
Dia da Mulher: Resiliência e coragem são imprescindíveis diante dos múltiplos desafios e responsabilidades
Aos 33 anos, Marilene Matos da Costa enfrenta essa rotina um tanto desafiadora. Ela precisa conciliar trabalho, maternidade e os cuidados com um familiar acamado, exigindo força e dedicação. Servidora da Secretaria de Gestão Fazendária de Marabá (Segfaz), Marilene é também mãe solo de três filhos e ainda cuida do irmão acamado, Josiel, de 39 anos. Para ela, a vida nunca foi simples, mas, ela representa a realidade de muitas mulheres que equilibram múltiplas responsabilidades sem deixar a peteca cair.
Mesmo diante das dificuldades, Marilene segue firme, construindo a trajetória com resiliência e determinação e, como ela mesma diz, desistir nunca foi uma opção. “Apesar das dificuldades, eu sempre tentei levar a vida de uma maneira positiva”, conta, com a serenidade de quem aprendeu a transformar desafios em aprendizado.


Nascida em São João do Araguaia, mudou-se para Marabá aos seis anos de vida com a mãe, após perder o pai. Cresceu entre responsabilidades e sonhos e, em 2010, conquistou espaço no serviço público ao ser aprovada no concurso da Prefeitura. Hoje, atua nos serviços gerais da Segfaz, onde é reconhecida não apenas pelo trabalho impecável, mas pela forma como trata as pessoas.
“Ela é uma guerreira”, afirma Silvana Sousa Monteiro, colega de trabalho há 15 anos. Com a voz embargada, Silvana fala sobre a amiga. “A secretaria toda acolhe a Marilene, porque a gente vê o que ela enfrenta e, mesmo assim, ela está sempre de cabeça erguida. Ela não deixa transparecer os desafios que tem em casa. Aqui, ela é alegria.”
Uma rotina de desafios e amor
O dia de Marilene começa antes do sol nascer. Às 4 horas da manhã, já está de pé organizando tudo para poder sair para o trabalho. O expediente na Segfaz vai das 5h às 11h, período em que conta com o apoio do filho mais velho, Erick, de 17 anos, para cuidar do irmão mais novo, Ravi, de apenas 2 anos, e do tio Josiel. A rotina é puxada, mas ela encontra no amor pelos filhos e pelo irmão a motivação para seguir em frente.
“É um pouco difícil, mas eu nunca desisti de nada. Tento levar a vida de maneira positiva e não me deixo abalar pelas dificuldades. Apesar de tudo, é gratificante cuidar dos meus filhos e do meu irmão”, afirma.
Trabalho e acolhimento
Marilene trabalha na Segfaz há 15 anos. Ali, construiu laços sólidos com colegas de trabalho. Para ela, o ambiente da secretaria é acolhedor e compreensivo diante de sua realidade.
“Independente do que eu passo fora daqui, sempre fui tratada com muito carinho. Meus colegas me ajudam e me fazem sentir parte dessa família”, diz.


A colega Silvana Sousa Monteiro, que convive com Marilene desde que ela entrou na Segfaz, emociona-se ao falar da colega.
“Ela é uma guerreira. Acompanho de perto a história dela e sei o quanto é forte. Marilene nunca reclama, nunca demonstra fraqueza. Ela é minha segunda filha. Sempre digo que a tive com 11 anos, porque o carinho que sinto por ela é imenso”, conta Silvana, emocionada.
Sonhos e escolhas
Entre um compromisso e outro, Marilene também encontrou tempo para realizar um sonho: formou-se em Pedagogia em 2019. No entanto, não seguiu na área, pois sua prioridade sempre foi cuidar do irmão. “No começo, eu tinha esperança que as coisas melhorassem. Mas os médicos já falavam que o estado dele só ia piorar. Então, eu entendi que minha missão era outra”.
E missão nunca lhe faltou. Se dentro de casa é um porto seguro para os filhos e o irmão, no trabalho, é a colega de sorriso fácil, a amiga que escuta, a presença que acolhe. Para Silvana, não há dúvidas: “Ela é uma filha que a vida me deu.”
A trajetória dela reflete a força de tantas mulheres que dão sustentação ao mundo em gestos diários. Quando perguntada sobre o que diria a outras mulheres que enfrentam desafios semelhantes, sua resposta é firme: “Não existe ‘não’. Não é fácil, mas é possível. Sempre há alguém disposto a ajudar, sempre há uma nova chance. E, no final, a gente olha para trás e vê que conseguiu”.
Marilene sabe que a sua história se repete em muitas casas, com mulheres que, assim como ela, assumem múltiplos papéis sem perder a força. Para elas, deixa uma mensagem de coragem e determinação.
“Por mais difícil que seja, a gente consegue. Não existe ‘não’ para quem luta. Sempre há esperança, sempre tem alguém disposto a nos ajudar. Ser mulher é isso: enfrentar, cair e levantar, sabendo que no final a vitória é nossa”.
Texto: Osvado Henriques
Fotos: Igor Leite