Educação: Escola Doralice Vieira promove lançamento de livro de ex-aluno, exemplo de superação
Paulo André entrou para o mundo das Letras por incentivo de professores que perceberam sua habilidade para a escrita na área literária
Aos 17 anos, Paulo André Oliveira da Silva, estudante da Escola Geraldo Veloso, tornou-se oficialmente um escritor. Na terça-feira, dia 30 de abril, na Escola Doralice Vieira Andrade, no conjunto Belo Horizonte, Cidade Nova, lançou o livro “Os Defensores da Vila, o Reino em Apuros”. O local escolhido tem um significado muito especial, pois nesta unidade de ensino, o estudante, que é autista, recebeu todo o incentivo das professoras para começar no mundo da literatura.
“Eu comecei o livro justamente aqui, mesmo quando eu fui para outra escola, eu ainda continuei falando com os professores, de vez em quando eu vim aqui. Bem, o que começou mesmo, tudo, foi quando na verdade eu participei de uma peça, me despertou uma vontade para a arte, para a escrita etc. porque eu ficava lendo o roteiro todo, aí eu gostei da escrita. Uma outra inspiração que um dia eu eu vendo as coisas da minha mãe encontrei um livro lá, aí eu comecei a ler o livro aí eu percebi que eu queria não escrever um mangá, mas sim um livro uma história”, contou.
A diretora Maria da Consolação Rodrigues de Moraes revela que o lançamento desse livro é um sonho realizado tanto do aluno quanto da escola.
“Ele teve esse sonho participando da sala de leitura aqui da escola com a professora Vânia, começando no sexto ano e se concretizou no nono ano dele, porém não foi possível fazer lançamento do livro dele e ficamos nessa busca infinita de realizar esse sonho desse aluno, sendo possível agora em 2024. Agente vê uma criança autista tendo esse prazer de fazer e escrever um livro, é muito bom. Você vê que é um exemplo para os outros alunos. A gente sempre coloca isso para nossos alunos que já pensou vocês, vocês podem ser o que vocês quiserem, basta sonhar e correr atrás do sonho”, pontuou.
O pai de Paulo André, o militar aposentado Saulo Cavalcante da Silva, era só satisfação ao ver a felicidade do filho.
“A gente vê que o autismo não foi nenhum problema para ele escrever esse livro, né? Tão bacana a história dele porque foi detectado (o autismo) precocemente e graças a Deus encontramos sempre portas abertas, e isso facilitou. É um sentimento de gratidão, que na realidade tudo começou aqui. Foi aqui que o professor Valdinez e a professora Lúcia viram essa vocação dele e deram esse start. E ele pegou no tranco, já está escrevendo o segundo livro”, disse o pai.
Para a coordenadora do Departamento de Educação Especial da Secretaria de Educação de Marabá, Thais Mendes, esse lançamento tem um significado ainda maior, quebrando preconceitos capacitistas.
“Eu não consigo nem expressar a minha felicitação por conta que é um aluno autista. Eles não focaram na limitação, é a importância do professor anticapacitista que não olhou para a limitação, olhou pra habilidade. Então aqui ninguém falou em autismo, a gente falou em pessoas. É um aluno da escola pública, podendo produzir, lançar seu livro. Então, é com extrema satisfação que nós estamos aqui para falar de pessoas, de alunos e não de limitações”, pontua.
A publicação é de ficção científica com magia e contou com ajuda de alguns professores para a organização de ideias e formatação, como o professor de Artes, Valdinez Brito. Ele já tem planos para escrever mais livros.
“Eu criei uma história, o mundo, mesmo nele eu tentei colocar algumas assuntos que abordam no nosso mundo, como preconceito, escravidão, que até os dias de hoje ainda acontece esse crime terrível. Se tudo é certo, até 2026 eu consigo lançar mais uma publicação”, declara Paulo.
Texto: Kélia Santos e Sávio Calvo
Fotos: Estagiária Ana Isabela, sob supervisão de Sávio Calvo