Professores Fora de Série: Maria Solange Moreira, 25 anos dedicados a educação de crianças, jovens e adultos
A educadora Maria Solange Moreira, 55 anos, chegou de São Paulo à Marabá, aos 15 anos de idade e iniciou a carreira docente com o magistério, na extinta escola Santa Terezinha onde havia concluído o ensino médio. Logo galgou novos horizontes buscando aprimorar os conhecimentos na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, na formação em pedagogia.
“Quando eu fiz o vestibular fiz de pedagogia e odontologia, mas quando passei para pedagogia não quis saber mais de Odontologia, porque eu me encontrei”, destaca a professora.
Atuar na área educacional se tornou uma paixão para a professora Solange que completa 25 anos de profissão em abril deste ano. Aliás, ela sequer consegue esquecer-se do dia em que recebeu a notícia da aprovação no concurso público municipal. O dia 04 de fevereiro de 1996 é a data do aniversário da filha caçula que nascia ao mesmo tempo em que a carreira de servidora pública.
“A educação é uma fonte de vida, é onde ajudo a sustentar a minha família. Ninguém trabalha só por lazer, por hobby. É onde tenho minhas amizades. A gente convive mais com a equipe da escola, com os alunos, do que com a própria família da gente, às vezes” ressalta sobre a rotina no trabalho.
Na rede municipal de educação, Solange foi construindo uma linda e importante trajetória profissional. Trabalhou nas escolas Raimundinho, Rufina Nascimento, Deodoro Mendonça, Basílio Miguel e Irmã Theodora por 13 anos, onde ocupou a função de gestora. Além disso, também exerceu a docência no Ensino Médio e em uma universidade particular.
“É muito bom você ser reconhecida, encontrar um aluno lá na faculdade, viajar e encontrar um ex-aluno seu no aeroporto, em Brasília, passando com aquele sorriso e aí você pensa: esse já foi aluno. É gratificante. Eles sempre se lembram da gente. A gente se lembra dos rostinhos deles também, principalmente dos mais danados, até o nome às vezes” enfatiza em risos.
Atualmente, a professora Solange é vice-diretora no Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEEJA). Lá diz que tem se realizado como profissional.
“Me inspira, me motiva até hoje. Muitos desses alunos foram alunos nossos adolescentes e hoje estão voltando pra sala de aula. O que a gente quer é que nosso aluno seja bem tratado, que esteja aqui, que a escola seja viva, flua. Que o aluno busque a escola como um espaço acolhedor e que mostre pra ele que a escola é sim, uma fonte de conhecimento, uma melhoria de futuro. E hoje com a Educação de Jovens e Adultos estamos colhendo os frutos com aquelas pessoas que correm atrás da escola porque precisam e os idosos”, comenta a professora sobre o trabalho no CEEJA.
A educadora Maria Solange afirma que procura ser dinâmica, boa ouvinte, analisar, buscar, colher e ajudar. “Tem horas que tenho de ser severa, mas outras, muito humana, saber entender. Sou uma pessoa muito verdadeira. Tento mesclar” descreve ela sobre o seu perfil profissional.
Aloisio Pereira do Rêgo, 42 anos, é ex-aluno da professora Solange, já no ensino superior, no curso de pedagogia e não consegue esquecer a injeção de ânimo que recebia da professora durante os estudos. Aloísio é psicopedagogo, concursado na rede municipal de Marabá e atuante como gestor escolar na escola Dinalva Arruda.
“Foi uma pessoa que esteve sempre do meu lado, contribuiu também para o caráter profissional, da nossa identidade como professor atuante. Ao longo dos anos na faculdade, ela ia nos mostrando a postura de como lidar com as situações, as próprias experiências dela. Foi a primeira pessoa que me deu oportunidade pra dar aula. Ela era movida por um sentimento maior que é o amor em relação as crianças. Sou concursado graças a Deus e segundo a ela” afirma o ex-aluno.
Com a proximidade da aposentadoria, ainda esse ano, a professora Solange sabe que vai sentir saudades, mas, pretende driblar o sentimento ocupando o tempo com sonhos que estavam adormecidos. Fazer outra graduação, desta vez em psicologia, está dentre eles.
“Tudo vale a pena. O fazer correto é o seu cartão de visita. Quando eu me afastar, no meu histórico de vida, vão lembrar de mim como sempre fez as coisas certas. Esse vínculo [com a educação], a gente não perde, mas faço outras coisas. Agora mesmo comecei aulas de violão. Gosto muito das artes, trabalhos manuais, eu saio da escola e ainda vou fazer um crochê, tricô. Eu ainda tenho projeto de fazer um ateliê no fundo da minha casa”, finaliza emocionada Maria Solange.
Texto: Leidiane Silva
Fotos: Aline Nascimento