
38º Festejo Junino: Arrastão do Amor é a grande campeã deste ano
Na noite de domingo, 29 de junho, a Arena Z-30 viveu um daqueles momentos que marcam a história do Festejo Junino de Marabá. A Junina Arrastão do Amor sagrou-se campeã do 38º Festejo Junino de Marabá. Após anos batendo na trave, o grupo do núcleo Marabá Pioneira enfim conquistou, pela primeira vez, o título máximo do São João marabaense, com um espetáculo arrebatador, que uniu fé, emoção, beleza cênica e uma produção minuciosamente pensada que empolgou o público.
A vitória veio com o enredo “O Redentor do Sertão”, que narra a jornada de Luzia, uma jovem que cumpre a promessa feita ao pai no leito de morte e parte rumo a Juazeiro do Norte, com o intuito de acender uma vela aos pés do Padre Cícero. A trajetória toma novos rumos quando ela cruza com Lampião e seu bando, que decidem acompanhá-la até o destino. O desfecho mostra a transformação de promesseiros em noivos e uma explosão de euforia e fé na Arena.
Com 45 pares, a Arrastão do Amor apresentou uma coreografia perfeitamente sincronizada, enriquecida por elementos cenográficos e tecnológicos de impacto. O público levantou com o aparecimento de um sol incandescente, que soltou faíscas e simbolizava a esperança que nasce mesmo em meio à aridez do sertão. A torcida da campeã compareceu com balões, fitas e cartazes exaltando a “produção de milhões”, como dizia uma das mensagens do público.
Para a coordenadora do grupo, Jeciane Macedo, o título representa muito mais do que um troféu.


“Foram quatro anos de tentativas, quatro anos de dedicação, seis meses de ensaio anuais. É algo que transcende a emoção. Ontem, em conversa com os outros coordenadores, cogitei a aposentadoria, mas a paixão falou mais alto. A conquista reacende a vontade de continuar. Acredito que todas as quadrilhas desenvolvem um trabalho grandioso, e aqui em Marabá a cultura é muito viva”, declarou, bastante emocionada.
Sobre o significado da vitória, Jeciane destacou não apenas o título, mas o que ele representa para a cultura local. “Acredito que todas as quadrilhas desenvolvem um trabalho grandioso, que é o de preservar e difundir essa cultura. Aqui em Marabá, ela é muito rica. Por isso, a emoção é ainda maior”, concluiu, descartando qualquer ideia de despedida: “No próximo ano, estarei aqui para defender esse título”.
A imagem do Padre Cícero surgindo próxima ao fim da apresentação, também arrancou arrepios e emoção da plateia. No encerramento a apresentação deixou uma mensagem de respeito ao que a junina chamou de “Mistérios da Fé”.
O figurino de destaque ficou por conta do casal Lampião e Maria Bonita, vivido por Vinícius Garcia e Keise Silva, que emocionaram com riqueza de detalhes: adereços , lente de contato para representar o ferimento no olho pingente de Padre Cícero, eram alguns detalhes que compunham o visual do cangaceiro. Outro momento marcante foi a troca de roupa do casal de noivos Luzia e Zé do Rastro, que reforçou a virada narrativa da história.
O dançarino Vinícius Garcia, que interpretou Lampião, celebrou seu primeiro título de campeão com orgulho.



“Foi minha estreia na Arrastão e já me colocaram em um papel de destaque. Desde janeiro a gente vem trabalhando com resiliência, e a apresentação foi resultado dessa entrega. Representar Lampião é uma honra, principalmente em um enredo que une coragem e fé. A medalha no meu figurino simbolizava a relação de Lampião com Padre Cícero. Foi tudo pensado com muito carinho”, conta.
Reconhecimento
A Junina Fogo no Rabo, vice-campeã, também foi destaque com um enredo sobre os povos originários e os mártires da floresta. Para o coordenador Ademar do Santa Rosa, o momento é de orgulho.


“Nunca tivemos uma apuração como essa, em horário acessível e com tanto equilíbrio. A Arrastão do Amor entregou um espetáculo digno do título. Estamos felizes pelo reconhecimento ao nosso trabalho e de todos os grupos.”
A estudante Rafaela Calixto, que assistiu à final, destacou a importância do tema do desfile da vice-campeã.


“A Fogo no Rabo trouxe uma temática muito pertinente para a nossa região, que é tratando sobre os povos originários e dos mártires das florestas, que são aquelas pessoas que estão engajadas em defender e proteger a natureza e que, por vezes, estão contra ordens, por alguma razão, por defenderem determinadas ideologias, acabam perdendo suas vidas ceifadas”.
Ela também elogia a qualidade do festejo e da produção das juninas. “A minha preferida acabou sendo mesmo Arrastão do Amor. Entregaram uma apresentação eletrizante, muito emocionante. Vi várias pessoas chorando durante a aparição do Padre Cícero. Mas quero destacar a construção narrativa das juninas porque a gente, enquanto espectador, a percebe que houve um preparo, que houve uma pesquisa histórica sobre os personagens”, complementa.
Noite de brilho e equilíbrio
O secretário de Cultura, Genival Crescêncio, destacou o alto nível da disputa.


“A diferença entre as quadrilhas foi mínima, o que mostra a excelência do trabalho dos grupos. Este ano conseguimos encerrar o evento em horário adequado, com todas as apresentações cumpridas e sem atrasos. A arena também teve melhorias, o que elevou ainda mais a qualidade do espetáculo, analisa.
O prefeito Toni Cunha também acompanhou o evento e reforçou o compromisso da gestão municipal com a cultura popular.




“É uma grande festa do nosso povo. A Prefeitura aumentou o repasse este ano e fará ainda mais no próximo. As juninas estão fazendo um espetáculo belíssimo, e querem os ampliar esse investimento”, destaca
Pódio forte e plural
Em terceiro lugar ficou a Fuá da Conceição, que encantou o público com o enredo sobre o miriti, tradição artesanal de Abaetetuba. “Nossa trajetória é de evolução constante. Vencemos em outras cidades e conquistamos o terceiro lugar aqui. Estamos muito felizes”, disse o coordenador Anderson Alves.
As demais juninas, Balão de Chita, Arretados da Paixão, também mostraram vigor criativo, com temas que exploraram a origem das festas juninas e os desafios sociais contemporâneos.
Com o espetáculo Forró da Chita, a Balão de Chita encantou o público ao apresentar uma celebração cheia de humor, música e tradição, inspirada nas festas populares do Nordeste. A quadrilha, formada por jovens da Estação Conhecimento Marabá, transportou a arena para a fictícia vila de Ribeira do Baião, onde o amor, o forró e os personagens lendários do cangaço se cruzam.
Já a Arretados da Paixão levou à arena uma discussão sobre intolerância religiosa com o tema Terreiro Junino. O grupo recriou o século XVI, período em que as celebrações juninas se originavam nos terreiros dos trabalhadores escravizados, como forma de resistência e expressão cultural.









Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes e Rapharazzo
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