filha, meu esposo mas tava bem complicado. A internet às vezes caia. O celular compramos já na reta final, mesmo assim tínhamos de estar por perto. Acho que teve um aprendizado, pouco, mas teve, mas na escola é melhor”, afirma Jamila.
Jamila Aguiar Jamila e o filho Paulo Henrique
Texto e Fotos: Leydiane Silva