Seaspac: Idosos do Cipiar retornam a seus familiares
A equipe do Centro Integrado da Pessoa Idosa (Cipiar) comemora o retorno de 3 idosos ao seio familiar, em menos de seis meses. São idosos que estavam há mais de 45 anos sem vínculo familiar e que tiveram a realidade transformada após buscas-ativas do setor social do centro.
“O Cipiar ao longo desses anos vem desenvolvendo um trabalho de reintegração de pessoas a suas famílias. Idosos que irão viver o restante de suas vidas no lugar onde queriam estar. Então quando a equipe técnica do centro consegue fazer essa articulação, de localização dessas famílias, e conseguimos entregar mais um idoso a sua família, nos enchemos de esperança, porque a melhor coisa que tem é estar perto de quem a gente gosta”, destaca Luiz Silva diretor técnico da Seaspac.
Maria Goreth Rodrigues, coordenadora do Cipiar, explica que apesar de o centro ser um espaço de longa permanência, mantém uma rotina de reintegrar os idosos aos familiares, tomando é claro os devidos cuidados para garantir o bem-estar do idoso.
“É feito todo um trabalho, de busca-ativa, visita domiciliar a família pra saber se ela está apta a receber. Se a família realmente quer receber o idoso, porque é muito tempo sem vínculo. Mas é tudo alegria quando eles querem. Quando é recíproco o querer tanto por parte do idoso, quanto da família”, destaca Maria Goreth Rodrigues, coordenadora do Cipiar.
A coordenadora esclarece ainda que mesmo após o retorno às famílias, o serviço social mantém o acompanhamento aos idosos.
“A gente tem um trabalho em conjunto com o serviço social da cidade de origem. E sempre estão dando respostas, fazendo visitas, enviando relatórios”, informa.
Em agosto de 2020, mostramos em uma matéria a busca do Cipiar pelos familiares de três idosos que se encontravam no Centro e a busca pelos familiares. Hoje todos estão com seus familiares.
Jacinto
Francisco Jacinto, 81 anos, que foi acolhido pelo Cipiar, por dois anos e meio, voltou ao estado do Ceará, há cerca de uma semana, para morar com as irmãs e sobrinhos. O sapateiro conhecido como índio, veio para o Pará na década de 80 atraído pelo garimpo de Serra Pelada, e se instalou, no núcleo Cidade Nova, entre os bairros Liberdade, Laranjeiras e Amapá.
“Nós íamos conversando muito com ele, e ele contou toda a história da vida dele, da busca por uma melhor qualidade de vida e a gente percebe que num parágrafo da história dele, isso se tornou diversas páginas de afastamento. E quando chegamos que abrimos a porta do carro, a irmã dele já estava esperando na porta de casa, e vimos outros capítulos se iniciando. Houve todo o apoio da rede de Crateús, Cras, SMS, e nos sentimos mais tranquilos”, descreve Luiz.
Jacinto, havia sido acolhido pela prefeitura, em 2018, após a confirmação de denúncias de negligências contra ele por parte de uma companheira. No Cipiar o idoso recebeu tratamento e teve os direitos garantidos, até que manifestou o interesse em reencontrar familiares, na cidade Crateús, no Ceará. Luiz Silva, foi quem acompanhou Jacinto no retorno para casa, uma viagem de 3.200 quilômetros de muita expectativa para matar as saudades.
Maria Nascimento
Em maio, Maria Amorim do Nascimento, 73 anos, reencontrou os dois filhos que havia deixado ainda pequenos no município de Codó, no Maranhão. Maria está vivendo no município de Barras, no Piauí, com o filho mais velho Delcimar da Silva, a nora e os netos. Como em muitas outras histórias, a idosa
veio ao Pará na década de 80 com destino a Serra Pelada. Sem sucesso com o ouro, a vida a levou a viver com o marido, na Vila Santa Fé, zona rural de Marabá, até 2019, quando ficou viúva e sem familiares precisou do acolhimento do Cipiar.
Outros casos
Além de Jacinto e Maria, quem também voltou a conviver com familiares foram os idosos, José Nunes, 71 anos, recebido por primos e sobrinhos, em Ipiranga do Piauí, no mês de março. Por outro lado, Francisco das Chagas, 63 anos, foi acolhido por uma sobrinha, aqui mesmo em Marabá, no bairro Independência. Já seu Dario Ferreira, 74 anos, após ter a visão restabelecida pediu a saída espontânea do Cipiar para retornar à Vila Sororó, em abril. No ano passado, Maria Valdeci, 71 anos, também reencontrou o filho Jason Filho com quem mora na Bahia.
José Nunes e família Dario Ferreira e família Francisco Chagas
O Cipiar está localizado na rua Minas Gerais, no bairro Belo Horizonte e atualmente tem 15 idosos acolhidos no centro. Lá eles são assistidos por uma equipe multidisciplinar composta por cuidadores, técnicos de enfermagem, assistentes sociais, psicólogo, educador físico, além dos servidores de apoio.
Texto: Leydiane Silva
Fotos: Paulo Sérgio