SMS: Equipes de Saúde fazem ações nas escolas e porta a porta para aumentar cobertura vacinal
Hoje, 17 de outubro, é comemorado o Dia Nacional da Vacinação, data para lembrar a população sobre a importância histórica das vacinas para a erradicação ou diminuição da incidência de várias doenças graves como a Covid-19, Varíola, Gripe, Poliomielite, Rubéola, Sarampo e Tétano. Apesar da data comemorativa, os índices de vacinação revelam que é necessário aumentar a cobertura para evitar que doenças graves retornem à sociedade.
Diferente de alguns anos anteriores, quando a procura pela vacinação em crianças e adolescentes tinha uma demanda elevada, atualmente registra-se nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), uma baixa procura pela atualização da caderneta vacinal em crianças e adolescentes.
Em Marabá, esta realidade mobiliza as equipes de saúde das UBS para ações nas escolas e até mesmo para o trabalho de casa em casa. É o que está acontecendo no bairro Santa Rosa, onde equipes da UBS João Batista Bezerra recorrem às escolas para fazer a atualização vacinal e também vão nas residências para atender as famílias.
As Técnicas em Enfermagem, Ana Carolina Souza e Francisca Sales, fazem esse trabalho conjuntamente com os Agentes Comunitários de Saúde. “Estamos fazendo ações de vacinação nas escolas com as famílias, nas ruas e temos que fazer ações fora da UBS. Temos visto muitas carteiras com atrasos na vacinação e as pessoas dizem que vêm na UBS, mas não comparecem. Isso prejudica porque doenças que antes estavam erradicadas como a própria poliomielite está de volta e temos casos também de meningite”, alerta Ana Carolina Souza.
Essa baixa procura por vacinas acende um alerta dos especialistas: o risco do retorno de doenças já erradicadas no Brasil, como já é o caso do sarampo e o receio pela poliomielite, apesar do Brasil ser certificado, pela Organização Mundial da Saúde, como livre da poliomielite no ano de 1994. Isto porque desde 2015, não atinge a meta de 95% do público-alvo vacinado, patamar necessário para que a população seja considerada protegida contra a doença.
A médica pediátrica, Dra. Maria Angélica da Cunha, diz que a vacina é obrigatória e não existe contraindicação a nenhuma delas a não ser que a criança tenha alguma doença grave sistêmica.
“Todas as vacinas são obrigatórias e estamos passando por uma fase muito atípica da cobertura vacinal. A vacina era uma cultura, em nossa saúde, muito forte e todas as pessoas eram engajadas nas campanhas e infelizmente com essas informações equivocada das fake news em torno das vacinas e de Covid, tivemos um prejuízo muito grande da cobertura vacinal e de outras vacinas também. As consequências são graves. Estamos com surto de meningite e voltando a ter doenças que antes estavam erradicadas, como o sarampo, a pólio. É inaceitável viver uma situação dessas porque temos a vacina gratuitamente nas Unidades de Saúde”, afirma Dra. Maria Angélica Cunha.
A dona de casa Lucinalva Pereira não perdeu tempo e esteve na UBS João Batista Bezerra, para atualizar a caderneta do pequeno Rairan Felipe Pereira, 2 anos. “A vacina é muito importante porque há tantas doenças por aí. As famílias têm que vacinar mesmo e não podemos perder tempo”, disse a dona de casa.
A médica Maria Angélica ainda faz um alerta em relação a importância da atualização da caderneta vacinal da criança. “Estamos em campanha de vacinação e todas as vacinas são necessárias. A família tem que observar o calendário vacinal e não deixar atrasar porque pode ter complicações no futuro. A família precisa ficar atenta às campanhas e não há motivos em não se vacinar. Hoje identificamos muitas crianças com a caderneta incompleta, inclusive com a vacina da Covid para crianças a partir dos 3 anos de idade. Se a criança não possuir nenhuma doença sistêmica grave, não existe contra indicação a nenhuma vacina”, explicou.
A poliomielite (paralisia infantil) está em processo de erradicação, mas é necessário que a vacinação na infância continue, pois ainda há casos da doença que podem gerar uma nova onda de transmissão. A poliomielite é uma grave doença infecto-contagiosa aguda que provocou numerosos surtos e epidemias no país e em outras partes do mundo, no século XX e que possui sequelas muito graves.
Os infectados apresentam poucos sintomas ou nenhum, com um quadro semelhante à gripe, com febre e dor de garganta, ou às infecções gastrintestinais, com náusea, vômito, constipação e dor abdominal. Mas parte dos infectados, especialmente crianças com menos de cinco anos, podem sofrer com formas graves da poliomielite.
Quando o vírus ataca a pessoa através da forma mais grave, após atacar o sistema nervoso, pode causar paralisia flácida aguda permanente, insuficiência respiratória e até o óbito. Em geral, a paralisia se manifesta nos membros inferiores de forma assimétrica, ou seja, ocorre apenas em uma das pernas. As principais características da sequela são a perda da força muscular e dos reflexos, sem perda de sensibilidade.
Fora a vacina contra a poliomielite, existem outros imunizantes que são obrigatórios em diferentes fases da vida. Na infância, por exemplo, também é necessária a imunização contra a tuberculose, difteria, tétano, coqueluche, meningite, sarampo, rubéola, caxumba, hepatite B e febre amarela.
Atualmente, a rede pública de saúde disponibiliza em todo o país, 19 vacinas para combater cerca de 20 doenças, em diversas faixas etárias. Ainda existem outras 10 vacinas exclusivas para grupos em condições clínicas especiais, como os portadores de HIV.
O Ministério da Saúde reforça que todos os pais e responsáveis têm a obrigação de atualizar as cadernetas de seus filhos, em especial das crianças menores de cinco anos que devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina. É importante que a família atualize sua cobertura vacinal. As vacinas ofertadas pelo SUS estão disponíveis durante todo o ano, nas UBS’s e demais centros de saúde.
Texto: Victor Haôr
Fotos: Paulo Sérgio