SMS: Dia da Consciência Negra é marcado com apresentações culturais e ações de saúde na Orla Encontro dos Rios
No entardecer de segunda-feira, 20, a Orla Encontro dos Rios, no bairro Francisco Coelho, o popular Cabelo Seco, recebeu um grande evento em alusão ao Dia Da Consciência Negra, data marcada pela celebração e reflexão sobre o papel da pessoa negra na sociedade, discutindo temas como racismo, discriminação, igualdade social, inclusão e protagonismo da cultura afro no país.
Uma das organizadoras do evento, Margarida Negreiro, destaca a importância da ocupação da Orla nessa data comemorativa e comenta sobre os grupos que participam do evento.
“Tem um bom tempo que a gente ocupa o Cabelo Seco, que é um lugar que territorializou a consciência negra. Reunimos grupos, organizações, pessoas sensíveis ao debate, à educação e às questões que perpassam a vida dos negros e negras no Brasil, especialmente em Marabá”.
O público participou das rodas de conversas, exposições, debates, exposição de trabalhos da cultura afro, apresentação do grupo cultural Mayraba, de bois e outros representantes da cultura marabaense.
“Apresentar nossas tradições, nossa história, nossa bandeira e toda contribuição negra para essa cidade e país. Então é um dia para nós, de colocarmos o povo negro na rua, de lutar, mostrar que nós contribuímos com a riqueza e a gente precisa ser respeitado como gente, como povo, como trabalhador e ter reconhecida a sua contribuição”, destaca. Margarida Negreiro, que atua como professora e membro do Político de Consciência Negra e Movimento de Marabá.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) atuou no evento, através da Coordenadoria de Programas Especiais e da equipe de saúde da UBS Demósthenes Azevedo. A ação de saúde teve aferição de pressão arterial, teste rápido, teste de glicemia, vacinação contra gripe e um médico clínico geral, consultando por livre demanda.
“Livre demanda, a população só precisa chegar e receber o atendimento pela nossa médica. Essa ação, ela ocorreu ano passado e sempre vamos estar realizando Achamos muito importante participar e contribuir para essa luta da consciência negra ,levando saúde e dizendo não a todo tipo de preconceito. Não a discriminação racial”, comenta Katiuscia Gomes, coordenadora do Departamento de Programas Especiais.
Segundo a gerente da UBS Demósthenes, Rosângela Martins, a ação contou com a participação de uma médica da UBS, duas técnicas em enfermagem, uma enfermeira e equipe da coordenação.
“É um público que muitas vezes é desprestigiado e trazemos a ação para cá. Também temos muitos professores, então temos um público alvo para vacina da gripe também”, explica
A professora Ednalva Lima Carmo foi uma das que aproveitou o evento para se vacinar. Ela conta que participou pela primeira vez e que ficou surpresa de ver o atendimento da saúde.
“Foi ótima ideia, maravilhosa, inclusive eu estava há algum tempo querendo ir tomar a vacina da gripe e não tinha tempo de fazer isso e então aproveitei. Muito bom unir uma causa tão justa. Nas salas de aula sempre abordamos a questão da luta da consciência negra e é bom ter isso na praça, para a sociedade discutir”, acrescenta.
Raimundo Coelho de Souza é famoso no Bairro Francisco Coelho, conhecido como Xengo, tem 38 anos e conta que nunca deixou de participar do evento.
“Estou sempre por aqui e quando tem essas ações eu sempre venho e aproveito. Hoje fiz minha consulta com o médico e já saí com minha receita do medicamento. Importante isso para nós”, destaca.
Outa equipe de saúde a trabalhar no evento foi a equipe da ala psicossocial do Hospital Municipal de Marabá (HMM) e ambulatório especializado em saúde mental que acompanharam um paciente negro, que está internado no local, para participar do evento, acompanhado do psicólogo e técnico em enfermagem.
“Buscamos fazer com que o paciente não fique inerte ao seu espaço. Fazer com que ele entenda a importância do evento. Se conecte ao significado do movimento de resistência. Para poder compreender que a saúde mental também é educação. É integração à comunidade dentro das suas possibilidades. Que após essa internação, esse contexto de sofrimento, para além desse indivíduo que se encontra em estado de melancolia ou de estabilidade, há toda uma vida esperando ele”, destaca o psicólogo Sérgio Rocha.
Ele trata da importância do evento para comunidade em geral. “Quero acrescentar que é um movimento salutar para a comunidade. Não basta só não ser racista, temos que levantar a bandeira antirracista. Compreender esse cenário histórico. Esse cenário que há muito nos chocou e que até hoje existem alguns contextos, que são velados hoje em dia, mas existem sim. Levantar essa bandeira é importante e a saúde faz parte desse contexto”, conclui.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes