Com o objetivo de fortalecer as políticas públicas e o fomento ao debate sobre a igualdade racial em nosso município, foi realizada na última quarta-feira, 25, no Teatro Municipal Eduardo Abdelnor, a 1ª Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial promovida pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (Seaspac) da Prefeitura Municipal de Marabá. O evento contou com a participação de representantes da sociedade civil, gestores públicos e especialistas na área, proporcionando um espaço de reflexão e construção coletiva de estratégias para a promoção da equidade racial.

A presidente da comissão organizadora do evento, Alda Martins, explica que o evento foi realizado junto com a sociedade civil organizada.

“Os coletivos negros estão ativamente envolvidos nesse processo. É uma prévia para vir o Conselho de Direito e também é para a gente fomentar, fazer promoção da pauta negra, dos jovens negros e todas essas estatísticas de vulnerabilidade que afeta essa população aqui no município. Então é para toda a sociedade marabaense. É uma pauta transversal e todos aqueles que têm afinidade com a pauta, que trabalham com a pauta sobre a igualdade racial, equidade, estão aqui conosco”, informa.

A mesa de honra contou com a presença do prefeito Toni Cunha e da primeira-dama Lanúzia Lobo, que ressaltaram a importância de se discutir ações para esse público.

“Acabamos de participar da primeira conferência que debate a igualdade racial em nossa cidade. E foi algo fantástico. Tenham certeza que o governo de Marabá vai dar cada vez mais atenção a essa pauta, para que a gente possa reparar os erros históricos e fazer com que nosso povo se una cada vez mais com a afirmação desta comunidade que foi tão massacrada ao longo do tempo. Vamos trabalhar muito para que as políticas públicas cheguem a todos os marabaenses, afirmem os potenciais de todas as pessoas e deem possibilidades iguais para todos”, anuncia o prefeito Toni Cunha.

A primeira-dama Lanúzia Lobo afirma que está muito satisfeita em abraçar esta causa.

“E a gente deseja que seja de muito proveito os debates para que a gente possa, para além do debate, ir para a prática das transformações que são necessárias para atender essa demanda em relação ao racismo estrutural. Que a gente consiga de fato transformar essa realidade que tanto afeta a nossa população, que em sua maioria são mulheres, são pessoas negras. Então, queremos que esse evento ele de fato ganhe força. Estamos aqui como gestão municipal para apoiar, para dar voz a todas essas demandas e necessidades que eles possuam para a gente poder transformar, ajudar e dar o apoio”, elucida.

No período da tarde, o público presente foi dividido em três grupos de trabalho para discutir sobre os eixos temáticos Democracia, Reparação e Justiça Racial.

Alda informou três grandes nomes na condução desses grupos. A primeira é a Adliz Santis, advogada e também da Comissão dos Direitos Humanos da OAB; Flávia Marinho, da Unifesspa e a professora Margarida, da Educação do Campo, militante do movimento de mulheres e escritora.

A titular da Seaspac, Mônica Thompson, frisa que esse é um momento de transformação, de novos tempos.

“É um dever nosso do governo Toni Cunha, principalmente da Seaspac, desenvolver ações estratégicas para que as políticas públicas possam chegar a quem dela necessite. Estamos desenvolvendo, junto com a sociedade civil organizada, pessoas que realmente defendem a pauta a criação de um Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial. Está um movimento bem articulado, bem forte e consistente para que essas políticas possam ser pensadas e planejadas, para que possam ser executadas, e o total apoio do governo”.

A secretária adjunta da Seaspac, Selma Barbosa, afirma que essa é uma dívida impagável com as nações africanas.

“Essa é uma dívida impagável, mas nós podemos reparar. E eu vejo que esse é um momento de unir força, conhecimento, inteligência e sabedoria para construir alternativas de reparação”.

Adenilson Godinho, coordenador da Educação da Secretaria Regional de Governo foi um dos convidados do evento e estava na mesa de honra. Ele afirma que desde o processo de independência e proclamação da República ainda não conseguimos dar respostas à igualdade racial e justiça social do país.

“Uma conferência como essa é um espaço legítimo, necessário para se debater, propor e aprovar políticas públicas visando a promoção, a reparação e a justiça social, principalmente no que diz respeito ao negro, que ainda não tem seu lugar de pertencimento e reconhecimento na sociedade, a mulher, o idoso e as crianças, sejam eles de matrizes africanas, das comunidades tradicionais ou não. O Brasil urge por uma política pública efetiva para proteção, para promoção e a reparação dessa justiça social, toda necessária”, comenta.

O promotor de Justiça José Alberto Grisi, ressalta que o Ministério Público sempre acompanha questões relativas a direitos humanos, diversidade e principalmente visibilidade.

“O objetivo aqui, no entender do Ministério Público, é dar visibilidade a essa comunidade, a esse grupo que vem sendo historicamente invisibilizado, tanto pelo senso comum quanto pela sociedade. E com essa visibilização, as políticas públicas podem se voltar a partir das demandas que são colhidas e sistematizadas em eventos como esse, para ouvir a população, ouvir a voz desse público que é constantemente vulnerabilizado para que as ações estatais possam seguir essa luz, esse caminho”, expressa.

A visitadora do Programa Primeira Infância do SUAS, Gleiciane Rodrigues esteve participando do evento e diz que é um momento de aprendizado.

“Eu acho essa conferência de suma importância para nós, para todos que estão nesse evento, para que nós possamos aprender. Nós como visitadoras recebemos pessoas de vulnerabilidades e com esse aprendizado, poderemos atender melhor e levar nossos conhecimentos até eles”, conclui.

Texto: Fabiana Alves
Fotos: Lúcio Silva e Bill Waishington