Marabá sediou, nesta semana, o III Fórum de Desenvolvimento Sustentável da 3ª Região Agrária do Pará, promovido pelo Fórum Permanente Regionalizado do Ministério Público do Estado do Pará para Questões Agrárias e Fundiárias. O evento reuniu representantes de 23 municípios da região, além de São Félix do Xingu, convidado especial, consolidando-se como um espaço estratégico para o debate e a busca por soluções sustentáveis para o setor agropecuário na Amazônia.

Este ano, o fórum ganha ainda mais relevância em virtude da realização da COP 30 em Belém, em 2025, reforçando a necessidade de integrar as discussões locais aos desafios globais relacionados à conservação ambiental e à mitigação das mudanças climáticas.

De acordo com Alexssandra Mardegan, promotora de Justiça Agrária de Marabá, o fórum é um espaço permanente de diálogo e construção coletiva. “Estamos no nosso terceiro fórum agrário da biodiversidade, com mais de 400 participantes, entre representantes dos municípios, produtores e especialistas. Temos um ciclo de palestras com professores e pesquisadores da UFPA, Unifesspa e Embrapa, abordando temas como produção sustentável, desenvolvimento e biodiversidade”, explicou.

Além das palestras, o evento conta com uma feira de produtos da agricultura familiar, aberta ao público. “É uma oportunidade de valorizar a produção local, com frutas como maracujá, pitaia e limão, cultivadas com apoio das ações do Ministério Público. Um destaque é a destinação de madeiras apreendidas em operações conjuntas com o Ibama, Semma, PRF e PF, que são reutilizadas para construção de caixas de mel, cochos de fermentação de cacau e outros insumos produtivos”, destacou Alexssandra.

O vice-prefeito de Marabá, João Tatagiba, também esteve presente e ressaltou a importância da parceria entre o poder público e os produtores. “Marabá é um dos municípios com maior número de projetos de assentamento do Brasil, com um potencial produtivo gigantesco. Eventos como este são fundamentais para incentivar a produção, gerar mais emprego e renda, e mostrar ao mundo o potencial do Pará. A Prefeitura está à disposição para apoiar e fortalecer ainda mais essas iniciativas”, afirmou.

Produtores rurais de diversos municípios participaram ativamente do evento, como João Pedro, de Parauapebas. Ele destacou a proposta de produção sustentável da sua propriedade. “A nossa ideia é tratar o solo e o meio ambiente como nossos filhos. Se cuidarmos bem, teremos uma produção de qualidade. Nosso projeto é aliar os três eixos da bioeconomia, não só pensando no lucro, mas na valorização da riqueza natural das propriedades e na produção de alimentos saudáveis”, relatou. Entre os produtos expostos por João estavam chocolates veganos, frutas secas e doces produzidos com castanhas e outras oleaginosas.

Para João Pedro, eventos como o fórum são fundamentais para que os produtores possam mostrar seu trabalho e trocar experiências. “Queremos que as pessoas entendam que somos ricos por natureza e que podemos transformar nossa produção em produtos que agreguem valor, como barras de chocolate, respeitando o meio ambiente”, completou.

Entre os palestrantes, Daniel Nogueira Silva, professor de Economia da Unifesspa, abordou os impactos das mudanças climáticas na agropecuária da região amazônica. “A nossa agricultura depende fortemente dos regimes de chuva, e os modelos climáticos indicam alterações significativas nesse padrão. Isso afeta diretamente a produção e as condições de vida das comunidades. O desafio é pensar como nos adaptamos a esses novos cenários, mobilizando políticas públicas e ações sociais”, destacou.

Sebastião Rodrigues de Castro, produtor do PA Talismã, também participou da feira e ressaltou a importância do evento para a divulgação dos produtos da agricultura familiar. “Essa oportunidade é excelente para mostrarmos nossa produção diversificada: banana, batata, açaí, cacau, mandioca e farinha. É um espaço para valorizar o que produzimos e conquistar novos mercados”, afirmou.

Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Lúcio Silva