Secult: Adão Almeida lança a 2ª edição do livro “A madrasta má. Literatura de cordel”
O cordelista, poeta e contista Adão Almeida lançará na próxima sexta-feira, dia 22 de março, a 2ª edição do livro “A madrasta má. Literatura de cordel”. O evento acontecerá a partir das 19h, na Biblioteca Orlando Lima Lobo, na Marabá Pioneira.
O livro é baseado na história da mãe do autor. Ela perdeu a mãe, avó de Adão Almeida, quando tinha apenas 9 anos de idade. O pai teve um novo relacionamento e a madrasta não foi uma pessoa boa para ela. Segundo o autor, o livro já entrou em debate em sala de aula e o professor compartilhou com ele histórias de alunos que passaram pela mesma situação retratada na obra.
“A história é real de verdade. Ela foi a madrasta da minha mãe. Eu criança, ela me contava o sofrimento dela e dos irmãos na mão dessa madrasta. Então, quando eu me tornei um escritor, eu quis imortalizar aquela história, uma história triste, mas que tem que ser contada. O professor ficou boquiaberto de ver na atualidade casos parecidos. Foi isso que me fez escrever o cordel, primeiro para imortalizar a história da minha mãe, e segundo para ir ao encontro de outras pessoas que passam pela mesma realidade”, ressalta.
A segunda edição do livro foi possível graças ao Projeto Tocaiúnas, que neste ano foi patrocinado pela empresa Vale. Além de Adão Almeida, outros 20 escritores já tiveram obras publicadas pela iniciativa.
Adão Almeida é natural do estado do Tocantins e chegou em Marabá na década de 1980, quando tinha 8 anos. O dom para a escrita despertou quando ele retomou os estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Ele havia parado na 3ª série do ensino fundamental e em 2011 voltou para a sala de aula.
Em 2013, durante as comemorações do centenário de Marabá, ao ver matérias sobre a cidade e outdoors marcando a data, surgiu a inspiração para o poema “Centenário de Marabá”. “Daí, eu recebi muitos incentivos, que eu tinha a literatura na veia. Então, eu continuei a escrever, não parei mais e realmente tenho uma produção bem relevante. Eu comecei com a poesia. Com um ano desse primeiro texto, eu publiquei o primeiro livro de poesia. Eu conheci o Eduardo Castro, (então) presidente da Academia de Letras de Marabá, que percebeu na minha poética, meu sotaque, que eu tinha um ritmo de cordelista e ele me incentivou”, relembra.
O autor conta com mais de 15 obras publicadas entre literatura infantil, poesia e cordel, além de 20 participações em antologias poéticas, incluindo publicações no México e Peru.
Diversos temas atravessam a obra de Adão Almeida como a história e natureza de Marabá, regionalidade, meio ambiente, imaginário das lendas e crítica social. “A minha inspiração surge a partir de algo que eu ouço, que eu vejo. Ela é momentânea. Estou vendo algo ali e então já está gerando uma poética dentro de mim. Eu só pego uma caneta ou o computador e já começo a escrever algo que aquele momento me inspirou”, pontua.
Na visão de Adão, Marabá é um berço de escritores e a literatura tem um papel importante na sociedade ao debater temas e contar histórias que ficarão na memória da cidade, por exemplo. Nesse sentido, escrever, para ele, é uma atividade que representa muito.
“Escrever, para mim, eu acredito que me preenche. Eu me realizo quando escrevo. Se eu estou triste, eu escrevo, se eu estou alegre, eu escrevo, se eu estou trabalhando, eu escrevo. Se eu digo que estou parado, eu estou escrevendo. Para mim, a literatura é tudo”, declara.
O autor está no último ano do curso de biblioteconomia pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e trabalha na Biblioteca Orlando Lima Lobo. Além disso, faz parte da Academia de Letras de Marabá (Alma) e da Academia Paraense de Literatura de Cordel (APL).
Serviço
O relançamento do livro “A madrasta má. Literatura de Cordel” será no dia 22 de março, na Biblioteca Orlando Lima Lobo, a partir das 19h.
“Quero convidar todas as pessoas de Marabá a virem nesse grande lançamento que a gente vai fazer, de portas abertas, com o coração aberto, braços abertos, para abraçar todas as pessoas que puderem vir nesse lançamento de uma obra que já tem um nome na cidade, que as pessoas já conhecem. Uma literatura de cordel, um gênero que traz um atrativo diferente de outras literaturas. Então, eu quero convidar a população de Marabá a se fazer presente no nosso lançamento”, convida o autor.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Secom