Em uma manhã marcada por troca de experiências e descontração, mulheres atendidas pelo Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) de Marabá participaram de um passeio cultural especial, promovido pela Coordenadoria de Políticas Públicas para as Mulheres (CEPPM). A ação teve como objetivo proporcionar um momento diferente, fora do ambiente habitual, fortalecendo o empoderamento e a autonomia das participantes.

A manhã começou com a apresentação da banda da Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM), seguida pela visita ao Museu Municipal Francisco Coelho, onde as participantes puderam conhecer um pouco mais sobre a história e a identidade cultural de Marabá. Para muitas, foi a primeira vez em um espaço como esse.

“A proposta da nossa coordenadora, Sueli Lara, foi exatamente essa, proporcionar um momento diferente, para que essas mulheres pudessem sair com seus filhos, vivenciar um espaço de cultura, entretenimento e acolhimento”, explica Francisca Danieli, coordenadora do CRAM.

Cerca de 30 mulheres, incluindo servidoras do CRAM e da Coordenadoria, participaram da ação. Muitas mulheres também levaram seus filhos para participarem da ação.

 “São mulheres que sofreram e sofrem violência. O CRAM é um equipamento dentro da Prefeitura que acolhe essas mulheres, oferecendo suporte psicológico, social, jurídico e pedagógico”, destaca Danieli, lembrando que a unidade funciona na Folha 32, das 8h às 14h, com profissionais especializados.

Para a coordenadora Sueli Lara, da Coordenadoria da Mulher, o passeio reforça a missão do órgão de promover políticas públicas que empoderem e transformem a vida dessas mulheres.

“Resolvemos, em parceria com o CRAM, proporcionar esse presente para elas. Queremos mostrar que elas podem e devem ocupar os espaços da cidade, se sentirem valorizadas e acolhidas. Esse é um projeto que está apenas começando e queremos ampliar, levando essas mulheres a outros lugares, sempre com o objetivo de fortalecer sua autoestima e mostrar que podem ser inseridas no mercado de trabalho e superar as marcas da violência”, enfatiza.

Um espaço de acolhimento e resistência

O CRAM é referência em Marabá no atendimento a mulheres a partir dos 18 anos que tiveram seus direitos violados em razão do gênero.

“Nosso atendimento inicial é feito por uma equipe composta por advogada, psicóloga e assistente social. O objetivo é acolher, compreender as demandas e ajudar cada mulher a romper com o ciclo da violência, resgatando sua liberdade e autonomia”, explica Débora Barros, advogada do CRAM.

Ela destaca que, além dos atendimentos individuais, o CRAM realiza rodas de conversa quinzenais, que funcionam como espaços de partilha e fortalecimento mútuo.

“A ação de hoje surgiu justamente desse espaço, como uma forma de transformar a roda de conversa em uma vivência cultural, fora dos muros do CRAM. É uma oportunidade de romper barreiras, muitas vezes impostas pela própria violência e pela falta de recursos financeiros”.

Débora também ressalta a importância de dar visibilidade ao trabalho do CRAM.

“Existem mulheres que sequer sabem que esse serviço existem. Outras, mesmo sabendo, não conseguem chegar até nós por falta de transporte. Momentos como este são fundamentais para mostrar que não estão sozinhas. A frase que sempre repetimos é: sozinhas somos fortes, mas juntas somos invencíveis”, conclui.

A ação também contou com apoio da FCCM, tanto com o espaço no Museu Municipal, quanto com a apresentação da banda. Francisca reforça a necessidade de mais parcerias para novas ações.  “Agradecemos à gestão municipal, por proporcionar essa ação e garantir que essas mulheres sejam vistas e cuidadas. Precisamos de mais parcerias como essa, para que possamos ampliar ainda mais a nossa rede de proteção e acolhimento”, reforça Francisca Danieli.

Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Paulo Sérgio