Saúde: O papel essencial da enfermagem obstétrica para mães e bebês no HMI
O Hospital Materno Infantil de Marabá (HMI) possui 16 enfermeiros obstetras. Esses profissionais são imprescindíveis para a realização dos partos e acompanhamento das pacientes durante o puerpério imediato até o recebimento da alta. Além disso, eles também podem realizar os partos de baixa complexidade.
De acordo com Vanice Costa, chefe de Enfermagem do HMI, o enfermeiro obstetra acompanha todo o itinerário da gestante dentro do hospital.
“Eles estão conosco desde a classificação de risco, que é a entrada da paciente onde é classificado o grau de rapidez, grau do tempo que ela será atendida até o pós-parto. Depois da classificação de risco, ela vai para o atendimento médico, logo após ela vai para a sala de triagem, centro obstétrico. Lá, é realizado o parto, acontece o parto, e quem vai receber ela também na enfermaria, são os enfermeiros obstetras”, explica.
A enfermeira obstetra Bruna Gabriela Rocha trabalha há três anos no HMI. A profissional teve sua formação em Tucuruí, tanto na graduação, quanto na especialização. Foi nesse período que percebeu o interesse pelo processo de nascimento. Ela explica como são os procedimentos durante esse momento tão crucial desde a chegada da gestante ao hospital até a alta.
“Nós conduzimos todo o trabalho de parto, até o nascimento. Nasceu, a gente entrega o bebê para a mãe. Ele fica naquele primeiro momento com a mãe, depois é levado com a pediatra para receber os primeiros cuidados e só então é que deixamos a paciente. Em todo momento: trabalho de parto, parto, puerpério, o enfermeiro está constante com a paciente”, ressalta.
Durante todas essas etapas, a presença dos enfermeiros obstetras faz-se necessária. Com o profissional ao lado, a gestante consegue compreender todo o processo e receber orientações e conforto por parte da equipe. Nesse sentido, a gestante ocupa o lugar que é seu, de protagonista daquele momento.
“Humanizar é isso, é dar ouvido, é entender o processo. Nós temos pacientes de todos os jeitos. Nós precisamos ter afeto, tentar entender aquele processo. Temos famílias que desejam muito aquela criança e acabam perdendo por algum motivo. Nós precisamos entender todas essas pacientes e acolhê-las. Para isso, nós temos uma equipe multiprofissional. Quando a equipe de enfermagem detecta que essa paciente pode desenvolver uma depressão, acionamos os outros profissionais, mas continuamos dando suporte, tentando explicar. Se a gente consegue explicar o que está acontecendo, tranquilizando ela, mostrando com evidências, as coisas ficam mais fáceis para serem conduzidas até o final”, reitera a enfermeira obstétrica.
Além do acolhimento em todas as etapas, a equipe do HMI busca dar suporte à gestante com os métodos não-farmacológicos para alívio da dor com o uso de espaldar, bolas, chuveiro quente, banqueta, deambulação ou massagem, por exemplo, dependendo da dilatação. Todo o parto ocorre de acordo com a vontade da gestante, como explica a chefe de enfermagem.
“A gente respeita muito a vontade da parturiente. Estamos ali para orientar o que vai viabilizar, o que vai melhorar, o que vai ser mais rápido, mas ela só faz se ela quiser. A gente sempre prioriza a questão dela. Se ela não quiser fazer força, a gente pergunta se quer fazer força, andar, sentar na bola. Se ela quiser parir no banheiro, ela vai parir no banheiro. Se ela quiser parir no chão, a gente forra o chão; pare na cama porque as camas são preparadas para isso. Isso também é uma questão de humanização”, pontua.
Nos casos de partos cesarianos, por ser uma cirurgia, os enfermeiros obstetras apenas acompanham, principalmente o pós-operatório, como a recuperação anestésica, a contração do útero e lóquios, que são os sangramentos pós-parto.
Após o parto, a equipe sempre pergunta para as mães se querem ter o registro da placenta em pintura, a chamada “Árvore da Vida”, em que o órgão é pintado e o relevo forma uma árvore quando colocado em um papel branco. “Tem a questão de cortar o cordão, de conversar com elas, ver se querem cortar o cordão, se o acompanhante quer cortar o cordão, eu acho isso muito importante, o contato pele a pele do bebê. E logo após o parto, é o momento também de orientação, que é a questão da amamentação, do colostro, do pós-parto, dos cuidados. Se foi cesárea, ela vai ter que ter tais cuidados, se for normal vai ter outros cuidados”, reitera.
A educação continuada da equipe acontece periodicamente, visando o aperfeiçoamento do trabalho, seja para abordar novas técnicas, seja para falar de assuntos importantes como a humanização do parto, violência obstétrica e outros assuntos que sejam pertinentes.
A enfermeira Bruna Rocha deixa uma mensagem para seus colegas de trabalho que todos os dias cumprem um papel importante ao auxiliar os partos.
“Uma família está nascendo e nós precisamos dar o suporte. É importante que todos os enfermeiros nunca desistam de estudar, de querer que o nascer torne-se diferente. O nascer precisa de respeito e é isso que mostramos na prática com nossos pacientes. Nunca desistam de tentar mudar o amanhã. Somos figuras muito importantes na informação, apoio e acolhimento dessas mulheres, para que retomem seu poder e escrevam suas próprias histórias de parto”, conclui.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Secom