
Cultura: No Dia do Folclore, Marabá convida você a conhecer a Sala das Lendas do Museu Francisco Coelho
Era uma vez um rio imenso, que guarda em suas águas segredos antigos. Nas margens, vozes de avós ainda ecoam, repetindo histórias que nasceram entre a mata e as correntezas. Em Marabá, essas narrativas ganharam um espaço para viver além da oralidade: a Sala das Lendas do Museu Municipal Francisco Coelho. E é justamente nesse ambiente encantado que o Dia do Folclore, celebrado em 22 de agosto, encontra um palco perfeito para lembrar que tradição e imaginação são patrimônios que não podem se perder no tempo.
A educadora museal Emily Paiva explica que a Sala das Lendas foi pensada para mergulhar visitantes, sobretudo crianças, no universo mítico que molda a cultura amazônica.


“É um espaço interativo, que traz não só o folclore de Marabá, mas também de toda a Amazônia. As histórias que temos aqui são passadas de geração em geração e continuam vivas no imaginário popular, tanto das pessoas mais velhas quanto das crianças”, destaca.
Entre as representações estão figuras conhecidas do imaginário brasileiro, como o Saci-Pererê, o Curupira e a Matinta Pereira, cuja voz gravada recepciona os visitantes, convidando-os a entrar no mistério da floresta. Mas o espaço também valoriza lendas locais, que fazem parte da identidade marabaense.
As lendas de Marabá
A Porca de Bobes, por exemplo, é exclusiva da cidade. Segundo a tradição, trata-se de uma jovem vaidosa que, nas noites de sexta-feira, assustava os moradores do bairro Francisco Coelho, popularmente conhecido como Cabelo Seco, na Marabá Pioneira.
“É a minha preferida, porque permite muitas formas de contação para as crianças. A gente até brinca, dizendo que os bobes lembram a Dona Florinda, do Chaves”, conta Emily, rindo.
Outra figura marcante é o Nego d’Água, menino travesso que, apesar de sapeca, protege as crianças durante as enchentes dos rios Tocantins e Itacaiunas. A imponente Boiúna, também tem sua versão de local. A cobra gigante que habita os rios, também desperta fascínio nos pequenos visitantes, como foi o caso do estudante João de Oliveira, de seis anos, que resumiu sua experiência em poucas palavras: “Eu gostei da sala das lendas. A que eu mais gostei foi a cobra, a Boiúna, que fica lá embaixo da ponte”.
Além disso, a sala guarda memórias da migração maranhense para Marabá, que trouxe o Boi-Bumbá e ajudou a formar a identidade cultural da cidade. O “Boi Marabazinho”, como ficou conhecido, lembra o antigo bairro da Orla, segundo a educadora.
Educação através do encantamento
As lendas não apenas despertam a curiosidade, mas também cumprem uma função educativa. Para Renato Pimentel, coordenador e professor da Escola Apoliana Roseno de Jesus, de Nova Ipixuna, que trouxe seus alunos de 3 a 5 anos a cidade para visitar o Museu, devido ao Dia do Folclore, o folclore é uma ferramenta essencial no aprendizado.


“Cada povo tem uma forma de contar suas histórias. No caso do folclore, ele traz ensinamentos, valores e reflexões. É um conhecimento que não é apenas produtivo, mas educativo, principalmente para as crianças que estão começando a se formar. Essa sala cumpre bem esse papel, porque conecta o passado com o presente”, afirmou o educador, que já visitou o espaço quatro vezes.
Ele acrescenta que a experiência prática de ver as lendas representadas em um ambiente museal amplia o que é trabalhado em sala de aula: “No mês de agosto, trabalhamos o folclore como tema. Trazer as crianças para cá é mostrar na prática o que elas aprendem nos livros”.
Folclore como memória coletiva
Ao caminhar pela Sala das Lendas, fica evidente que essas narrativas não são apenas fábulas. Elas guardam lições, explicam costumes, falam de respeito ao meio ambiente, ao sagrado e à comunidade. Para Emily Paiva, preservar esse espaço é garantir que o imaginário popular continue pulsando:
“Todos nós já ouvimos alguma história contada pelos avós ou pelos tios. Quando trazemos isso para um espaço museal, damos às crianças e aos visitantes a chance de reviver e repassar essas memórias. É uma forma de manter viva a nossa identidade e todas elas trazem consigo algum ensinamento, alguma lição”.
Museu aberto à comunidade
O Museu Municipal Francisco Coelho, localizado na Marabá Pioneira, funciona de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados e domingos, das 9h às 13h. A visita é gratuita e acompanhada por educadores museais, que enriquecem a experiência dos visitantes.
No Dia do Folclore, o convite está feito: entrar na Sala das Lendas e atravessar o portal para a cultura amazônica.



Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Bruno Eduardo
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