Cultura: Culinária, música e o respeito pelo diferente se misturam na apresentação da Junina Arretados da Paixão
É quase impossível encontrar alguém que não goste de Luiz Gonzaga. Mais difícil ainda é encontrar alguém que não goste de uma mistura de arroz e feijão. Pois esses dois patrimônios da cultura brasileira irão se encontrar na apresentação da junina Arretados da Paixão, a caçula das juninas marabaenses e que faz sua estreia no grupo de elite do festejo junino de Marabá em 2024.
Com o tema “Baião de dois – Culinária, música e paixão”, a Arretados da Paixão promete sacudir a arena fazendo essa brincadeira com a palavra, que representa tanto o ritmo musical quanto a comida nordestina.
“Vamos contar na arena a historia do Baião-de-dois comida e o baião, música feita pelo Luiz Gonzaga. Será algo bem emocionante que tocará principalmente os mais velhos ou aqueles mais novos que acompanham o artista. Teremos baião, pixote, xerém e muitas surpresas”, garante o coordenador e coreógrafo da junina, Richard Farias.
Ele conta que parte da inspiração do tema veio de mostrar como a simplicidade pode ser significativa e também de como coisas que parecem antagônicas podem combinar e dar certo. “É um tema simples que está na nossa casa todo dia, como o arroz e feijão, representando como as diferenças podem dar certo e se tornarem até melhores. O diferente combina”, comenta Richard.
Ano passado, a junina estreou no festejo marabaense trazendo como tema “Nós, Resistência, Cultura e Vida”, que abordou principalmente a importância da educação. A apresentação rendeu a eles o primeiro lugar do grupo B, que segundo Richard, surpreendeu até os próprios integrantes.
“A emoção de subir foi enorme. Nos preparamos muito ano passado, mas não achei que subiríamos. Nossa meta era fazer bonito e pegar experiência. Tínhamos muito jovens e lá tínhamos pessoas experientes no festejo. Fomos para mostrar a alegria do nosso bairro. Além de campeão, levamos melhor majestade, melhor noivo e melhor marcador. Arrastamos tudo”, comemora.
A Junina foi criada em 2017 por um grupo de amigos, os Panelinhas, que atuava apenas como bloco de rua. A Arretados da Paixão vem para tentar fazer bonito agora no grupo A com 31 pares, incluindo os destaques como noivos, o casal de majestade e o casal de cangaceiros, com Lampião e Maria Bonita.
“A gente vem com o pé no chão. Sabendo da grandeza das juninas que tem em Marabá. Até porque temos o maior festejo do Pará. Esse ano, temos uma galera mais veterana também e essa mistura bem bacana. Vamos fazer bonito e não digo que seremos campeões, mas tentaremos buscar o pódio”, afirma Richard.
Para alcançar novos feitos, a junina conta com a atual Miss Brasil Teen da Região Norte, Jasmin Victoria, 20 anos, que fará sua estreia dançando quadrilha este. “Eu conheci o pessoal da organização da quadrilha, depois o meu namorado também dança aqui. Ano passado, eu participei como maquiadora. Já tive experiência com teatro, na organização, me apaixonei, não me contive e esse ano estou aqui, dançando”, declara Jasmin.
Ela conta que a escolha do tema foi um dos motivos que a fizeram se apaixonar. “Ano passado, o nosso tema foi muito forte, foi muito bonito e aquilo mexeu muito comigo. Subimos para a série A, eu falei ‘não, agora eu vou dançar’. Me apaixonei por toda a família da junina. Meu coração palpitava vendo os outros dançando e vinha aquela ansiedade. Então, agora que vou dançar não pode ser diferente. Muita ansiedade e expectativa”, conta a artista.
Se Jasmin irá estrear, Kelves dos Santos, 26 anos, já está na Arretados desde quando eram um bloco de rua. “A gente começou dançando na ruazinha e não imaginávamos chegar lá na Velha Marabá e disputar com a elite. Lembro quando chegou o nosso convite para participar. Ficamos em sétimo no primeiro ano e agora já subimos de divisão”, relembra Kelves.
Para ele, neste ano o sentimento de entrar na arena será o de vitória. “A gente vê da onde a gente começou, né, pequeno. Agora ser nomeada a quadrilha do povo. Nós só tínhamos a nossa animação, Começamos a ensaiar e estamos aqui. O importante é não perder a animação pelo que somos conhecidos e ver até onde podemos alcançar”, conclui.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Sara Lopes