37º Festejo Junino: 2ª noite é marcada por início das competições entre juninas e bois-bumbás
Uma noite repleta de cores, saias volumosas, efeitos pirotécnicos e uma plateia muito animada, que lotou as arquibancadas, foram alguns dos componentes da segunda noite do 37º Festejo Junino de Marabá, neste domingo, 23, na arena junina da colônia Z-30, com o início das competições entre juninas e bois. O evento é realizado pela Prefeitura de Marabá, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), em parceria com a Liga Cultural de Marabá (Licmab) e patrocínio da empresa Equatorial.
Depois da apresentação especial da Junina Alegria não tem idade, composta por idosos atendidos pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (Seaspac), foi a vez das mirins entrarem na arena.
A primeira foi a Mirim Luar do Sertão que participa pelo segundo ano, composta por 16 pares de crianças da Vila São José. O tema desse ano é a “A Fogueira de São João”, que tem a intenção de fazer as crianças dançar quadrilha e se divertir como era antigamente sem levar pro lado da competição.
Um dos integrantes é o Gustavo Monte, de 11 anos. Ele fez o papel de majestade e estava muito feliz em poder se apresentar. “Eu danço desde o ano passado, quando fui o noivo. Já é a segunda vez que me apresento e agora é só andar para a vitória e, com muito esforço, nós vamos ganhar. Ensaiamos muito, treinamos muito”, destaca.
Na sequencia, a apresentação ficou por conta da quadrilha mirim Coração Junino. Com seis meses de formada e muito esforço dos componentes, a Junina mirim Coração Junino se apresentou pela primeira vez com seis casais. Foi formada dentro de uma escola como um simples grupo de dança e começaram a ser convidados para se apresentar em outros festejos.
Com plumas coloridas e um enredo baseado no folclore amazônico com personagens como Iara, boto cor de rosa e outros, o único Boi-Bumbá da noite foi a estreante Tribo Diamante Negro.
O motoboy, Cleidson Paiva, foi o miolo do boi juntamente com outro colega. Ele conta que já tinha experiência com esse papel em outros bois-bumbás, como o Estrela Dalva e o Flor do Campo, e agora veio fazer parte desse novo grupo. “Estou dando uma força aqui pra eles, pois eu já dançava em outros bois. Aí tem um rapaz aqui, que já brinca de outras funções e, agora, veio de miolo junto comigo. É muita emoção. É muito bom a gente entrar na arena e ver a galera toda animada”, ressaltou.
Outro que teve papel fundamental na encenação foi Marcos Souza. Ele desdobrou para fazer os papéis de boto, pajé e pescador. Ele afirma que a tribo tem esse papel multicultural, que abrange o regional e também o religioso. “A gente adapta, a gente acolhe muito isso, todas as causas. E a gente tá muito feliz pelo trabalho que a gente fez. Hoje, eu fiz três personagens e cada um dos três têm seus aspectos, suas diferenças, suas características. A gente trabalhou bastante com as histórias que foi contada do boto, da Iara, do folclore brasileiro e amazônida. E também a parte da religiosidade. A gente tem muita fé. Estamos começando agora e a gente já conseguiu tanta coisa através da nossa fé”, pontua.
O grupo também trouxe referências do festival de Parintins, dos bois Garantido e Caprichoso, famoso no mundo todo. “A gente usa as músicas dele, a gente faz as adaptações, as coreografias, tanto do cenário, do enredo, artístico. A gente só dá um tom nosso, um tom marabaense, um tom que a gente aprendeu e estamos fazendo isso de forma muito responsável também”, explica Marcos.
O ciclo de apresentações das juninas adultas foi aberta com a Junina Coração de Estudante, vice-campeã do grupo B em 2023 e que é composta por estudantes da Vila Santa Fé. Com um figurino caprichado e bastante colorido, esse ano se apresentou com o tema “Anunciação: olhe para os céus os sinais de São João”, que foi escolhido para representar os balões e as bandeirolas que, na época dos primeiros festejos, eram colocados nos céus por camponeses para avisar que a festa de São João estava para começar.
Jamilly de Sousa estreou na junina como brincante e gostou muito. “Fiquei muito nervosa, mas deu tudo certo. Sempre tive vontade de dançar e fui conversar com a coordenadora da quadrilha, aí consegui entrar e estou muito feliz”, declara.
Outra estreante na competição é a Junina Coração Junino, que foi a segunda a se apresentar pelo grupo B e é composta por estudantes das escolas Geraldo Veloso, Paulo Freire e Anísio Teixeira. A junina trouxe para a arena o tema “Garotos de Rua: A história que ninguém nunca contou”, inspirada na história do próprio coordenador.
Um dos casais destaque é o de viúvos. Emanuelle Genuíno, a viúva, já dança em quadrilhas há 12 anos e relata que é a primeira vez que se apresenta nessa junina. “Essa experiência é muito impressionante, é emocionante, porque é a primeira vez que nós vamos apresentar, é o primeiro ano da nossa junina e nossa junina está com uma expectativa grande. Estamos todos emocionados por estarmos aqui representando essa junina, essa potencialidade de cada um, porque todos nos esforçamos. É um cenário novo, com coisas novas”, pontua.
A disputa entre o grupo A começou acirrada com a Junina Gigantes do Norte que veio com o tema “Café Di Negros”, contando a história dos cafezais, da política da época e da escravatura.
Felipe Lisboa dança em junina desde 2008, quando ainda fazia parte da mirim, e representou um dos escravos que trabalhavam nas plantações de café. “Esse ano está muito gratificante, estamos muito felizes, pois evoluímos bastante. Desde janeiro que a gente ensaia. A gente está com a expectativa muito alta, esperando garantir o nosso título”, expressa.
A noite foi encerrada com a apresentação da Junina Sereia da Noite, que trouxe o tema “O nosso bem maior é a natureza”, retratando mensagens de conscientização a respeito do meio ambiente.
O público deu um show à parte com lotação máxima da arquibancada e vibração diante das juninas preferidas de grupos de torcidas. Um dos olhares atentos nessa plateia era o de Igor Leite, assessor da Associação Comercial de Marabá (Acim). Ele comenta que o festejo é um momento de reunião da população para prestigiar as quadrilhas. “É importante prestigiar as apresentações. Eles estão desde o começo do ano ensaiando. Esse ano está diferenciado pela estrutura, pela organização da prefeitura. Está bacana, está legal”, elogia.
A cuidadora Vitória de Alencar chegou quase no final das apresentações, mas não perdeu a chance de apreciar um pouco do espetáculo. “Eu amo quadrilha, eu gosto de verdade. A festa está muito boa, perfeita”, enfatiza.
Praça de Alimentação
Quem não quis ficar na arquibancada vendo as apresentações das juninas e boi, teve a opção de assistir tudo pelo telão instalado na praça de alimentação ou simplesmente curtir os shows que aconteciam por lá, como Dj Diogo, Nenzinha do Calypso e banda Chapéu de Couro.
Um deles é Afileno Marinho, policial Militar, que vai ao festejo todos os anos. “A gente vem prestigiar, pois é um evento da cidade. E, esse ano, eu achei que a organização está bem diferenciada, está muito bem organizado aqui, principalmente a questão da alimentação, que é uma coisa que é bastante cobrada pelas pessoas. A higiene, a organização estão perfeitas. A prefeitura está de parabéns”, declarou.
Na praça de alimentação também tinha gente que está há pouco tempo em Marabá, como é o caso da fonoaudióloga Monique Santos, que veio de Belém há quatro meses para trabalhar na cidade. “Estou achando muito diferente de Belém. Aqui eu vejo que é muito mais aconchegante, também pelo fato de ser um evento diferenciado, principalmente relacionado no pensar na população. O que eu vejo aqui que é um evento aberto para o público, para a família. Estou me sentindo como se eu estivesse em Icoaraci, relembrando muitas coisas, principalmente das comidas. Relacionado às quadrilhas, aqui tem bastante, diferente de Belém e eu estou amando. Estou gostando muito, aproveitando cada momento”, frisa.
Uma das barracas mais frequentadas é a do Zamba, que vende comidas típicas paraenses como maniçoba, vatapá e galinha no tucupi. Narayanne Macedo, atual proprietária, trabalha com vendas de comidas no festejo há três anos. A barraca leva o nome do pai, que já trabalhava com isso há 30 anos e passou o bastão para a filha. “Todo ano, a gente monta a barraca aqui. Desde o início do ano a gente vem se preparando. E pra gente é uma honra ganhar uma barraca aqui, a prefeitura ceder pra gente. O nosso lucro é bom mesmo”, argumenta.
A cantora Nenzinha do Calypso foi a segunda atração da noite e diz que é uma honra fazer parte da história do festejo. “É um evento muito importante, é grande. Então, fazer parte dessa história é muito maravilhoso, é muito agradável. Pessoas importantes estão aqui pra ver a gente, pessoas de todos os estados. Tem gente de fora que vem pra cá, pra curtir o nosso verão, aproveita e já passa aqui nessa praça maravilhosa pra assistir essas quadrilhas lindas. O Festejo Junino de Marabá é uma riqueza muito grande”, finaliza.
Nesta segunda-feira, 24, o público prestigia as Juninas Mirins Sereia da Noite e Splendor, Bois-Bumbás Estrela Dalva e Aroeira, Juninas do Grupo B Luar do Sertão e Diamante Negro, Juninas do Grupo A Balão Chita e Fuá da Conceição. Na Praça de Alimentação, a animação fica por conta do Dj Renison Vip e Show Lynda Sousa.
Texto: Fabiana Alves
Fotos: Paulo Sérgio e Jordão Nunes