Os encantados das águas: Boto, Nego e Mãe d’água, Boiuna, Vitória Régia, e os da mata, como a Matinta Perêra, tomaram de conta do palco do Teatro Eduardo Abdelnor, na sexta-feira, dia 22, com as performances das lendas amazônicas promovidas pela Companhia de Artes da Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM). Uma oportunidade artística e experimental para os 230 alunos dos cursos de Balé e teatro, recém ingressados nas aulas,

“Estamos com duas semanas de aulas e eles já têm experiência em atuar no palco. Isso é importante para o desenvolvimento deles e tenho certeza que estão amando”, garante a coordenadora da Cia de Artes, Cidinha Lopes.

Essa foi só uma parte da programação do 1º Amazônia Fest, em comemoração ao Dia Nacional do Folclore. O evento foi idealizado pelo ator e artista visual marabaense Valdsom Braga para celebrar a cultura regional, reunindo elementos regionais das artes visuais, música, dança, teatro e gastronomia amazônica.

“Com esse momento, Marabá está vivendo uma noite histórica, um novo tempo para a nossa cultura, pois o Amazônia Fest não é apenas um espetáculo, é um mergulho profundo na essência do nosso povo, na força da floresta e nos cantos que ecoam desde a ancestralidade. Eu tinha muita saudade de ver a nossa cidade pulsar arte, sabe?! Isso é bom para a comunidade e é um privilégio ter essa oportunidade de mostrarmos o nosso trabalho”, destaca Valdsom Braga.

O festival, que tem o apoio da FCCM, além de reunir músicos da Fundação, cantores locais, Instituto Chamas do Norte, Grupo de arte da APAE Marabá, Pássaro Rouxinol e alunos do curso de teatro do Centro Cultural Marcelo Morhy. Uma grande homenagem à cultura regional como ressalta a presidente da FCCM, Thaís Cariello.

“Essa iniciativa do professor Valdsom trouxe uma celebração tão importante como essa, que é o dia do folclore, para ser homenageada, mesclando à nossa cultura local, por isso fizemos questão de trazer os mestres da música marabaense, lendas da nossa cidade, para juntos homenagearmos a nossa identidade regional em forma de apresentações, danças e teatros”, enfatizou a presidente.

O espetáculo ficou ainda mais grandioso com a apresentação “Amazônia em chamas”, do Instituto Chamas do Norte, com personagens folclóricos indígenas, ritmos e histórias. Segundo o coordenador, Ademar Dias, o evento trouxe às questões climáticas da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 – COP-30.

“A gente traz nesse momento uma temática similar àquela apresentada pela Junina Fogo no Rabo deste ano, que foi a luta pela preservação e valorização do meio ambiente, da natureza, mas com adaptações entre o balé, a dança e o teatro, ou seja, foram várias apresentações dentro de uma apresentação no palco, com pajés, representações indígenas, etc.”, elucidou Ademar.

Quem também encantou o público foi o Grupo Rouxinol, uma manifestação artística musical e teatral trazida para Marabá nos anos 1930 e que foi resgatado há 4 anos por antigos moradores da Marabá Pioneira. Atualmente o grupo, coordenado pelo Mestre Zequinha, tem 50 integrantes.

“Toda expressão cultural precisa ser vista e manifestada. Marabá é rica nisso e com esse momento, nós podemos mostrar mais ainda nossos grupos culturais. Queremos muito inserir jovens em nosso espelho, pois a cultura é isso, é cultivar por gerações, para que se propague e não se apague a memória”, afirma o músico.

As apresentações chamaram a atenção das estudantes e amigas Raquel Alves e de Jennifer Rodrigues, que visitaram o teatro pela primeira.

“Eu como filha de Marabá, vejo que é muito importante abranger essa cultura, pois muita gente desconhece esses elementos que formam a nossa identidade”, comenta Raquel.
“Eu estou impressionada com tudo isso. É uma representação especial e muito realista do que a nossa Amazônia é. Tudo muito bem interpretado mesmo, eles estão de parabéns”, dialoga Jennifer.

Serviço

A Cia de Artes da FCCM, que concentra as atividades no Centro Cultural Marcelo Mohry, atrás do Teatro, disponibiliza dois cursos o de teatro e o de balé. Para saber mais como se inscrever, compareça à sede da FCCM, na Folha 31, Nova Marabá.

Texto: Sávio Calvo
Fotos: Derick Lopes