Semed: Estudante de Marabá alcança o 1º lugar em concurso nacional de poesia do FNDE
Kauan Pablo Soares foi recebido pelo ministro da Educação e presidente do FNDE
O estudante Kauan Pablo Soares Carneiro, 16 anos, da Escola Municipal Paulo Freire, no bairro Belo Horizonte, alcançou a maior nota entre as cinco mais bem avaliadas poesias no “Concurso de Poesias: Brasil 200 anos de independência”, organizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
A cerimônia de entrega da premiação ocorreu nesta quinta-feira, 18, em Brasília, na sede do FNDE. O estudante e os demais vencedores receberam um prêmio no valor de 13 mil reais cada um. O aluno foi acompanhado da diretora da escola Paulo Freire, Andreia Rodrigues Moura, da professora Luzinete Bezerra, a Lusa, e do pai, Francisco Marciano dos Santos. A programação foi coordenada pela presidente do FNDE, Fernanda Pacobahyba, que parabenizou os homenageados e laureados.
Um dia antes, Kauan Pablo foi recebido no gabinete do ministro da Educação, Camilo Santana, ao lado do pai, que conversou com os vencedores da premiação em todas as regiões do Brasil e incentivou os alunos a continuarem se dedicando aos estudos. “A secretária de Educação, Marilza Leite, nos pediu para representar Marabá neste evento”, disse a diretora, ainda em Brasília.
O concurso foi realizado em 2022, quando Kauan Pablo estava no 9° ano, e o resultado foi divulgado no final do ano. A partir disso, com os estudantes interessados, as professoras passaram a trabalhar com o cordel, que é um gênero literário popular. Os estudantes produziram textos, que foram avaliados por uma banca. Após essa etapa, 11 textos foram pré-selecionados e a poesia “200 anos de lutas e vitórias”, de Kauan Pablo, foi a escolhida para representar a escola e foi a mais bem avaliada entre todas as produções que participaram do concurso do FNDE, alcançando a nota 9,4. Na poesia vencedora, o jovem escritor narra trechos do processo de Independência do Brasil em um texto de 15 estrofes com quatro versos cada uma. No final, repleto de esperança, ele deseja que o País tenha um futuro cheio de bonança.
“O meu profundo sentimento de agora com a minha vitória é porque eu carreguei a essência, carreguei a coragem, a bravura, a honra de ser um paraense, de mostrar para o Brasil o que é ser um paraense, poder mostrar a essência, a cultura do Pará junto comigo. Mostrar para as pessoas, principalmente para o público jovem que se eles têm um sonho, não desistam do seu sonho, que sigam em frente, acreditem, tenham fé”, celebra o estudante.
Além do prêmio de 13 mil reais, a poesia de Kauan Pablo Carneiro será impressa na quarta capa dos livros didáticos que fazem parte do programa Nacional do Livro Didático (PNLD), de 2024.
A diretora Andreia Moura explica que embora a premiação contemple um estudante por região do país, a nota de Kauan foi a maior de todos os cinco premiados. “Ele fez uma bela poesia e o resultado que alcançou se estende para a escola e também para a rede municipal de ensino, levando o nome de Marabá de forma positiva no cenário nacional de educação”, comemora.
Atualmente no 1º ano do ensino médio, Kauan é morador do Bairro da Paz e confidenciou que esta não foi a primeira vez que produziu uma poesia. Para o futuro, não tão distante, o ganhador revela que almeja cursar Engenharia Mecânica e ao mesmo tempo se tornar escritor. “Gosto de fazer histórias e (escrever) poemas. Quero me aprofundar no assunto para melhorar ainda mais”, destaca.
A professora de língua portuguesa, da sala de leitura, Seane Xavier, soube do concurso no ano passado, e juntamente com a professora da sala de informática, Lusa Silva, passaram a divulgar o concurso na escola.
“Meu objetivo como professora de língua portuguesa foi sempre formar leitores porque eu sempre acreditei que a leitura tem o poder de transformar a vida dos nossos jovens, torná-los seres mais criativos e, consequentemente, eles podem transformar o mundo, serem o que eles quiserem porque a leitura e a escrita têm esse poder”, ressalta Seane Xavier.
Kauan Pablo conta que viu as professoras falando sobre o concurso e logo demonstrou interesse em participar. As oficinas para a escrita aconteciam uma vez por semana. O que era produzido era avaliado pelas professoras das salas de leitura e informática e de língua portuguesa.
“Foram várias etapas de construção. Foram chegando as eliminatórias, até que a minha poesia foi escolhida pelas professoras. Participar do concurso para mim, foi uma maravilha porque eu pude expressar o que eu vejo, minha perspectiva, meu ponto de vista. Eu pude expressar isso em cada verso, em cada trecho da minha poesia”, relembra Kauan Pablo.
O trabalho de construção do texto contou bastante com o apoio das professoras e deu resultado. A professora Seane Xavier relembra que Kauan Pablo está na escola desde o 6º ano e sempre foi interessado em participar das atividades e projetos escolares. Ela frisa a dedicação do aluno.
“Ele sempre se mostra interessado em participar de tudo o que a escola desenvolve. Ele foi um dos alunos que pegou mais rápido, as dicas da professora, porque é um texto que tem metrificação. Ele tem muita habilidade para escrever, mas é um aluno que se dedica, um aluno que sempre está participando dos projetos. Eu vou para a sala de aula com os textos, com os livros na sacola e ele sempre participava das aulas de leitura, lendo os livros. É um aluno muito interessado. Ele sempre foi muito dedicado”, comenta.
O estudante compartilha que a leitura e a escrita representam, para ele, uma forma de expressar os sentimentos. “A importância das professoras nesse processo foi muito importante, foi gratificante porque a gente consegue aprofundar mais a capacidade dos alunos. Sem o professor não existe os alunos. A gente teve aquela junção. Elas mostraram o ensinamento para a gente, como a gente fazia, como era o processo, como era para a gente escrever. A gente foi se aprofundando cada vez mais. Elas nos ensinando, sempre ao nosso lado, apoiando, não desistindo, dando aquele humor para a gente para a gente poder conseguir, seguir, escrever direitinho”, relembra.
A equipe da Escola Paulo Freire desenvolve diversos projetos, como o de xadrez, e sempre incentiva os estudantes a participarem dos concursos organizados principalmente pela educação pública, como as Olimpíadas de Matemática e Língua Portuguesa, por exemplo.
Nesse sentido, contemplar a vitória de Kauan Pablo representa muito para a comunidade escolar, como afirma a diretora da escola, Andreia Rodrigues. “É um destaque nacional, ver a nossa escola, o município de Marabá sendo destaque na poesia. Então, a gente espera que outros concursos agora como a gente vai ter tantos outros, a gente possa participar e outros alunos de outras escolas também porque isso valoriza o município, motiva as famílias e a gente fica muito feliz com tudo isso”, enfatiza.
As demais poesias que foram pré-selecionadas e produzidas pelos estudantes da Escola Paulo Freire foram transformadas em um livro: “Antologia da Independência”.
Confira a poesia vencedora do nosso aluno Kauan.
Duzentos anos de lutas e vitórias
Minha mente resplandece
Falando de independência
Averiguei cada fato
Pra informar com transparência
Fazendo uma reflexão
Já reconheço a vitória
Para o Brasil foi um marco
Que entrou para nossa história.
Pela Bahia e Minas Gerais
Aquelas conjurações
Dava todos os sinais
De grandes insatisfações.
D. João e toda corte
Voltou para Portugal
Foi deixando o Brasil livre
Da tal família real.
D. Pedro ainda ficou
A fim de apaziguar,
Mas em nada adiantou
Só soube desagradar.
E ligado a Portugal
Ele era aristocracia.
Por isso nenhum sinal
Que fosse democracia.
Leopoldina em providências,
A declaração assinou
D. Pedro tendo ciência
A independência proclamou.
Um processo libertário
Virou uma emancipação
Sem as ordens portuguesas
Viva essa libertação!
Sob pressão e a mais de mil
Ele gritou a independência
E assim nosso Brasil
Mostrou sua resistência.
Leopoldina e Bonifácio
Mulher e homem surreal
Livram-nos de modo fácil
Do importuno Portugal.
Também se deve exaltar
Duas mulheres guerreiras
‘Marias’ Felipa e Quitéria
Na luta quebram barreiras.
O Brasil está livre
Pra crescer como nação
Precisamos andar juntos
Por uma reconstrução.
A juventude precisa seguir
Sempre com independência
Nosso lema é persistir
Dizendo não a indiferença.
O passado é história
O presente é esperança
Que o futuro nos conceda
Uma vida de bonança.
E por aqui irei findar
Mas com garra e persistência,
Pois preciso celebrar
Cada dia de independência!
Texto: Ronaldo Palheta e Ulisses Pompeu
Fotos: Divulgação