Músicas que transformam vidas: Alunos da Escola Cristo Rei dedicam-se ao aprendizado de instrumentos musicais
A paixão pela música vem de família para Jardiel da Silva Santos, de 11 anos. O avô, Salvador Pereira da Silva, é considerado o primeiro sanfoneiro do município de Nova Ipixuna. O garoto, que buscou aprender mais sobre música no Youtube, encontrou na Escola Cristo Rei, localizada no bairro Jardim União, através do Projeto “Música em Todo Canto” da Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM), a oportunidade que precisava para buscar desenvolver as próprias habilidades.
“Eu quis entrar nessa escola porque tem muitos projetos e me interessava entrar na aula de música. Sempre tive vontade de aprender flauta, violão, trompete, entre outros, mas violão é o preferido”, revela.
Jardiel é um dos alunos destaques, ganhou prêmios de leitura, participa do projeto de xadrez e só tira boas notas. Motivo de orgulho para a mãe, Idelva Pereira da Silva. “Quando Jardiel começou a tocar fiquei emocionada. Ele assistia os vídeos e falava ‘meu professor ensina assim’, meu esposo chorava por ver esse dom dele, daí quisemos dar a ele essa oportunidade de aprender e se desenvolver, que encontramos aqui”, comenta a mãe.
O garoto é apaixonado por música raiz e não sabe ainda o que quer fazer com o conhecimento que está adquirindo. “A música é uma coisa linda, me traz prazer. Gosto de música raiz, caipira. Quero aprender bastantes instrumentos e continuar tendo aulas, não pensei ainda em ser profissional”, conta.
O professor Yago Breno também é só elogios ao aluno que é destaque. “É um aluno exemplar, dedicado, observador, curioso e tudo isso fez ele ter um progresso muito significante Todo aluno tem sua forma de aprender, mas o Jardiel tem se desenvolvido bastante”, pontua.
A escola atende cerca de 60 alunos com aulas de música, contemplando violão, teclado, canto coral, flauta de doce e instrumentos de banda, como trombone, trompete, tuba e trombonito. As aulas ocorrem às segundas, quartas e sextas.
“O trabalho aqui é muito relevante para o aluno e para a sociedade. É uma comunidade carente de intervenções sociais e quando a escola traz a proposta de oferecer aula de música isso tem relevância, que afeta a família. Ajuda no caráter, que é o objetivo da educação, influenciar na formação do cidadão”, ressalta Yago.
Idelva comprova o quanto as aulas tem ajudado na formação do caráter do filho. “Senti uma evolução ótima depois do começo das aulas. Vejo que ele tem responsabilidade. Se emprestam as coisas, ele fica cuidando para não quebrar. É bonito ver a responsabilidade dele com horário, com os equipamentos, com as atividades. Não só na música, mas em todos os projetos da escola”, ressalta, confessando que se preocupa do filho estar sobrecarregado, mas diz que é uma escolha dele diante da vontade de aprender.
“Acho, às vezes, que ele está sobrecarregado porque ele termina uma coisa e vai estudar para outra, parece um adulto né?! É flauta, violão, tumba, as aulas normais, xadrez. Eu falei com ele, que é criança para deixar um dos projetos, mas ele fala que gosta. As pessoas falam, se ele quer e gosta, deixa que faz bem”, disse.
Apesar de ter iniciado as aulas apenas esse ano, Jardiel já se apresentou com alunos veteranos e é um dos exemplos de que diante de oportunidades às pessoas desenvolvem potenciais, além de provar o quanto a música pode transformar vidas.
“Fico feliz de ver e ouvir os elogios dos professores. Feliz de estar nessa escola, escola de projetos, de oportunidades. Jardiel já fez uma poesia para escola. Mas é tímido, quando conto tudo que ele faz, tem gente que não acredita. Mas acho que, com as oportunidades, meu menino vai longe”, conclui a mãe emocionada.
Além da Escola Cristo Rei, o projeto “Música em Todo Canto” da Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM) tem extensões na Escola José Mendonça Vergolino, na Marabá Pioneira; na Escola Família Agrícola, no KM 23; na Escola Evandro dos Santos Viana, no São Félix 3; na Escola Jarbas Passarinho, no São Félix Pioneiro; na Praça da Juventude, KM 07 (Nova Marabá); e no Instituto Servi, no bairro Amapá.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Aline Nascimento