Duas histórias de desafios e muitas alegrias no trabalho e na vida se misturam quando pai e filho dividem a mesma profissão: o de agentes de conservação do Serviço de Saneamento Ambiental de Marabá (SSAM). Essa é a história de Pedro Souza da Silva Santos e Wellington Nascimento da Silva que trabalham juntos em um dos caminhões coletores que recolhem lixo pelas ruas da cidade. 

O senhor Pedro é um homem simples e de sorriso largo que em companhia de seu filho Wellington, recebeu a equipe de reportagem em sua casa, no bairro Jardim União para uma conversa descontraída no final da tarde. Sua história começa em Ipixuna, cidade próxima a Marabá, onde nasceu e foi criado pela avó até os 16 anos. Quando ela faleceu, na década de 1990, veio morar em Marabá com seus pais e irmãos. 

Começou a trabalhar como gari na Prefeitura de Marabá e há mais de 30 anos atua na função que adotou para sustento próprio e da família. “Naquele tempo não existia pessoas para trabalhar como existe hoje. Tem muita lei que proíbe o de menor trabalhar. De lá pra cá eu fui todo o tempo me dedicando no meu serviço, me dedicando e fui indo”. 

Na época, Pedro encontrou a esposa que ficou grávida e em 1999, nasceu Wellington, dentro de casa, acompanhado por uma parteira e o próprio pai.

“Eu acompanhei o nascimento dele. Ele nasceu em casa e eu acompanhei tudo na época. E hoje está aqui comigo, com saúde de tudo. Não teve tempo de ir ao hospital, foi em casa mesmo. Foi bom demais”, relembra emocionado.  

Na infância, Wellington quis seguir a profissão do pai, que o fez viver a experiência ainda na zona rural, quando já era adolescente.

“Esse aqui sempre falava assim – ó pai, no dia que eu for maior eu quero que você ajeite um serviço pra mim. Eu falei: você quer trabalhar dessa forma? Igual eu trabalho? – Quero! Você ajeite um serviço pra mim que eu vou trabalhar junto com o senhor. Ele ia comigo trabalhando para ver só o gosto de trabalhar nesse serviço sem ganhar nada. Só para saber como é que é”, relata o agente de conservação. 

Aos 18 anos, Wellington encontrou uma companheira que o pressionou a conseguir um emprego para ajudar a pagar as contas da casa. Foi então que Wellington viu a oportunidade de ser gari juntamente com o pai. “Ele falava – pai, arruma um serviço para mim que agora eu tenho mulher e eu não quero ficar parado não. Eu falei: você quer trabalhar? Porque a pessoa de vida solteira, para depois acostumar num serviço daquele ali não é fácil. Você quer trabalhar? Pois eu vou conversar com o Odilon. Deu certo e hoje está aí. Está com seis anos lá, trabalhando. Hoje não tem a companheira, está solteiro, mas está trabalhando certinho”, conta Pedro.  

Wellington afirma que se inspirou na profissão do pai porque via o companheirismo dele e dos colegas e acha muito legal como as pessoas os tratavam na rua.

“Você se torna uma pessoa conhecida demais e o povo agasalha. É uma animação, não tem tempo triste. Quando o parceiro está triste, outro anima. Eu via o dia a dia deles, vi que ganhavam muitas coisas, o povo tratava bem, onde chegavam era bem vistos, os policiais tratavam bem. Entrei, vai fazer seis anos, renovei o contrato. Esses dias coloquei até nos status, agradecendo primeiro Deus, segundo na terra ele e minha mãe, e também minha ex-mulher que me deu muita apoio”, relembra ele.  

Mesmo com o dia a dia bastante puxado e repetitivo, pai e filho não perdem a alegria e o gosto pelo trabalho. Hoje os dois fazem a rota das Folhas 20, 21,22, 30, 31 e 32 e juntos coletam os resíduos para que a cidade fique sempre limpa e bem cuidada. “Todo dia é a mesma coisa. A gente sai daqui às 5h30, chega lá às 18h, toma café, vai merendar, aí o coordenador faz a chamada, a gente pega aquele trajeto de todo dia. Eu conheço o Marabá todinho, de ponta a ponta. Toda a rota de Marabá eu trabalhei. Em todos os bairros. Estou lá trabalhando de boa. E a vida é essa que a gente leva. Eu e o Wellington”, narra o pai.

O filho concorda com o pai e acha muito bom trabalhar lado a lado: “É massa demais, tá doido! Eu nunca imaginava que nós íamos ser parceiros, mas agora nós somos. O chefe de casa falou lá – olha, agora quem vai ser teu parceiro é teu pai. Qualquer coisa, se tu faz alguma coisa de errado, quem vai te dar uma lição aí. A minha trajetória é essa, eu não tenho vergonha, não. Tem aquele velho ditado que meu avô falava: vergonha é a pessoa roubar. Agora a gente trabalhar é a coisa melhor que tem. Meu pai me ensinou a ter respeito, educação, de chegar, saber entrar, saber sair, ouvir muito, falar pouco. Muitas coisas. E ele ainda vai me ensinar mais ainda que nós somos parceiros de trabalho. Eu o agradeço muito por isso”. 

Pedro emociona-se quando fala do orgulho que sente do filho e colega de profissão. “É um orgulho que eu sinto que meu filho trabalha junto comigo. Eu sinto que a responsabilidade dele dobrou mais ainda agora que ele está perto de mim, ao meu lado, trabalhando. Então, é orgulho que eu sinto e prazer que ele trabalha ao meu lado, junto comigo. Todo mundo se admira com esses tipos de coisa. Falam assim: rapaz, ali trabalha o pai e o filho no caminhão, os dois são parceiros. O pessoal da rua, a população fica admirada com um negócio desse. – Rapaz, tu é conhecido na rede social e agora é seu filho que está ao seu lado, trabalhando”, finaliza. 

Mais do que parceiros de trabalho, pai e filho seguem sendo parceiros na vida e compartilhando momentos que deixarão lembranças que ficarão para sempre em seus corações. Que assim seja com todos os pais e filhos em cada lar marabaense. Feliz Dia dos Pais!

Texto: Fabiana Alves
Fotos: Sara Lopes