Secult: Livro de Dírlen Loyolla, que retrata uma narrativa hakai, será lançado na Biblioteca Orlando Lobo
Nascido em 1975 em Linhares, Espírito Santo, Dirlenvalder do Nascimento Loyolla é um escritor e professor de letras com uma trajetória marcada pela paixão pela literatura. Formado em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), com mestrado na UFMG e doutorado na UNB, ele encontrou a casa dele na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), há uma década.
No próximo sábado, 16 de março, Loyolla lançará seu primeiro livro de ficção O Aço das Sonoras Cordas, na Biblioteca Orlando Lobo, na Marabá Pioneira. A obra apresenta uma série de haikais, que são curtas poesias japonesas, as quais narram a história de um filho em busca de respostas sobre o desaparecimento do pai durante a infância.
O autor compartilha que essa é sua primeira incursão na ficção, uma mudança bem-vinda após anos de trabalhos acadêmicos. São 20 anos de experiência como professor de cursos de graduação, sendo 10 anos na Unifesspa. Foram cerca de 22 livros publicados, sendo dois livros como autor acadêmico autoral e cinco como orientador, além de cerca de 15 traduções.
Ele revela que a inspiração para o o primeiro livro ficcional veio durante a pandemia, quando encontrou tempo para se dedicar à sua paixão pela escrita, algo que ele havia deixado de lado desde a adolescência.
“Esta é a minha primeira experiência com a ficção. Livros acadêmicos são ensaios teóricos. Aqui, estou trabalhando com ficção, história, poesia, uma criação ficcional. Sempre lembro das palavras do nosso reitor que dizem: ‘A vida em um órgão federal é uma vida de pressão. Então, temos que buscar ter nossa válvula de escape para não adoecer’. Então, procuro dar vazão para meus desejos e vontades artísticas com a literatura”, relata.
O Aço das Sonoras Cordas apresenta uma estrutura utilizando haicais encadeados que buscam contar uma história que envolve e emociona. Segundo Loyolla, esse formato foi desafiador, mas gratificante, permitindo-lhe explorar novas formas de expressão literária. Ele destaca que o livro tem elementos gráficos que também ajudarão o leitor a emergir na história.
“É como se eu estivesse aqui criando um novo subgênero literário. No Brasil, existem haicais, haicaístas brasileiros, mas o haicai em si é apenas um poema só. É só um poeminha. Porém, esse livro é o primeiro que faz uma narrativa haicaia, uma história contada a partir de haicais encadeados. Isso que é a novidade”, declara.
Além da jornada como escritor, Loyolla destaca a importância da família na formação e influência na obra. O pai, um violonista amador, e o irmão jornalista sempre o incentivaram a escrever, cultivando o amor pela literatura desde cedo.
“Meu irmão mais velho sempre levava muitos livros para nós. Ele chegou a publicar um livro nos anos 80 também, lá no Espírito Santo. Então, ele sempre incentivava a mim e a minha irmã mais nova a escrever, a fazermos essa espécie de catarse literária. Tanto que eu acabei indo para as Letras”, relembra.
O pai e mãe tiveram escolaridade baixa, mas sempre estimularam os filhos a lerem. “Eles eram entusiastas da erudição. Compravam livros e incentivavam a gente a ler. Contribuiu bastante para ser quem eu sou. Meu pai está aqui, não como o pai ausente do personagem. Mas ele era violinista, gostava muito de música. A contribuição dele ao livro vem muito dessa formação, das rimas, a musicalidade, acabou influenciando muito no meu modo de entender a poesia”, conta.
Ao lançar O Aço das Sonoras Cordas, em Marabá, Loyolla espera não apenas compartilhar a arte com a comunidade local, mas estabelecer conexões com outros escritores da região. Ele vê o lançamento como uma oportunidade de sair do ambiente acadêmico e se envolver com a vibrante cena literária de sua nova casa.
“Fui convidado para fazer essa parceria com a Associação dos Escritores do Sul e Sudeste do Pará (AESSP) e com a Biblioteca, para a gente fazer essa divulgação, para que eu seja apresentado aos outros escritores daqui, de Marabá e do Pará. E isso para mim está sendo muito gratificante. Eu acho que isso é muito bom, porque bota a gente em contato com a literatura-viva, que é a literatura dos escritores daqui”, pontua.
Texto: Osvaldo Henriques
Fotos: Sávio Calvo