Exposição “Literatura de Cordel e suas histórias: poetas e versos que encantam” conta com a participação de cordelistas de Marabá

O Museu Municipal Francisco Coelho abriu, na sexta-feira, 1º, a exposição “Literatura de Cordel e suas histórias: poetas e versos que encantam”, que marca o início das comemorações pelo aniversário de cinco anos da instituição. A mostra é fruto da pesquisa do professor Geovanni Gomes, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), sobre o cordelista José Costa Leite e reúne acervo pessoal, cordéis do Arquivo Municipal Manoel Domingues e produções de artistas locais.

A exposição, montada no auditório do museu, traz folhetos originais, painéis com trechos de cordéis, uma instalação em formato de árvore com publicações acessíveis ao público e um minidocumentário gravado em parceria com a Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM). Dois poetas marabaenses, Adão Almeida e Lusa Silva, participaram da produção audiovisual e estiveram presentes na abertura do evento, que também contou com microfone aberto, música nordestina e comidas típicas.

Celebração da cultura popular

Para Lara Luz, diretora do Museu, a escolha do cordel para abrir a programação tem grande significado.

“A história de Marabá se confunde com a história da migração nordestina. A literatura de cordel é uma expressão muito presente em nossa cultura, é popular, acessível e faz parte da formação de muitos marabaenses. Essa exposição é um presente para a cidade e uma forma de valorizar nossas raízes”, afirma.

A iniciativa também destaca a importância do museu como espaço de diálogo entre diferentes saberes e linguagens. “Estamos muito felizes em oferecer esse momento à população. Essa é uma literatura que nasce na feira, que educa e encanta. E ver o público interagindo, recitando, conhecendo esses versos, mostra que estamos no caminho certo”, completa Lara.

Verso, voz e memória

Adão Almeida, um dos cordelistas convidados, celebrou a valorização do gênero.

“É gratificante ver o cordel sendo homenageado. Ele já teve seus altos e baixos no Brasil, mas agora vive um momento de resgate. Aqui em Marabá, temos levado o cordel às escolas, às oficinas e ele tem encantado os alunos. É um gênero versado, rimado, que atrai e conquista leitores”, comenta.

Lusa Silva, também cordelista e presente na abertura, emociona-se com o momento.

“É espetacular participar disso. A gente vê que o cordel é bom, é atraente, encanta as crianças. Isso renova nossa esperança. A cultura popular precisa desse apoio, desse espaço para continuar viva”, explica.

Cordel no olhar da juventude

A exposição também desperta o interesse de visitantes mais jovens, como Ellen Eduarda, de 19 anos, estudante de história.

“Nunca tive muito costume de ler cordel, mas comecei a me interessar vendo uma novela sobre o cangaço. Hoje, lendo os folhetos aqui, achei tudo muito bonito. O espaço está aconchegante e já estou pensando em comprar alguns cordéis para começar a ler”, conta.

A exposição segue aberta ao público ao longo do mês de agosto, integrando a programação especial de aniversário do museu, que inclui ainda a abertura de outra mostra no dia 9: “Raízes da resistência: a cultura da madeira da Amazônia indígena e a construção de identidades a partir do território”, com foco na cultura material dos povos originários da região.

Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sara Lopes