Dia Nacional do Livro Infantil: A Literatura como forma de conexão na vida da escritora Cláudia Borges
A infância é uma fase tão bela que parte de nós reside pra sempre nela. É na infância que começamos a moldar a pessoa que seremos, passando por experiências que influenciarão o modo como vemos e levamos a vida. A infância de Francisca Claudia Borges Fernandes foi rodeada por livros, que eram lidos pela mãe, e por histórias que ouvia do pai.
A Claudia cresceu, hoje tem 39 anos, escreveu os próprios livros e ajudou a criar o Programa Marabá Leitora, que busca influenciar milhares de crianças marabaenses a terem experiências tão belas e profundas com a leitura como a dela. Incentivando o hábito de ler e influenciando no aprendizado e educação de nossos alunos.
Formada em Letras pela Universidade Federal do Pará (UFPA), ela já escreveu dois livros. “O Menino e a Matinta”, lançado em 2021 pela Editora Poliana, e o “Se Esta Rua Falasse”, que está na editora para ser lançado ainda este ano. Ela também atua como professora e contadora de histórias e possui ainda o perfil no Instagram @baudaclaudinha, onde compartilha a experiência da leitura com os filhos Arthur e Davi, de 12 e 6 anos, respectivamente.
Neste dia 18 de abril é comemorado o Dia Nacional da Literatura Infantil, dia de nascimento do escritor Monteiro Lobato, o autor que a mãe costumava ler junto à filha. “Minha mãe era professora e naquela época vendiam-se aqueles livros que vinham com cassete e se ouvia na rádio. A gente sempre lia e ouvia os livros clássicos do Monteiro Lobato”, destaca.
Já com o pai, ela pegou o gosto pela contação de histórias e pela literatura verbal. “Meu pai era contador de lendas e causos aqui da cidade. Então tive os dois lados, os livros clássicos e o da cultura popular, passados de geração a geração. Literatura é isso, se conectar com uma sabedoria ancestral. É o momento que tínhamos para ficar juntos, compartilhar histórias”, relembra Claudia.
Ela fala com orgulho da criação do Programa Marabá Leitora, da Secretaria Municipal de Educação (Semed), em 2013, que realiza a leitura de livros com crianças nas escolas e praças da cidade, trabalha a formação de professores das Salas de Leitura e, atualmente trabalha a coleta de narrativas orais.
“Ajudei a criar o programa Marabá Leitora que continua até hoje. Sala de Leitura Lúdica, que é essa leitura de livros como brinquedo e não objeto morto, que não fala. Tudo no livro, fala. Capas, cores. Fui coordenadora e a gente ia às escolas com a biblioteca itinerante, com a contação das histórias. Atuávamos embaixo das árvores, nas praças públicas”, conta ela, sem esquecer das amigas que ajudaram na criação do programa, Marluce Caetano e Eliane Soares.
No momento, Claudia faz parte do Mocoham (Movimento de Contadores de histórias da Amazônia), mas também já integrou os grupos Historiar-te, Trupe Paneiro de histórias e Rede Marabela.
Livros
O primeiro livro “O Menino e a Matinta” foi baseado nas histórias que ouviu. “Foi um amigo que me contou. Ele jura que viu a Matinta, ficou de frente com ela, ali no Cabelo Seco. Foi daí que veio o livro. A autora do livro não sou só eu, mas todos que passaram por mim e me ensinaram, meus professores, vizinhos, ilustradores e autores que conseguiram junto comigo fazer essa obra de arte”, cita.
Ela conta que o próximo livro “Se Esta Rua Falasse”, foi feito em parceria com os artistas e amigos Bino Souza e Natanael Marques. “É sobre tudo que assisti na janela de casa, ali na Folha 16. Velho do Saco, a figura do homem que vende peixe. Eles conseguiram novamente trazer isso para a ilustração. Meu estilo de escrita é sempre buscar trazer à tona essa infância tão querida que vivi aqui. Meu estilo é conto autobiográfico, os personagens são pessoas que conheci e vivenciei”, destaca.
Ela convida todos a lerem seus livros e de outros autores locais e os pais a compartilharem a infância dos filhos com leitura. “Forma de ampliar vocabulário, suas experiências. Não tem como sermos os mesmos depois de uma experiência literária. Hoje leio um livro e daqui há anos leio o mesmo livro e é outra experiência. Uma performance que nunca se repete. Mais importante é isso, é a conexão. Ampliar esse mundo que é pequeno da realidade. É ir além da realidade. Imprescindível que a família oferte aos filhos os livros, como alimento”, conclui.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Arquivo e acervo pessoal