Dia das Mães: Vivenciar a essência da maternidade no trabalho desenvolvido pelo Espaço de Acolhimento Provisório
O amor e cuidado de mãe são considerados únicos e especiais para a maioria das pessoas. Quando por algum motivo, uma criança é impedida de ficar com a família por questões judiciais, um time profissionais é responsável por garantir que as crianças, nessa situação, tenham o melhor acolhimento e assistência possíveis durante o período.
Neste Dia das Mães, a gente conta a história de duas mamães que atuam no Espaço de Acolhimento Provisório (EAP), vinculado à Secretaria Municipal de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários da Prefeitura. Órgão responsável por cuidar das crianças e adolescentes de 0 a 17 anos e 11 meses, que são vítimas de maus-tratos, negligência, abandono, entre outros problemas familiares.
Maria Zenilde de Souza Teixeira e Maria Luísa Silva de Oliveira possuem cada uma três filhos, já maiores de idade e encaminhados na vida, agora dedicam-se a cuidar das 22 crianças que convivem, hoje, nas 4 casas do EAP, espaço que foi entregue à população em 6 de agosto de 2020.
“A gente fala que não se apega, mas a gente se apega com as crianças, como se fosse realmente filho da gente. O cuidado é até maior, porque eles estão sob proteção judicial. Tem dias que saímos em prantos com alguns casos, mas é muito gratificante o trabalho. Me sinto privilegiada de, nessa idade, ainda estar atuando e com todo gás. Às vezes pensamos em se aposentar, mas ainda temos muito o que contribuir”, conta Maria Zenilde, que é coordenadora do Espaço.
Ela conta que, hoje, o órgão atua em formato de casa lar, como se fosse uma residência. “A ideia é ter [algo] o mais próximo da realidade deles”, completa. As casas possuem sala, cozinha, banheiro, área de serviço, quintal e três quartos, comportando, no máximo, 10 crianças cada uma.
“A gente tem que dar o melhor possível para elas se sentirem aconchegadas, para que elas se sintam bem, acolhidas, amadas e o mais próximo possível de estar em casa”, completa Maria Luisa, que atua como cuidadora e é uma das responsáveis por receber as crianças.
“A gente acolhe primeiro, fazemos o raio-x, vemos como está, se está bem cuidada, se tem algum hematoma, se chega triste, se chora. Analisamos como ela está fisicamente e emocionalmente. Se tem uma interação com a cuidadora, com os outros acolhidos”, explica.
A partir disso, o trabalho é realmente o de ser uma mãe. “Apresentamos o espaço, cuidamos da higienização, verificamos se está se alimentando. Como tem se sentido”, revela Maria Luisa, destacando que o serviço não é fácil. “A gente tem que traçar um equilíbrio emocional e tudo mais porque a gente acaba absorvendo muita coisa. Não dá pra não absorver todo esse lado materno”, desabafa. O trabalho do cuidador funciona por plantão de 12h sendo trocado às 7h e às 19h.
As crianças do EAP frequentam a escola, têm acesso a aulas de futebol, música, dança. “O que eles optarem e que tiver na rede, nós colocamos eles”, explica a coordenadora Maria Zenilde. Ela esclarece que também há os dias de lazer, duas vezes por semana, em um clube alugado pela prefeitura. O órgão também conta com psicólogo, assistente social, pedagoga e educação fisica duas vezes por semana.
“Ser mãe é cuidar é amar, acolher. Reciprocidade de afeto, de saber e dar o seu amor. Nós somos filhos e também somos mãe ao mesmo tempo. Temos que ter esse amor e elo entre um e outro. A base de tudo é o amor, essa é a essência na maternidade, no trabalho e na vida”, conclui Maria Luisa.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Aline Nascimento
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